Equipe de Fisiologia e Pós-Colheita da Embrapa é homenageada no Caju Nordeste

Pesquisadores da área de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita da Embrapa Agroindústria Tropical receberão o prêmio Caju de Ouro

15/10/2015 00:00
Equipe de Fisiologia e Pós-Colheita da Embrapa é homenageada no Caju Nordeste

Pesquisadores da área de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita da Embrapa Agroindústria Tropical receberão o prêmio Caju de Ouro (categoria pesquisa) durante a 12° edição do Caju Nordeste, evento que ocorrerá no município de Cascavel (CE) entre os dias 15 e 17 de outubro. A equipe - formada por Ricardo Elesbão Alves, Heloísa Filgueiras, Ebenézer Silva, José Luiz Mosca e Carlos Farley Herbster Moura ? foi reconhecida por causa dos trabalhos que possibilitaram a comercialização do caju como fruto de mesa em todas as regiões do Brasil.

Até o início da década de 1990 a vida útil pós?colheita do caju não ultrapassava 48 horas. A comercialização do produto se restringia única e exclusivamente a feiras, estradas e mercados localizados a pequenas distâncias dos locais de produção. Naquela época, e em alguns casos sem uso de tecnologia ainda hoje, uma caixa de 20 quilos de caju era vendida por um preço irrisório.

O ponto de partida da mudança nesse cenário foi a dissertação de mestrado do professor Josivan Menezes, da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), que elevava a vida útil do caju in natura para 10 dias. Segundo Menezes, havia à época uma tendência de avanço da comercialização, mas a venda era limitada: o curto período de vida útil do fruto impossibilitava a comercialização do produto em regiões distantes dos locais de produção. A partir disso, surgiu a necessidade de desenvolver tecnologias para ampliar a vida de prateleira do fruto, permitindo a produção de um produto de melhor qualidade para as indústrias processadoras de pedúnculo e sua comercialização em áreas distantes.

Com base nesse estudo inicial, uma equipe multidisciplinar que reuniu pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, da Ufersa, da Universidade Federal do Ceará (UFC) e parceiros aportou resultados que elevaram a vida útil de 10 dias para mais de três semanas. O trabalho de pesquisa envolveu uma série de inovações nos mais diversos campos de conhecimento agroindustrial, como: seleção de clones de cajueiro anão com qualidade, conservação superior no pós?colheita, identificação do ponto de colheita ideal, definição do manejo pós?colheita, boas práticas na colheita e pós?colheita, uso da refrigeração associada à atmosfera modificada por filmes plásticos, sistema de embalagens, dentre outros.

O pesquisador Ricardo Elesbão, da Embrapa Agroindústria Tropical, fornece detalhes sobre esse esforço conjunto: "Trabalhando com pedúnculos de cajueiro comum, Josivan Menezes conseguiu estender a vida útil em cinco vezes, ou seja, de dois para dez dias. Na ocasião, escrevemos a primeira publicação sobre Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita de Caju, que foi publicada como Série Documentos da Embrapa em 1995. Após esse trabalho pioneiro, conduzimos uma série de projetos levando em consideração, além de tecnologias de pós-colheita, os clones de cajueiro anão. Ou seja, a equipe de melhoramento também contribuiu para os resultados".

Segundo Josivan Menezes, a incorporação da tecnologia no setor produtivo foi imediata. Uma das maiores exportadoras de frutas à época apoiou o trabalho dos pesquisadores, ajudando na disseminação e na ampliação do alcance da tecnologia. Depois da publicação do boletim técnico pela Embrapa, mais uma fazenda passou a adotar a técnica que logo se expandiu entre várias pequenas empresas e produtores. O caju pôde ser vendido, desde então, a uma distância de 3 mil km do seu local de produção, fazendo com que o produto fosse aceito e se consolidasse como uma opção viável ao produtor nos mercados consumidores das regiões Centro?Oeste, Sudeste e Sul.

Clones e agregação de valor - Sobre essa questão, o pesquisador Ebenézer de Oliveira, da Embrapa Agroindústria Tropical, afirma que o desenvolvimento das tecnologias de pós-colheita tiveram melhores resultados por estarem associadas aos clones de caju lançados pela Embrapa, pois são cultivares que possuem características mais favoráveis para o consumo de mesa.

Ebenézer de Oliveira ressalta ainda que foram feitos testes com diferentes tipos de embalagens para definir a atmosfera modificada passiva mais apropriada para a conservação do fruto. A intenção era obter um sistema de embalagem que, além de proteger o fruto de danos físicos, pudesse conservá-lo por mais tempo. "O sistema de embalagem com atmosfera modificada passiva associada ao sistema de refrigeração é a tecnologia usada atualmente pelas empresas produtoras de caju. Essa técnica permite que o período de conservação do caju se estenda de 10 dias para pelo menos três semanas , trazendo novas perspectivas para o comércio de caju", destaca.

O pesquisador acredita ainda que as tecnologias de pós-colheita agregam valor ao fruto, já que permitem a comercialização do caju para o consumo de mesa, além da comercialização da castanha para o consumo da amêndoa e do uso do pedúnculo para as indústrias de suco. Para Ricardo Elesbão, esse foi o principal impacto econômico relativo à tecnologia: o produto passou a ser mais valorizado no mercado, contribuindo para a expansão da cultura do cajueiro-anão. * Ricardo Moura e Alice Sales (estagiária)  - Embrapa Agroindústria Tropical  - Mais informações sobre o tema

Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) - www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

 





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