APTA apresenta na Agrishow técnica de enxertia de maracujazeiro que previne doença causada por fungo de solo

A técnica da enxertia consiste na utilização de espécies tolerantes à doença como porta-enxerto. Apesar de ser bastante usada na citricultura e viticu

27/04/2016 00:00

Durante a 23ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Polo Regional de Adamantina, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA Regional), apresenta, pela primeira vez, a técnica de enxertia de maracujazeiro. A tecnologia ajuda a prevenir a morte prematura, doença que pode causar até 100% de perda das plantas e inviabilizar a produção em áreas contaminadas. No estande da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, os visitantes poderão ver cerca de 500 mudas de maracujá enxertadas, a serem enxertadas e em formação, aprender a técnica de enxertia do maracujazeiro e falar com os pesquisadores.

A técnica da enxertia consiste na utilização de espécies tolerantes à doença como porta-enxerto. Apesar de ser bastante usada na citricultura e viticultura, a tecnologia ainda é pouco empregada nos plantios de maracujá, pois é relativamente recente na cultura do maracujazeiro e os produtores ainda não possuem informações suficientes para a sua utilização. Os porta-enxertos são híbridos de diferentes espécies mais rústicas, com resistência a pragas, doenças e nematoides do solo. Eles servem de base para a instalação de cultivares com características desejáveis e valor comercial, que está na copa da planta e responde pela produção.

Nedito Reinaldo Silva, de 63 anos, pequeno produtor de frutas e hortaliças em Mongaguá, litoral paulista, já participou de cursos para fazer enxertia em frutas e citros, mas nunca tinha ouvido falar de enxertia em maracujá. ?Esse trabalho é muito interessante. Venho sempre na Agrishow para isso: conhecer novas tecnologias para os pequenos produtores?, afirma. Interessado, Nedito se informou sobre como conseguir o porta-enxerto e já pensa em usar a técnica em sua propriedade.

A pesquisa desenvolvida pela APTA valida à tecnologia do uso de enxertia de maracujazeiro para a prevenção da doença, que não tem tratamento. ?Uma vez que a afetada pelos patógenos, a planta certamente morrerá. A aplicação de defensivos agrícolas também não tem sido uma solução eficiente. Os produtores procuram medidas de controle preventivas, entre elas, o uso da enxertia?, diz o pesquisador da APTA, José Carlos Cavichioli.

A morte prematura é atribuída à associação de fungos de solo, nematoides e bactérias, que atacam o sistema radicular e que se manifestam e dizimam rapidamente, causando a morte das plantas em plena fase produtiva. ?O uso da enxertia tem sido a solução para o plantio em áreas com histórico da doença, locais em que as produções são inviabilizadas por conta dos fungos patógenos presentes no solo?, diz o pesquisador.

De acordo com Cavichioli, esta doença atinge todas as variedades comerciais de maracujazeiro azedo existente. ?O que existe são algumas espécies tolerantes, como a Passiflora gibertii. É uma tecnologia de produção sustentável, sem agressão ao ambiente e que permite a convivência da cultura do maracujazeiro-amarelo em área com histórico da doença, viabilizando o cultivo em áreas antes condenadas?, diz o pesquisador.

Como resultado destas pesquisas, verificou-se que a espécie que apresentou melhor comportamento como porta-enxerto foi o Passiflora gibertii. Observou-se também que o melhor tipo de enxertia é o de garfagem do topo em fenda cheia, com pegamento de até 90%. Esta pode ser realizada quando as plantas apresentam idade por volta de 40 dias, e deve ser realizada de cinco a 10 cm da região do colo.

?Na Agrishow, nossos pesquisadores se aproximam ainda mais dos agricultores com o objetivo de transferir tecnologia para melhorar a renda e a vida no campo. O governador Geraldo Alckmin sempre nos orienta a aproximar a pesquisa do produtor rural, para melhorar a vida no campo?, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

O pesquisador alerta para que a técnica seja usada somente quando o solo for condenado e apresentar os fungos. ?Em áreas com o histórico da doença, a produção de enxertado é maior, por não existir morte das plantas. Em condições normais, ou seja, em área sem histórico da doença, a produção de maracujazeiro enxertado é menor do que a sem enxerto?, diz.

Cerca de 40 produtores utilizam a tecnologia proposta pela APTA na Alta Paulista, região é responsável por 25% da produção de maracujá do Estado de São Paulo e que produz cerca de cinco mil toneladas de maracujá, por ano. ?A tecnologia pode ser adotada em outras regiões do Estado e do País. A cultura do maracujá é interessante para a agricultura familiar, por oferecer o mais rápido retorno econômico, entre as frutíferas, e uma receita distribuída pela maior parte do ano?, afirma.

* Fernanda Domiciano e Giulia Losnak - Mais informações Assessoria de Comunicação - Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - (11) 5067-0069 -  Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios





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