Azeitech 2024 vai discutir o impacto das condições climáticas na Olivicultura

Assunto será abordado no dia de campo que a EPAMIG realizará em 2 de fevereiro

13/01/2024 11:10
Azeitech 2024 vai discutir o impacto das condições climáticas na Olivicultura

O 19° Dia de Campo de Olivicultura tem as atividades definidas. O evento, que integra o Azeitech, promovido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), acontece no próximo dia 2 de fevereiro, em Maria da Fé.

A programação contará com a duas palestras sobre clima: ?Dados climáticos da Serra da Mantiqueira?, ministrada pelo consultor William Siqueira (WS Clima); e ?Projeções climáticas e Olivicultura?, com a professora da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Fabrina Bolsan Martins. ?O clima é extremamente importante para a Olivicultura. A atual alta nos preços é resultado das fortes secas que atingiram a Europa nos últimos anos e que ocasionaram uma forte queda na produtividade nos maiores países fornecedores, especialmente, no ano passado?, destaca Pedro Moura, que integra o Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da EPAMIG.

O pesquisador, que faz parte da Comissão Organizadora do Azeitech, lembra que a oliveira precisa de uma quantidade de horas de frio para produzir. ?A gente vai trazer isso para o dia de campo, a importância do frio para a indução floral e produção da oliveira. Aqui no Brasil, a oliveira está em uma região diferente da região de origem dela. E a adaptação se deu em função das condições climáticas relacionadas às horas de frio. Se a planta não encontrar essas condições, não consegue produzir. Este tem sido um dos grandes desafio para a expansão da olivicultura no Brasil?.

A Serra da Mantiqueira se prepara para uma safra maior em 2024, na comparação com 2023. ?Tivemos no ano passado uma boa quantidade de horas de frio que foi boa para a indução floral das oliveiras na região e a época de chuva não coincidiu com a época da florada das oliveiras o que favoreceu a polinização e refletiu em um grande pegamento de frutos na região. Então a expectativa é de uma safra bem melhor que a anterior?, avalia Pedro.

Destaques da programação - Além das palestras sobre clima, três dinâmicas em campo vão abordar os temas mais relevantes e que têm sido mais demandados pelos produtores: ?Boas Práticas no cultivo de oliveiras?, pelo professor Pedro Peche da Universidade Federal de Lavras (UFLA). ?A estação vai trazer os pontos mais relevantes com relação ao manejo e à adubação. Esses aspectos a gente sempre traz no nosso dia de campo, porque sempre tem muita demanda. Teremos duas palestras onde falaremos de pragas e doenças que têm sido um grande desafio na olivicultura. A pós-doutoranda da Esalq/ USP, Joyce Froza, falará sobre ?Cigarrinhas Vetoras da Xylella fastidiosa em Oliveira?. Ela trabalha conosco da EPAMIG há quase nove anos em pesquisas para o manejo desse inseto vetor que tem sido preocupante para os produtores e vem para apresentar a evolução dos trabalhos?, adianta Pedro Moura.

O pesquisador da EPAMIG Lucas Fagundes vai apresentar a estação sobre ?Manejo de doenças fúngicas em olivais?. ?As doenças fúngicas estão entre as principais preocupações dos produtores de azeite na Serra da Mantiqueira. As doenças que estão causando as maiores perdas em olivais da região são a Antracnose (Colletotrichum acutatum e C. gloesporiodes) e o Repilo (Fusicladium oleaginum). Estas doenças ocasionam desfolha, podridão floral, podridão de frutos e senescência precoce das azeitonas quando as medidas de controle não são adotadas nas épocas favoráveis para a infecção?, aponta.

De acordo com Lucas, a Antracnose é a doença fúngica mais agressiva aos olivais da Serra da Mantiqueira. ?A Antracnose é caracterizada por lesões necróticas escuras e profundas, com produção de esporos em massas mucilaginosas alaranjadas no interior das lesões. Estes esporos podem germinar e iniciar a infecção em temperaturas que variam de 4 a 25°C. Em epidemias severas, as perdas causadas pela antracnose podem chegar a 50% da produção quando as medidas de controle não adotadas?.

Apesar de menos agressiva, o Repilo tem causado problemas significativos aos produtores da região. ?Os sintomas da doença são lesões necróticas circulares de 3 a 10 mm de diâmetro na parte superior das folhas. Quando a doença ocorre no final do inverno e no início da florada, as folhas infectadas são fonte de esporos para infecção nos botões florais e o impacto da doença pode ser alto. Na estação vamos discutir aspectos da diagnose, biologia das doenças e épocas críticas para o posicionamento de fungicidas (biológicos e químicos sintéticos) para manejo das doenças fúngicas em olivais?, conclui.

Modernização do lagar - Esta edição do Azeitech marca ainda a reinauguração da Agroindústria de extração de azeite da EPAMIG. As melhorias, financiadas pelo edital PPE 00049/21 da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede)/ Fapemig, incluem novos equipamentos, como máquina extratora, lavadores de garrafa, rotuladores, tanques e mesas de inox, que vão ampliar a capacidade de produção e os serviços ofertados aos olivicultores e produtores de azeite de abacate.

?A reabertura da agroindústria é uma das razões para realizarmos a programação no início da safra. Devemos começar o processamento de azeitonas já no dia 29 de janeiro, ou seja, na semana do nosso evento. Além disso, poderemos orientar os produtores, no caso de alguma dúvida, em relação à safra, colheita, transporte, processamento?, explica Luiz Fernando Oliveira, coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da EPAMIG.

A programação do Azeitech inclui ainda a 9ª. Mostra de Tecnológica, exposição de equipamentos, insumos e produtos derivados da olivicultura. A participação no evento é gratuita e não há necessidade de inscrições prévias.

Serra da Mantiqueira prepara-se para a safra das oliveiras/Colheita das azeitonas começa em breve. Produção de azeites deve superar a de 2023A região da Serra da Mantiqueira, entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, prepara-se para a colheita das azeitonas da safra 2024. A expectativa é que a produção de azeites cresça em relação ao ano de 2023, quando alcançou 60 mil litros. ?Tivemos uma boa florada e a previsão é que a extração de azeites no próximo ano seja superior à desde ano, mas ainda não podemos afirmar o quão será maior?, informa o engenheiro agrônomo Pedro Moura, integrante do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).

A produção de azeites no Brasil é bastante recente. A primeira extração nacional foi realizada pela EPAMIG em Maria da Fé no ano de 2008, por esta razão pesquisadores e olivicultores acompanham com cautela a evolução de cada safra. ?Alcançamos importantes avanços em termos de tecnologia em todas as etapas da cadeia produtiva, produção de mudas, tipo de poda, manejo, agroindústria, análise da azeitona e do azeite. Mas ainda há muito a se evoluir seja no estudo do comportamento das plantas, seja no conhecimento do potencial produtivo da oliveira ou em ações para amenizar os impactos das condições climáticas?, comenta o engenheiro agrônomo e coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da EPAMIG, Luiz Fernando de Oliveira.

Para a safra 2024, a EPAMIG prepara mais uma edição do Azeitech, composto pelo 19° Dia de Campo de Olivicultura e pela 9ª. Mostra Tecnológica, que acontecem no próximo dia 2 de fevereiro, no Campo Experimental de Maria da Fé, justamente no período de colheita das azeitonas. Na ocasião, a agroindústria de extração de azeite da Unidade será reinaugurada. O lagar modernizado conta com novos equipamentos, como máquina extratora, lavadores de garrafa, rotuladores e tanques de inox, que vão ampliar a capacidade de produção e os serviços aos ofertados olivicultores e produtores de azeite de abacate.

Alta nos preços e consumo de azeites - A busca por azeites aumenta no período das festas de final de ano. Neste ano, a produção mundial sofreu uma queda brusca em função das mudanças climáticas registradas, principalmente, na Europa, em países exportadores como Espanha, Itália e Grécia. Por esta razão, os preços dos azeites nos supermercados brasileiros também oscilaram para mais (alta superior a 20% de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas).

?Infelizmente, a perspectiva é que essa alta se mantenha até a recuperação da produtividade nas regiões tradicionais. E temos pela frente outro período de alta demanda, a Páscoa, no qual os preços podem aumentar mais?, avalia o pesquisador, Pedro Moura.

O Brasil está entre os países que mais consomem azeite no mundo e importa em média 100 milhões de litros por ano. A produção nacional é bastante incipiente e resulta em pouco mais de 500 mil litros/ano. Como a cultura exige um mínimo de horas de frio, o crescimento das áreas de produção é restrito. O plantio se concentra em regiões serranas como a Mantiqueira e frias como o Sul do Brasil. ?O azeite nacional tem como principal diferencial o frescor. Aqui na Mantiqueira, a  atividade está em crescimento, mas não almejamos competir quantitativamente com as grandes regiões produtoras. O objetivo é, sim, marcar espaço pela produção de azeites de elevada qualidade e sabor marcante?, destaca Luiz Fernando de Oliveira.

Os pesquisadores alertam ainda para o risco de fraudes no azeite. O produto, que é um dos mais adulterados no gênero alimentício, tende a ser mais visado nesta fase de alta de preços. ?Temos que lembrar que o azeite tem um alto custo de produção e que essa alta de preços é uma tendência mundial, então consumidor tem que desconfiar de preços muito mais baratos do que os comumente praticados?.

Outros aspectos também devem ser considerados. ?Há características interessantes a serem observadas no momento da compra, como por exemplo, a data do envase, quanto mais jovens os azeites melhores suas características e frescor. Local de produção e envase, deve se dar preferência a produtos envasados no local de origem, pois o azeite fabricado em um local e engarrafado em outro tem mais chance de ser adulterado ou de ter suas características modificadas do que aquele que já está acondicionado no recipiente em que será comercializado?, aponta Luiz Fernando de Oliveira.

Quanto às embalagens é importante que isolem o produto da luz, vidros escuros, por exemplo. Outro ponto a ser observado é a exposição das garrafas no ponto de venda, uma vez que o azeite tem que ficar armazenado em local fresco e protegido da luz. *Mariana Vilela Penaforte de Assis/Jornalista - Assessoria de Comunicação - (31) 3489 - 5023 - www.epamig.br 





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