Típico da culinária paraense, o jambu (Spilanthes oleracea L) retorna à cena científica com a revelação de que o extrato da flor dessa hortaliça se mostrou promissor no controle alternativo de fungos prejudiciais às plantas de bacuri e muruci ? frutas de reconhecida importância socioeconômica na Amazônia, com potencial de comercialização para todas as regiões brasileiras. A descoberta está descrita no boletim de pesquisa ?Efeito de extratos vegetais na inibição do crescimento micelial de Lasiodiplodia pseudotheobromae e Cylindrocladium sp.?, lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os nomes científicos no título são dos fungos estudados ? o primeiro causador da seca descendente do bacurizeiro (Platonia insignis Mart.) e o segundo da queima foliar do murucizeiro [Byrsonima crassifolia (L.) Rich.]. A pesquisa avaliou extratos de 15 plantas, alguns sobressaindo-se mais que outros como inibidores dos dois patógenos, mas o de flor de jambu apresentou os melhores resultados para ambos, despontando como um possível bioativo recomendável para aplicação no controle das doenças associadas a esses fungos. A ação antifúngica do jambu é creditada ao espilantol, princípio ativo que deixa na boca a característica sensação de dormência e formigamento. Acesso livre - O acesso ao boletim de pesquisa ?Efeito de extratos vegetais na inibição do crescimento micelial de Lasiodiplodia pseudotheobromae e Cylindrocladium sp.? está liberado ao público no Portal Embrapa, acessível por dois caminhos: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/220566/1/BPD145.pdf e https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1129516. Como o bacurizeiro e o murucizeiro são fruteiras em processo de domesticação, pesquisas como essa na área de Fitopatologia se tornam referência por servirem de base para futuras investigações científicas. A associação dos fungos pesquisados às respectivas doenças é recente e não há controle químico recomendado para eles. Alternativa ecológica - Por outro lado, como destaca a publicação, o uso de plantas como substitutos para os produtos sintéticos tem se mostrado uma alternativa de interesse ecológico e econômico bastante favorável, tanto para o produtor como para os consumidores. ?Os resultados desse trabalho são preliminares, mas de suma importância para o estudo do controle alternativo de doenças do bacurizeiro e do muricizeiro, visto que são culturas importantes principalmente para o pequeno produtor?, avalia a fitopatologista Alessandra Keiko Nakasone, autora da obra e pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), onde os ensaios foram conduzidos. A autora é responsável pelo primeiro relato do fungo L. pseudotheobromae provocando a seca descendente em plantas do bacurizeiro, publicado em 2020, e participou da equipe de cientistas que em 2014 associaram o fungo Cylindrocladium sp. à queima foliar no muricizeiro. Extratos de plantas x patógenos - O estudo avaliou extratos de seis plantas alimentícias não convencionais (PANCs), entre estas o jambu, e nove extratos de plantas medicinais. Além do jambu, no grupo das PANCs estão alfavaca, batata-doce, vinagreira, mastruz e ora-pro-nobis. O grupo das medicinais inclui nim, gengibre, eucalipto, erva-cidreira, boldo-do-reino, noni, capim-santo, cipó-d'alho e coramina. De acordo com as conclusões publicadas, os extratos de flor de jambu e folha de gengibre e eucalipto são capazes de proporcionar inibições acima de 25% no crescimento in vitro de L. pseudotheobromae. Para Cylindrocladium sp., os extratos de flor de jambu e folha de alfavaca se destacaram por proporcionarem inibições acima de 17%. Além da fitopatologista Alessandra Nakasone, a obra recém-lançada conta com mais cinco autores: Luana Cardoso de Oliveira, química-industrial e doutoranda na Universidade Federal do Pará; Deyse Ribeiro Silvino de Jesus, acadêmica de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia; Rayanne Savina Alencar Sobrinho, engenheira florestal; Alessandra de Nazaré Reis Freire, engenheira-agrônoma e Osmar Alves Lameira, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. *Izabel Drulla Brandão - Embrapa Amazônia Oriental - amazonia-oriental.imprensa@embrapa.br - (91) 98151-7906 - www.embrapa.br | fb.com/embrapa | twiter.com/embrapa
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Estudo sobre ação antifúngica de extratos vegetais beneficia frutíferas da Amazônia
Bacurizeiro e o murucizeiro são fruteiras em processo de domesticação
15/02/2021 14:48
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