Artigos Técnicos

Carboxamidas usadas na macieira e outras fruteiras

Eles são fixados na camada epicuticular e há variação entre eles quanto a fungitoxicidade, velocidade de absorção e, portanto, também de resíduo nas folhas e sistemicidade


Nos últimos anos têm sido liberados, para uso na macieira e outras culturas, fungicidas do grupo das carboxamidas, também conhecidos como inibidores da enzima succinato deshidrogenase (SDHI). A ação deles é sobre essa enzima que é de importância fundamental para a respiração celular de organismos eucariotos como os fungos. Esse processo afeta a cadeia transportadora de elétrons, mais especificamente o complexo II da cadeia respiratória que ocorre nas mitocôndrias, inibindo a formação de ATP para células fúngicas. Esse grupo de produtos foi descoberto há mais de 40 anos e o representante deles mais conhecido é a carboxina, usada para tratamento de sementes para controle de fungos basidiomicetos.

A primeira molécula deste grupo foi Boscalid, registrada para uso agrícola em 2003. Esses ativos têm risco médio a alto de seleção de estirpes resistentes que apresentem mutações nos sítios de ligações dos organismos e, por esta razão, devem ser usados como preventivos e em associação com produtos de diferentes modos de ação.

A ação de controle dos patógenos dos produtos com esse ingrediente ativo pode ser diferente na inibição da germinação, redução do crescimento do tubo germinativo, na formação de apressórios e inibição do crescimento micelial. Eles são fixados na camada epicuticular e há variação entre eles quanto a fungitoxicidade, velocidade de absorção e, portanto, também de resíduo nas folhas e sistemicidade. Essas últimas características também podem variar de acordo ao hospedeiro.Estudos da sistemicidade e tenacidade do fluxapiroxade em plantas de videiras mostraram que após 72h da pulverização, ao redor de 65% do ativo permanece na superfície das folhas e que a sistemicidade é baixa (<1%).

A fungitoxicidade deste grupo de fungicidas, determinada in vitro e na macieira, pessegueiro e pepino, com várias espécies de Colletotrichum (C. gloeosporioides, C. acutatum, C. cereale e C. orbiculare), mostratam variações de fungitoxicidade dependendo da espécie de Colletotricum, Em maçãs inoculadas com um isolado de C. gloeosporioides e outro de C. acutatum, as carboxamidas mais eficientes foram o Penthiopyrad e Benzovindiflupyr (Tabela 3).

No Brasil, está registrado para uso em macieiras somente fluxapiroxade com pyraclostrobina para controle de Mancha foliar de Glomerella (Colletotrichum gloeosporioides) e sarna (Venturia inaequalis). Já em outros países, os pomicultores contam com moléculas diversas (Tabela 2).

No Sul dos EUA, bem como no Brasil, a intensificação na incidência de podridão amarga em pré e pós-colheita, ocorre nos frutos de pomares onde há histórico da observação da Mancha foliar de Glomerella. Nos pomares com esse histórico, os pesquisadores recomendam o uso de duas pulverizações, após a queda das pétalas, de associações de estrobilurinas com um protetor ou com uma carboxamida. Essas associações devem ser usadas com um protetor na dose de registro. Essas pulverizações devem ter intervalos de 3 semanas, período no qual serão usados outros grupos de fungicidas.

1.Eng agr, Dra Fitopatologia; 2. Eng Dr Produção vegetal. Centro de Pesquisa Proterra. Proterra Engenharia Agronômica. Vacaria RS. E mail: [email protected],br; [email protected]



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