Utilização de componentes de baru (Dipteryx alata vog.) na formulação de produtos plant based: inovação e possibilidade

A colheita e comercialização da castanha de baru é baseada no extrativismo, a castanha, que é a parte comestível, tem sabor de amendoim e é tradicionalmente utilizada em receitas típicas do Cerrado brasileiro

29/06/2025 17:20
Utilização de componentes de baru (Dipteryx alata vog.) na formulação de produtos plant based: inovação e possibilidade

A agenda 2030 (2015-2030) traz reflexões sobre a importância estratégica dos sistemas alimentares para a promoção da saúde em diferentes dimensões e escalas perante as grandes mudanças que vêm acontecendo no mundo e trata as transformações necessárias pactuadas a nível global. Além de estabelecer metas que podem ser promovidas através de meio de sistemas alimentares sustentáveis (Burigo et al., 2021).

A Agenda 2030 está organizada em 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e 169 metas associadas (Barreto et al., 2020). Sendo um dos destaques a ODS 2, dedicado ao tema Fome Zero e Agricultura Sustentável, que inclui entra as metas: possibilitar dietas nutritivas a humanidade, garantir o direito ao meio ambiente equilibrado, reduzir as desigualdades e injustiças sociais, sanitárias e ambientais, promover a saúde e o bem estar (Burigo et al., 2021).

O cultivo de baru pode beneficiar a nutrição e a saúde humana, fortalecer a agricultura familiar e favorecer o alcance da Fome Zero e Agricultura Sustentável e Saúde e Bem-Estar na Agenda 2030 da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Santos et al., 2024). 

Com vista a grande preocupação sobre a quantidades de alimentos e a favor da qualidade dos mesmos, o consumidor tem colocado a escolha de alimentos saudáveis como uma questão de prioridade (Chaudhary et al., 2021). Essa crescente demanda tem estimulado inovações na indústria alimentícia e no meio acadêmico, através da produção de alimentos por meio de novas tecnologias e uso de ingredientes de diferentes fontes proteicas incluindo as proteínas vegetais obtidas por cultura celular ou por fermentação (Brasil, 2022).

Nesse sentido, o crescimento de alimentos funcionais associados à biotecnologia estimulando o desenvolvimento de produtos com maior adaptabilidade se configura como uma tendência forte e visionária a ser seguidamente para produção de alimentos de origem vegetal (Arwanto et al., 2022). Os alimentos plant-based são uma opção nutritiva e palatável para todos os tipos de consumidores e destacam-se na promoção da saúde, na prevenção de  doenças, na ideologia de proteção aos animais e na redução do impacto ambiental (Da Costa et al., 2024).

O Baru - A amêndoa de baru é consumida na alimentação humana e possui alto valor nutricional por ser rica em proteínas, lipídios totais e diversos minerais. Fornecem macronutrientes como: os carboidratos que são importante para o fornecimento de energia, as proteínas que contribuem para a construção muscular, e as gorduras que são cruciais para a estruturação e funcioamento da membrana celular, auxiliam na absorção de vitaminas lipossolúveis e servem como principal armazenamento de energia a longo prazo do corpo (Matthewman et al., 2022).

A colheita e comercialização da castanha de baru é baseada no extrativismo, a castanha, que é a parte comestível, tem sabor de amendoim e é tradicionalmente utilizada em receitas típicas do cerrado brasileiro. As amêndoas também têm sido utilizadas como ingrediente em barras de cereais, granola e produtos de panificação. Além disso, a casca muito fina que cobre a amêndoa é rica em fibras, as fibras auxiliam na regulação do trânsito intestinal

e também podem ser agentes gelificantes. A castanha de baru destaca-se no teor de proteína (26?30 g/100 g), apresenta alta concentração de aminoácidos essenciais totais (437 mg aminoácido/g proteína) (Polmann et al., 2021).

Reis et al., 2019, em seu artigo de revisão explorou as principais características dos principais frutos do cerrado e o potencial uso no processamento de alimentos. A castanha de baru é rica em lipídeos (40%), com grande quantidade de gorduras insaturadas e de importância para o consumo humano, pois reduz os níveis de LDL do colesterol, além de conter diversos minerais, como ferro, zinco, potássio e cálcio. Possui altos teores de ácidos graxos, principalmente de ácido oleico (?-9) e ácido linoleico (?-6), acompanhados pelo ácido palmítico. O óleo proveniente da semente de baru apresenta teores de ?-tocoferol e ?-tocoferol referentes a 5% e 4,3% respectivamente, os quais possuem ação antioxidante.

No estudo de Cruz e Pertuzatti et al.,2014, foram avaliadas sobremesas lácteas sabor chocolate e baru, em que a utilização de baru apresentou benefícios no valor nutricional do produto, devido ao alto teor de ácido linoleico

e à quantidade elevada de minerais provenientes da amêndoa. Silva et al., 2021 avaliou o extrato hidrossolúvel de baru pelas variáveis: tempo, temperatura, rendimento e aspecto visual, e concluiu que, aquele em que a amêndoa é torrada sem película e hidratada a 80 °C as características físicas são semelhantes às de outros extratos de amêndoas ou castanhas, além de apresentar características semelhantes ao leite de vaca. Podendo assim, ser

um bom substituto para bebidas lácteas convencionais em casos de restrição a laticínios ou na opção por bebidas vegetais nutritivas.

Polmann et al., 2021, fizeram uma revisão como as nozes nativas do Brasil, incluindo o baru, e apresentaram dados sobre a composição de macronutrientes, micronutrientes e compostos bioativos tendo em vista a incorporação dessas matérias-primas e seus coprodutos, ricos em nutrientes e compostos bioativos, para enriquecimento da formulação de produtos alimentícios.

Portanto, o fruto do baru apresenta grande potencial para ser explorado pela indústria alimentícia em diversos produtos de valor agregado, aumentando as propriedades nutricionais, tecnológicas e sensoriais. O baru possui diversas aplicabilidades, excepcionalmente sobre a saúde humana, por ser uma fonte rica em antioxidantes, proteínas e lipídios.

*Autores: Me. Ana Carolina Muniz Ferreira/Dra. Mariana Buranelo Egea/Dr. Marco Antônio Pereira da Silva - aanamuniz@hotmail.com

Referências Bibliográficas: ARWANTO, Viviana e outros. O estado da planta-desenvolvimento de alimentos baseados em alimentos e suas perspectivas noIndonésia mercado. Heliyon, pág. e11062, fora. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2022.e11062. BARRETO LM. Desigualdades em Saúde: uma perspectiva global. Ciência Saúde Coletiva 2020; 22(7):2097-2108. BRASIL, Anvisa. (2022) Disponível em:  https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/Relatoriodasoficinasparaidentificacaodoproblemaregulatorio150922.pdf - BURIGO, André Campos; PORTO, Marcelo Firpo. Agenda 2030, saúde e sistemas alimentares em tempos de sindemia: da vulnerabilização à transformação necessária. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, p. 4411-4424, 2021. CHAUDHARY N, Kumar V, Sangwan P, Pant NC, Saxena A, Joshi S, Yadav AN. Personalized Nutrition and -Omics. Comprehensive Foodomics. 2021:495?507. doi: 10.1016/B978-0-08-100596-5.22880-1. Epub 2020 Nov 12. PMCID: PMC7217104. CRUZ, P. & Pertuzatti, Paula. (2015). SOBREMESAS LÁCTEAS SABOR CHOCOLATE E BARU (Dipteryx Alata Vogel): DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO. XX Congresso Brasileiro de Engenharia Química, Blucher Chemical Engineering Proceedings, Volume 1, 2015, Pages 3657-3664, ISSN 2359-1757,3657-3664. 10.5151/https://dx.doi.org/10.1016/chemeng-cobeq2014-0544-25028-139520 DA COSTA, Larissa Cabral Rebouças Caldeira et al. ALIMENTOS PLANT-BASED: INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS. RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 5, n. 3, p. e535019-e535019, 2024. POLMANN, Gabriela et al. Non-conventional nuts: An overview of reported composition and bioactivity and new approaches for its consumption and valorization of co-products. Future Foods, v. 4, p. 100099, 2021. REIS, Amanda Figueiredo; SCHMIELE, Marcio. Characteristics and potentialities of Savanna fruits in the food industry. Brazilian Journal of Food Technology, v. 22, p. e2017150, 2019. SANTOS, J. M. dos ., Borges, J. A. T., Santos, S. M. dos ., Silva, R. M. M. F., Trichez, V. D. K., & Formagio, A. S. N.. (2024). Baru (Dipteryx alata): a comprehensive review of its nutritional value, functional foods, chemical composition, ethnopharmacology, pharmacological activities and benefits for human health. Brazilian Journal of Biology, 84, e278932. https://doi.org/10.1590/1519-6984.278932 SILVA, H. D. M. da, SANTOS, F. C. dos, ANDRADE, B. R. P. de, PERFEITO, D. G. de A., & SIQUEIRA, A. P. S. (2023). Extraction and nutritional characterization of baru almond (Dipteryx alata Vog.) water-soluble extract. Food Science and Technology, 43. https://doi.org/10.5327/fst.98522 MATTHEWMAN, M.C. and COSTA-PINTO, R., 2022. Macronutrients, minerals, vitamins and energy. Anaesthesia and Intensive Care Medicine, vol. 24, no. 2, pp. 134-138. https://doi.org/10.1016/j.mpaic.2022.12.009.