4º Seminário do Morango de Bom Princípio aborda produção sem resíduos de agroquímicos

Quando implantamos o sistema suspenso, roçamos toda a área, por baixo, naquela ideia de deixar limpo, caprichado, recorda, sem saber que, justamente, retirando a cobertura verde, abria caminho para o ataque das pragas

11/09/2023 18:15
4º Seminário do Morango de Bom Princípio aborda produção sem resíduos de agroquímicos

?No começo dos anos 2000, quando implantamos o sistema suspenso, lembro que roçamos toda a área, por baixo, naquela ideia de deixar limpo, caprichado?, recorda, sem saber que, justamente, retirando a cobertura verde, abria caminho para o ataque de pragas. ?Foi muita dor de cabeça com o ácaro rajado?

?Sem dúvidas este foi um dos maiores motivos para a adoção do cultivo biológico. Ele come muito morango. Mas muito mesmo! E como eu poderia explicar para o meu próprio filho, que ele não poderia consumir a fruta pois havia passado 'remédio', nela?? A fala do agricultor Vilson Brandt, durante o 4º Seminário do Morango, ocorrido no sábado (09/09), em Bom Princípio, não apenas comoveu os participantes do evento, mas também fez refletir. O que, em alguma medida, resumiu o sentimento dos envolvidos na atividade, que teve justamente como tema a ?Produção de Morangos sem Resíduos de Agroquímicos?. 

Último painelista do dia, Brandt foi incumbido de apresentar a sua experiência na transição de um modelo convencional para um que minimiza os resíduos de agroquímicos, destacando ainda as múltiplas estratégias para controle de pragas e doenças dos morangueiros. ?Na verdade quando investimos nesse tipo de cultivo, parece ser um caminho sem volta?, garante. Integrante da Associação Bom Morango e com mais de trinta anos na atividade, Vilson possui hoje cerca de 40 mil plantas ? sendo 30 mil em bancadas suspensas em substrato (os estufins altos) e 10 mil no solo. Com uma pequena parte da safra sendo saboreada pelo filho Vicente. 

Em sua manifestação, fez um relato histórico de sua relação com os morangos ? a produção inicia no começo dos anos 90, toda no solo -, até chegar ao modelo atual. Em certa altura, menciona as pragas tradicionais do fruto e as dificuldades para adequar o manejo. ?No começo dos anos 2000, quando implantamos o sistema suspenso, lembro que roçamos toda a área, por baixo, naquela ideia de deixar limpo, caprichado?, recorda, sem saber que, justamente, retirando a cobertura verde, abria caminho para o ataque de pragas. ?Foi muita dor de cabeça com o ácaro rajado?, recorda. 

Foi com o tempo que Vilson compreendeu que a manutenção da vegetação embaixo das bancadas, gerava um ambiente favorável para outro ácaro, o predador, que justamente se alimentava do rajado. Esta medida, somada a outras, como a adoção de armadilhas em garrafas amarelas com cola entomológica, a aspersão nas estufas com o uso de ?bailarinas? para deixar o ambiente mais úmido, e mesmo o monitoramento com o uso de lupas e outras tecnologias, contribuem para criar um ambiente inóspito para o ácaro. ?É uma série de manejos que fazem com que consigamos lidar com os problemas?, afirma. 

Indo ao encontro da fala de Brandt, o extensionista da Emater/RS-Ascar e coordenador do Centro de Treinamento de Agricultores de Teutônia (Certa), Maicon Berwanger, palestrou sobre os motivos de se produzir morangos sem agroquímicos. Em sua manifestação salientou que o morango é tido como uma fruta saudável, portanto não combinando com ele a pecha de ser um dos ?vilões? quando o assunto é o uso de agrotóxicos. ?E a nós, técnicos e agricultores, cabe trabalhar para melhorar essa imagem, especialmente pelo morango ser uma fruta sem casca, consumida in natura?, salienta. 

Em sua fala, além de citar a importância do monitoramento e de formas de controle e de manejo naturais, pontuou o fato de o consumidor não se importar de investir um pouco a mais, se tiver a certeza de que a fruta é cultivada sem utilização de agroquímicos. De forma complementar, o outro palestrante da Emater/RS-Ascar, o extensionista Luciano Ilha destacou a importância do manejo nutricional para o controle de pragas e doenças do morangueiro. Em seu painel salientou a observação rotineira das condições do substrato, enfatizando a condutividade elétrica como parte das respostas fitossanitárias das plantas. 

Parte da 20ª Festa Nacional do Moranguinho ? evento que segue até o dia 24 de setembro, no Parque Municipal de Bom Princípio -, o Seminário reuniu cerca de 120 pessoas para os debates, que tiveram o objetivo de discutir opções disponíveis para manejo, que possam garantir produtividade, rentabilidade e qualidade. ?Com uma série de revoluções ao longo dos anos, a cultura é dinâmica e os produtores de morango tem se adaptado ano a ano às mudanças, sejam elas de variedades disponíveis, de mercado e de perfil do consumidor?, avalia a extensionista da Emater/RS-Ascar Anna Xavier, justificando a temática do evento. 

Além de produtores, extensionistas e representantes de entidades, a atividade contou com a presença de autoridades, como o prefeito de Bom Princípio Fábio Persch, o presidente da 20ª Festa Nacional do Moranguinho, André Kercher, o gerente adjunto da Emater/RS-Ascar Carlos Lagemann e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Pedro Paulo Schmitz, além das soberanas, secretários, vereadores e integrantes de instituições financeiras. A mediação do encontro foi feita pela extensionista Djeimi Janisch, que também é instrutora do Curso de Morangos sem Resíduos de Agroquímicos do Certa. O apoio em todas as frentes foi do extensionista Alexandre Matusiak. 

A realização foi da Prefeitura de Bom Princípio, Secretaria Municipal de Agricultura, Emater/RS-Ascar, Sebrae/RS, STR, Câmara Regional de Olericultura do Vale do Caí, Sicredi, Cresol, Banco do Brasil e Banrisul. Além deste, outros  dois seminários foram realizados na sexta-feira (08/09), com os temas Sucessão Rural: Organização e Planejamento Documental para Continuidade da Agricultura Familiar e Como Produzir Mais Gastando Menos? Decisão Racional na Aquisição de Insumos, com Foco na Citricultura, Pastagens e Produção de Grãos. Todas as informações da Festa podem ser obtidas no site www.festadomoranguinho.com.br

*Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Lajeado/Jornalista Tiago Bald           

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