Aplicabilidade do fruto de baru na alimentação de frango de corte

O fruto do baruzeiro é aplicado em diversas áreas, na medicina auxilia no controle da anemia, colesterol, diabetes, combate radicais livres em razão da capacidade antirreumática e cicatrizante

12/02/2025 10:03
Aplicabilidade do fruto de baru na alimentação de frango de corte

Os aditivos fitogênicos são compostos naturais extraídos de plantas medicinais ou especiarias, disponíveis na forma de óleo essencial, extrato vegetal e óleo resina (Souza et al., 2020). São utilizados na alimentação de animais de produção para melhores índices zootécnico e qualidade dos alimentos de origem animal (Fernandes et al., 2015).

Os fitogênicos são classificados em quatro categorias: ervas (derivada de flores e plantas não herbáceas), botânicas (plantas inteiras ou frações), óleo essencial (extração de plantas por destilação à vapor) e óleo resinas (extraído por solvente não aquoso) (Sanchez et al., 2015).

Esses compostos possuem diversos benefícios, incluindo o aumento das secreções digestivas, melhoria da digestibilidade e absorção dos nutrientes, preservação da integridade da mucosa intestinal. Além disso, contribui para o sistema imunológico e efeitos antibacteriano, anti-helmínticas, anti-inflamatórias e antioxidantes (Brenes e Roura, 2010; Suiryanrayna e Ramana, 2015).

O Cerrado, conhecido como segundo maior bioma do Brasil, ocupando área maior que 2 milhões de km2. Considerado rico em biodiversidade, possui diversas espécies nativas e importante potencial hídrico da América do Sul - Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata (Brasil, 2024).

A árvore baru (Dipteryx alata Vogel) é considerada uma espécie nativa do Cerrado e pertencente à família das leguminosas (Carazza e Ávila, 2010), com elevado potencial nutricional e econômico (Magalhães, 2014). O fruto do baru possui formato ovoide, fina casca aderida à polpa fibrosa e que protege a amêndoa (Fernandes et al., 2010; Oliveira et al., 2017).

O baru apresenta composição nutricional rica em proteínas, lipídios, vitaminas, minerais, compostos fenólicos, capacidade antioxidante e com casca rica em polifenóis (Oliveira et al., 2020). A valorização do fruto aumenta o valor comercial, despertando interesse de indústrias alimentícias e farmacêuticas devido os benefícios associados ao consumo do fruto (Gonçalves et al., 2020).

O fruto do baruzeiro é aplicado em diversas áreas, na medicina auxilia no controle da anemia, colesterol, diabetes, combate radicais livres em razão da capacidade antirreumática e cicatrizante. Pode ser utilizada no setor gastronômico para a fabricação de biscoitos, doces, licores. No contexto ecológico, serve como fonte alimentar para a fauna (Leite et al., 2020).

O extrato vegetal do baru contém propriedades como cumarinos, flavonóides, alcalóides triterpetenos, taninos, quinonas, esteróides e saponinas (Ribeiro et al., 2014). O óleo de Dipteryx alata é usualmente aplicado na medicina popular para tratamentos de picada de serpente (Puebla et al., 2010), possui função protetora do fígado, atividade antidiarréica e aplicação em doenças reumatológicas (Reis et al., 2018).

Até o momento, não foi demonstrado na literatura o uso dos frutos ou coprodutos do baru na alimentação de aves, entretanto, considerando seu potencial farmacológico é possível que este fruto possa apresentar efeitos positivos como aditivo de ração para frangos e poedeiras.

Pesquisas como a citada são de grande valia e interesse para as indústrias do setor de produção animal, afinal, se trata de um produto com ótimo potencial zootécnico.

Os autores deste artigo técnico pretendem utilizar o óleo de Baru na realização de pesquisas e experimentações científicas, atuando como ingrediente na alimentação do frango de corte ao longo dos anos de 2025 e 2026 com o objetivo de contribuir com a ciência local.

*Agradecimentos à CAPES, CNPq, FINEP, FAPEG e IF Goiano pelo apoio a realização da pesquisa - Stefany Rodrigues Pereira, Stéphani Borges Campos, Jucielly Pereira do Carmo, Marco Antônio Pereira da Silva, Fabiana Ramos dos Santos - stefanyrp.vet@gmail.com

Referências Bibliográficas: Carazza, L. R. and Ávila, J. C. C. 2010. Manual Tecnológico de Aproveitamento Integral do Fruto do Baru. p. 1-60. In: Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Disponível em: https://alimentacaosaudavel.org.br/wp-content/uploads/2022/10/52.Manual_Tecnologico_de_Aproveitamento_integral_do_Fruto_do_Baru.pdf. Acesso em: 15 de nov. 2024. Brasil. 2024. O Bioma Cerrado. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <https://antigo.mma.gov.br/biomas/cerrado.html>. Acesso em: 13 de out. 2024. Brenes, A. and Roura, E. 2010. Essential oils in poultry nutrition: Main effects and modes of action. Animal Feed Science and Technology, 158(1-2):1-14. DOI: https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2010.03.007. Fernandes, D. C.; Freitas, J. B.; Czeder, L. P. and Naves, M. M. V. 2010. Nutritional composition and protein value of the baru (Dipteryx alata Vog.) almond from the Brazilian Savanna. Journal of the Science of Food and Agriculture, 90(10):1650?1655. DOI: https://doi.org/10.1002/jsfa.3997. Gonçalves, T. O.; Filbido, G. S.; Pinheiro, A. P. O.; Piereti, P. D. P.; Villa, R.D. and Oliveira, A. P. 2020. In vitro bioaccessibility of the Cu, Fe, Mn and Zn in the baru almond and bocaiúva pulp and, macronutrients characterization. Journal of Food Composition and Analysis, 86(1):103356. DOI:  https://doi.org/10.1016/j.jfca.2019.103356. Leite, N. R.; Araújo, L. C. A.; Rocha, P. S.; Agarrayua, D. A.; Ávila, D. S.; Carollo, C. A.; Silva, D. B.; Estevinho, L. M.; Souza, K. P. and Santos, E. L. 2020. Baru Pulp (Dipteryx alata Vogel): Fruit from the Brazilian Savanna Protects against Oxidative Stress and Increases the Life Expectancy of Caenorhabditis elegans via SOD-3 and DAF-16. Biomolecules, 10(8):1106. DOI: https://doi.org/10.3390/biom10081106. Magalhães, R. M. 2014. A cadeia produtiva da amêndoa do baru (Dipteryx alata vog.) no Cerrado: uma análise da sustentabilidade da sua exploração. Ciência Florestal, 24(3):665-676. DOI: https://doi.org/10.5902/1980509815723. Oliveira, D. E. C.; Resende, O. and Devilla, I. A. 2017. Propriedades mecânicas de fruto do baru (Dipteryx alata Vogel). Semina: Ciências Agrárias 38(1):185?196. DOI: https://doi.org/10.5433/1679-0359.2017v38n1p185. Oliveira, M. C.; Curi, P. N.; Pio, R.; Farias, D. H.; Rigote, M. R.; Schiassi, M. C. E. V.; Pasqual, M. and Souza, V. R. 2020. Physicochemical characterization, bioactive compounds and correlations in native fruits of western Mato Grosso do Sul. British Food Journal, 122(3):841?851. DOI: https://doi.org/10.1108/BFJ-06-2019-0423. Puebla, V. P.; Oshima, Y.; Franco, L. M.; Santos, M. G.; Silva, R. V.; Rubem-Mauro, L. and Feliciano, A. S. 2010. Chemical constituents of the bark of Dipteryx alata vogel, and active species against Bothrops jararacussu. Molecules, 15(11):8193-204. DOI: https://doi.org/10.3390/molecules15118193. Reis, M. A.; Novaes, R. D.; Baggio, S. R.; Viana, A. L. M.; Salles, B. C. C.; Duarte, S. M. S.; Rodrigues, M. R. and Paula, F. B. A. 2018. Hepatoprotective and antioxidant activities of oil from baru almonds (Dipteryx alata Vog.) in a preclinical model of lipotoxicity and dyslipidemia. Evidence Based Complementary and Alternative Medicine, 2(1):8376081. DOI: https://doi.org/10.1155/2018/8376081Ribeiro, T. G.; Chavez-Fumagalli, M. A.; Valadares, D. G.; Franca, J. R.; Lage, P. S.; Duarte, M. C.; Andrade, P. H. R.; Martins, V. T.; Costa, L. E.; Arruda, A. L. A.; Faraco, A. A. G.; Coelho, E. A. F. and Castilho, R. O. 2014. Antileishmanial activity and cytotoxicity of Brazilian plants. Experimental Parasitology, 143:60?68. DOI: https://doi.org/10.1016/j.exppara.2014.05.004. Sanchez, D. S.; D`Souza, D.; Biswas, D. and Hanning, I. 2015. Botanical alternatives to antibiotics for use in organic poultry production. Poultry Science. 94(6):1419-1430. DOI: https://doi.org/10.3382/ps/pev014. Souza, C. S.; Vieites, F. M.; Justino, L. R.; Lima, M. F.; Chaves, A. S.; Cardoso, V. S.; Sousa, F. D. R.; Costa, T. F.; Minafra, C. S. and Lima, C. A. R. 2020. Importância da saúde intestinal em frango de corte. Research Society and Development, 9(3):1-18. DOI: https://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i3.2475.





Read more...