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A hora certa de plantar morangos

Controle do oídio no morango em estufas


O plantio de morangos depende do clima da região de cultivo, variando do final de fevereiro a fins de abril. O plantio escalonado (até junho), em regiões frias, permite estender a colheita de frutos de melhor qualidade, obtidos das primeiras floradas. Já o cultivo protegido pode permitir, em alguns casos, que o produtor tenha a fruta durante todo o ano. Quanto aos aspectos climáticos, o principal fator que limita e tem definido as condições que tornam apta uma determinada região para o cultivo do morangueiro é a temperatura, seguido da disponibilidade hídrica. Condições para o morangueiro - A espécie de morango cultivada desenvolve-se sob condições de clima temperado e subtropical, sendo apontada como referência a faixa de temperatura de 13 a 26°C como condição propícia para a floração e frutificação. Sob temperaturas constantes, acima de 28°C há inibição da floração e abaixo de 3°C o risco de danos por geadas. Portanto, é fundamental verificar essas referências para se tomar a decisão pelo cultivo do morangueiro em determinada localidade.  Embora as condições climáticas do Brasil possuam um amplo potencial para o cultivo do morangueiro, sua principal produção é oriunda das regiões sudeste e sul, com destaque para o Estado de Minas Gerais, principal produtor nacional, seguido de São Paulo, sendo que ambos são responsáveis por aproximadamente 65% da produção do País. Outros Estados que têm o morango tradicionalmente cultivado e como uma atividade importante para sua economia e em termos sociais são o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo e Rio de Janeiro. 

Exigências climáticas - Tem ocorrido, nos últimos anos, um grande avanço tecnológico no cultivo comercial do morangueiro no Brasil, desde as mudanças no sistema de cultivo, envolvendo a melhoria no processo de produção das mudas, passando pela introdução de novos materiais genéticos, permitindo condições de cultivo durante todo o ano, associado, entre outros fatores,a fertirrigação e o cultivo protegido. Embora se tenha considerado anteriormente a temperatura do ambiente como o principal fator para o estabelecimento do potencial de uma região para o cultivo do morango, para a definição da época de plantio e para o seu desempenho produtivo tem que ser considerado, também, o fator ambiental fotoperíodo, que é a capacidade da planta de detectar e responder ao comprimento do dia. Essa condição ambiental é primordial para que ela passe da fase vegetativa para a reprodutiva.  Sendo o local apto para o cultivo do morangueiro, a interação entre fotoperíodo e temperatura irá definir as estratégias tecnológicas para o seu cultivo, pois é dessa condição é que se vai propor a época de plantio, a (s) cultivar(es) a serem plantadas e, consequen- temente, o manejo específico. Ciclo das cultivares - Quanto ao fotoperíodo ao longo de vários anos, o cultivo do morangueiro no Brasil ocorreu com o uso de cultivares classificadas como de dias curtos (CDC), que ainda hoje predominam no País. Denominam-se cultivares de dias curtos aquelas que florescem normalmente ao serem estimuladas por um comprimento de dia menor do que um valor crítico do dia, dentro de seu ciclo de 24 horas. Mas, atualmente, encontram-se também disponíveis para o cultivo do morangueiro as cultivares de dias neutros (CDN), que vêm permitindo ampliar as estratégias para o cultivo desse fruto no Brasil. Essas cultivares independem do fotoperíodo para o estímulo do seu florescimento, permitindo a sua produção durante praticamente todo o ano nas regiões tradicionais.  Portanto, é fundamental o conhecimento das condições locais e do potencial das cultivares para se definir o planejamento para o empreendimento e as estratégias a serem adotadas.  Dicas importantes - Plantios muito antecipados ampliam a permanência das plantas no campo sem o estímulo para o florescimento, e se tardio pode levar as plantas a florescerem com o estágio de desenvolvimento vegetativo não adequado para sustentarem a produção (plantas pequenas e pouco enraizadas). É fundamental que se tenha um equilíbrio entre o vigor da planta e a sua florada e produção de frutos. Por exemplo, no Estado do Espírito Santo, considerando o cultivo de morangueiros de dias curtos, como orientação geral recomenda-se que, para as áreas tradicionais, situadas em altitudes acima de 750 metros, o plantio seja realizado entre os meses de março e abril, podendo ser antecipado um pouco mais para as regiões de altitudes mais elevadas, as quais apresentam normalmente um histórico de temperaturas baixas mais cedo.  Nessas condições, o início da produção se dá 60 a 80 dias após o plantio. É necessário ratificar que essas situações devem ser verificadas para as diferentes regiões, devido à interação do comprimento do dia com a temperatura, quanto ao estímulo ao florescimento. Nesse sentido, há locais no País que o plantio se estende até meados do mês de maio para as CDC. Pode contribuir para issoa própria origem das mudas. Neste caso, a quantidade de frio recebida por elas antes do plantio poderá afetar o seu desempenho em termos do florescimento e consequente frutificação. *José Mauro de Sousa Balbino - Engenheiro agrônomo, doutor em Fisiologia Vegetal e pesquisador do Incaper - [email protected]

Produção de morango em Hidroponia vertical - A cultura do morango é, talvez, a planta frutífera que mais se adaptou ao cultivo fora do solo. Por ser muito sensível a pragas e doenças, quando cultivada de forma suspensa se torna mais protegida de tais inconvenientes. Mas não foi exatamente essa vantagem que motivou uma corrida pela substituição do cultivo feito tradicionalmente no solo para as bancadas ou sacolas suspensas.  Aqui no Brasil, o excesso de leis emitidas sistematicamente em todas as esferas imagináveis, fragilizou ainda mais o meio rural. Mão de obra e familiares jovens correram para as cidades. Assim, a cultura do morango, que exige muita mão de obra, tornou-se mais inviável a campo. A saída tem sido reduzir a área de cultivo, sem perder muito em produção e, em especial, com a finalidade de reduzir a mão de obra. Ora, o cultivo suspenso atendeu exatamente esta questão. Por consequência, as vantagens foram mais longe ainda: o cultivo suspenso proporciona mais ergonomia e conforto ao trabalhador. Pronto, esses três fatores juntos (espaço, mão de obra e ergonomia) explica a atual e forte substituição do cultivo do morango no solo para fora dele (suspenso). Evolução do sistema - Nessa migração, o mais comum é o produtor adotar o sistema de sacolas (travesseiros ou bags), utilizando misturas de substrato contendo uma porcentagem significativa de húmus e irrigados com solução nutritiva hidropônica. Este sistema tem sido denominado de semi-hidropônico. Outros produtores já partem direto para o sistema hidropônico, o qual requer substratos inertes e, assim, dependem de serem irrigados com solução nutritiva hidropônica.  Mas, por falar em cultivo suspenso, fora do solo, vale salientar que há uma diferença entre cultivo suspenso e vertical. Por exemplo, o cultivo hidropônico vertical é um cultivo suspenso. Mas nem todo cultivo suspenso é vertical. Como funciona - O cultivo hidropônico vertical desperta muito interesse no caso do morango. Imagine uma hortaliça de fruto sendo plantada em grande quantidade na mesma área. Seu pequeno porte proporciona essa façanha. Como a sacola é colocada na posição vertical, é possível inserir duas a três vezes mais plantas por área. Mas, também, essa é a única vantagem que vejo em relação ao sistema suspenso horizontal. E, sem dúvida, uma grande vantagem! Como o sistema de irrigação é disposto na vertical, a vazão tende a ser maior na base da sacola, onde a pressão é maior. Essa desvantagem pode ser contornada utilizando um gotejador autocompensante. Esses gotejadores têm um dispositivo simples, a base de silicone. Um anel de silicone envolve internamente o orifício de saída. Se a pressão é excessiva o silicone se contrai (é espremido) de modo que reduz a passagem da água. Se a pressão é baixa o anel de silicone relaxa, liberando mais espaço para a passagem da água. Assim, independente da pressão, a vazão permanece constante ao longo de todo o comprimento da mangueira gotejadora.  Obstáculos a serem superados - Outro contratempo desse sistema hidropônico vertical é que as plantas de baixo ficam mais próximas do solo, ou seja, mais sujeitas aos insetos e menos ergonômico para o trabalhador. Uma alternativa, para quem se incomoda com isso, é reduzir pelo menos uma fileira de planta, ou seja, evitar o plantio próximo à base da sacola, mesmo que isto signifique redução de produção. Se for possível instalar um sistema para rotacionar as sacolas, seria uma medida incrivelmente funcional. Essa rotação poderia ser lenta e contínua, ou pausada a cada três ou cinco ou 10 minutos. O tempo mais adequado eu não tenho conhecimento hoje. Detalhes que fazem a diferença - Sabendo que o morango é uma das plantas mais complicadas do planeta para cultivar, é interessante conhecer detalhes da fruta. O que for atendido em suas necessidades, ela responde positivamente. E o contrário é válido também. O que se sabe sobre o sistema radicular do morango é que é extremante exigente em umidade. Essa questão de irrigar e depois deixar um tempo onde a umidade junto a raiz diminui não tem perdão. A planta responderá negativamente, pois as raízes não toleram EC (condutividade elétrica) elevada. *Jorge Barcelos - Pesquisador da UFSC e supervisor do LabHidro - [email protected]

Controle do oídio no morango em estufas - O oídio, causado pelo fungo Oidiumsp. (Sphaerothecamacularis), vem ocorrendo em algumas áreas do Brasil, com intensidade variável, principalmente em função do uso do cultivo protegido e das cultivares plantadas. É uma doença que possui uma evolução muito rápida podendo alastrar a infecção pela área de cultivo em quatro a cinco dias. Por este motivo, a detecção e o início do controle devem ser rápidos, exigindo ainda o monitoramentodas condições climáticas favoráveis para determinar a evolução do processo de infecção.  Nem tanta proteção assim - O oídioé a doença de maior importância em ambiente protegido.Mário Calvino Palombini, engenheiroagrônomo e consultor técnico, explica que, ao contrário das outras doenças, para ocorrer o oídio a infecção necessita de alta umidade relativa do ar, mas sem a presença da água livre, que provoca a morte dos conídios (sua forma de propagação). Por este motivo, as características climáticas têm maior importância para o controle em ambientes protegido do que a campo aberto. Segundo Hélcio Costa, doutor em Agronomia e pesquisador do Incaper, as condições favoráveis à doença são temperatura entre 20-30ºC, com baixas luminosidade e umidade relativa,as quais são observadas com frequência nos cultivos protegidos, seja em estufas e ou túneis baixos. Mário Calvino acrescenta que os conídios vivem pouco tempo - de quatro a seis horas em condições ótimas, mas se as condições ambientais estiverem adequadas, este período é suficiente para ocorrer a infecção.  A incubação é de 12 a 24 horas, um período extremamente curto, permitindo que a doença evolua das folhas para outras partes da planta rapidamente, ocasionando os sintomas nos frutos rapidamente. Os conídios são transportados pelo vento, facilitando a sua propagação por toda a área de cultivo.  Sintomas - "Um dos sintomas característicos da doença é a presença de um micélio pulverulento de cor branca, na parte inferior das folhas. As folhas infectadas podem ficar curvadas para cima, adquirindo um aspecto de "colher". Em condições de alta severidade da doença, os frutos também podem ser infectados, apresentando intensa pulverulência na superfície e crescimento irregular, com os aquênios proeminentes", aponta o pesquisador. Nas cultivares Milsei-Tudla, Seascape e Camino Real, a doença pode se manifestar, porém, os sintomas observados são apenas lesões marrom-avermelhadas, o que dá um aspecto de queima as folhas, associado a uma escassa pulverulência. Manejo - De acordo com Hélcio Costa, o manejo deste patógeno envolve, principalmente, o uso de cultivares resistentes, sendo que a maioria é moderamentesuscetível, como Albion,Portola e San Andreas. "O uso de fungicidas deve ser realizado somente quando necessário, e por isto é importante o monitoramento nas estufas, pois geralmente o fungo inicia-se em reboleiras", alerta. Mário Calvino cita algumas outras medidas que ajudam no seu controle: *Reduzir a ventilação dos túneis para reduzir a sua propagação; *Retirar o excesso de folha e troca dos plásticos opacos, pois os conídios são sensíveis à luz ultravioleta; *A infecção ocorre em tecido tenro.

Assim, é recomentado reduzir a dose de nitrogênio na fertirrigação. *Remoção dos restos de cultura para diminuir a pressão de inócuo. Controles químico e biológico - Existem vários fungicidas para controlar este patógeno, bem como produtos biológicos à base de Bacillus que podem ser usados com boa eficiência. Assim, Mário Calvino recomenda orientação técnica de um profissional qualificado, desde o monitoramento até o controle para aumentar a possibilidade de sucesso.

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