Capacitação sobre poda e sistemas de condução da macieira para fruticultores e famílias rurais na Região de São Joaquim

E município terá dia 20 de agosto o III Ciclo de Palestras em Fruticultura da Maçã

09/08/2024 17:39
Capacitação sobre poda e sistemas de condução da macieira para fruticultores e famílias rurais na Região de São Joaquim

 A poda e a condução da macieira são  tratos culturais fundamentais na cultura da macieira,  que visa estabelecer o equilíbrio entre a  vegetação e a frutificação com a formação de órgãos frutíferos e sua exposição à luz, facilitando o manejo da planta, produções constantes e frutos de qualidade, realizada com vários objetivos em diferentes épocas, resultando em respostas  fisiológicas diferenciadas para cada situação, juntamente com a condução dos ramos que visa  melhorar sua distribuição  no prolongamento do tronco e a formação de gemas floríferas.

Neste sentido a Epagri através do Escritório Municipal de São Joaquim, realizou no mês de junho e julho cinco capacitações técnicas sobre o manejo de plantas na região de São Joaquim, com a participação de mais de 140 fruticultores e suas famílias, com objetivo de troca de experiências entre os participantes, conhecer pomares com novos sistemas de condução e poda, apresentar resultados técnicos e novas tecnologias com a demonstração prática da poda nos pomares visitados. 

Neste período de dormência da planta é realizado a poda seca ou de inverno, umas das principais práticas da macieira, que consiste na retirada do excesso de ramos de uma planta, formação de estruturas produtivas e a definição da quantidade e qualidade dos órgãos reprodutivos como esporões, brindilas, lamburdas e outros.

Alguns princípios importantes da poda destacam-se:

- Em pomares novos preconiza um desenvolvimento rápido e vigoroso da estrutura das plantas e frutificação precoce.

- Obter uma planta produtiva, com crescimento vegetativo suficiente e frutificação equilibrada, sempre de acordo com a relação adequada entre folhas e frutos.

- Manter a planta num determinando formato, considerando os aspectos fisiológicos e de manejo que permita o desenvolvimento de uma forte estrutura capaz de suportar altas produções por diversos   anos.

- Desenvolver e manter a planta compacta e pequena, para que possa fazer o máximo de utilização da luz e facilite os tratos culturais.

- A condução visa facilitar os trabalhos de poda com o mínimo de mão de obra, diminuir o vigor dos ramos e formação de gema produtivas.

Poda de formação:  Visa dar as plantas a forma de condução ideal, como em Líder Central, Tall Spindle, Bi Dimensional, Bi-axel, V- Trellis, Multi Líder entre outros sistemas de condução.

A poda e a condução estão estreitamente ligadas ao tipo de porta enxerto, a cultivar, a densidade de plantio, ao sistema de condução adotado e a interação   da planta com os fatores edafoclimáticas. 

No caso o sistema de líder central o mais utilizado no  Sul do Brasil até o momento, após a formação das plantas do primeiro ao terceiro ano, em que definimos a estrutura desejada da planta , com  a formação do ramo principal ou líder e os ramos laterais dispostos ao redor deste, de tal forma que teremos ramos bem formados com bom vigor e uma boa  relação de espessura entre o ramo principal,  os ramos laterais e os ramos carregadores.

Esta relação de tamanho dos ramos é fundamental para que tenhamos equilíbrio nas plantas e formação de órgão frutíferos, devendo os laterais ficarem um terço ou menos do diâmetro do ramo principal, bem como para os ramos carregadores.

Poda de frutificação:  Após o terceiro ano é realizada com a finalidade de uma renovação sistemática de ramos frutíferos, retirando-se os ramos que estejam competindo com o ramo principal ou líder, devem ser retirados ramos que apresentem diâmetro maior que um terço  a metade do diâmetro do líder central, bem como os ramos carregadores que estejam muito vigorosos em relação aos ramos laterais, mantendo a mesma relação.

Além disso devem ser retirados os ramos mal colocados, danificados ou doentes, ramos na vertical designados como ramos ladrões, ramos que estejam sombreando a planta, principalmente os ramos na parte alta  a mediana da planta, que ocasionam a falta de luminosidade interna e na  parte inferior da planta, diminuindo a fotossíntese que é dependente da superfície foliar, que pode ocasionar menor formação de fotoassimilados, interferindo diretamente na formação de órgãos frutíferos e  vigor excessivo que resulta no desequilíbrio da parte vegetativa com a  reprodutiva.

Uma produção alta nas plantas deve interceptar 70% da luz, isto requer que a altura da planta seja 80% da distância entre as fileiras, então o ideal é estratégias de poda que mantenham a distribuição da luz em todas as partes da copa, um boa condução e abertura de ramos irá evitar o excesso de poda e facilitar as práticas culturais.

Em plantas de média a alta densidade 1500 a 3.000 pls\ha com uso de porta enxertos menos vigorosos como: M-9, Maruba\M-9, CGs, a poda de frutificação deverá ser equilibrada para que que as plantas tenham capacidade de emitir novos ramos, renovar a brotação e evitar o envelhecimento precoce e reestruturar a capacidade produtiva da planta.

Deve-se evitar a poda durante os primeiros três a quatro anos, poucos cortes no ramo líder central e nos ramos laterais, devem ser retirados apenas os ramos que tiverem diâmetro maior que 2\3   do líder.

A retirada dos ramos inteiros promove uma boa distribuição de luz no interior da copa, sem tornar as plantas vigorosas, para pomares em produção o ideal é retirar de um a dois ramos na parte alta e mediana da planta.

Poda verde:  Poda verde deve ser realizado no verão, muito cedo favorece a vegetação, o ideal é entre os meses de dezembro a  fevereiro, conforme a cultivar, no entanto tem efeito inibidor sobre o controle do crescimento vegetativo, diminui a relação folha/fruto, favorece o suprimento de cálcio nos frutos, melhor coloração dos frutos, importante na formação de gemas floríferas , maior luminosidade no interior da planta, facilita no controle de doenças, secamento mais rápido da copa e facilidade de práticas culturais como a colheita.

Esta prática mais precoce em ramos não maduros é muito importante para formação de órgãos frutíferos e auxilia no processo de  indução e diferenciação de gemas floríferas, principalmente em regiões mais quentes com altitude abaixo de 1.000 m, onde há maior dificuldade na formação deste tipo de gema.  

Práticas importantes para controle do crescimento das plantas: Algumas práticas são fundamentais que realizadas sozinhas ou em conjunto de medidas auxiliam na poda e condução de plantas, para controle do crescimento vegetativo que diminuem o vigor vegetativo das plantas, facilitando o processo fisiológico de formação de gemas produtivas, na qualidade dos frutos, na produtividade dos pomares e  plantas mais equilibradas e produtivas,  partica de manejo da copa tais como:

-  Poda de frutificação

-  Anelamento das plantas.

-  Uso adequado de nutrientes e suas relações, principalmente nitrogênio.

-  Evitar poda de inverno vigorosa.

-  Realizar a poda verde no momento apropriado.

-  Arqueamento e condução dos ramos.

-  Frutificação precoce ( fruit set alto ).

-  Uso de indutores da brotação na quebra de dormência.

- Uso da irrigação e ou  fertirrigação.

- Controle da adubação, principalemte nitrogênio e suas relações ( N/Ca; N/Ca+Mg, N/K).

-  Uso de reguladores de crescimento para controle vigor como (proxexadione cálcio, ethephon, inibidores da síntese de giberelinas e compostos que induzem a formação de etileno e outros).

- Uso de porta enxerto anões ou semi vigorosos. (M-9, CGs, Maruba\M-9).  Desfolha da macieira e poda de raízes.

Sistemas de condução: Além  do sistema de condução livre em líder central, outros sistemas juntamente com novos porta enxertos estão sendo  disponíveis  pelas empresas de pesquisa e pelo setor   aos fruticultores,  que visam obter plantas mais precoces, menos vigorosas, mais produtivas, plantio em maior densidades, com maior interceptação de luz, sistemas mais adaptados à mecanização, proporcionam maior facilidade e eficiência da mão de obra, resultando plantas mais produtivas e frutos de melhor qualidade diminuindo os custos  de produção e maior retorno econômico.

Tall Spindle (eixo alto): Este sistema  é uma variação do líder central , com manejo  de arqueamento mais intenso nos ramos laterais de forma a termos plantas mais compactas e estreitas, maior insolação na copa, com a  retirada de ramos de forma menos intensa ( 2 a 3 por ano) e a renovação de ramos conforme seu vigor, a altura das plantas ficam em torno de 3,50 m,  com densidade média de 2.500 plantas\ha, é um dos sistemas mais manejados na região na atualidade.

Bi- dimensional: Consiste numa parede de ramos com somente duas dimensões (altura e comprimento) dispostos sobre um sistema de posteamento e arames com sete a oito fileiras ou até com arame duplo com dois ramos sendo conduzidos,  num espaçamento de  0,30 m a 0,50 m entre  os arames,  formando um dossel estreito de  vegetação e órgãos frutíferos. A altura das plantas fica em torno de 3,0 m ? 3,5 m , com densidades  de 2.500- 3.500 plantas/ha.

A poda é realizada retirando ramos vigorosos, com sua renovação consntante , a poda verde de verão muito importante neste sistema para equilibro da vegetação e formação de órgãos frutíferos no período vegetativo, bem como sua condução, a região já possui muitos pomares implantados neste sistema com produtividades de 50,0 a 75,00 ton\ha, com frutas bem coloridas e de boa qualidade, com a classificação chegando a  mais de 90% de CAT I.  

Este sistema também está sendo implantado na região com o porta enxerto Marubakaido, com ou sem posteamento com bons resultados em termos produtivos e de qualidade de frutos, manejando as plantas com as práticas de controle de crescimento, com densidades de plantio em torno de 1.500 ? 1700 plantas/ha, no espaçamento de 2,80 - 3,0 m x 2,0 ? 2,50 m.           

Bi- Axel ou Biumbaum (Dois eixos):  Neste sistema de condução a planta está  dividida em dois eixos, conduzida  sobre um sistema de postes e arames de seis a sete fileiras, a vantagem deste sistema é termos duas líderes produtivas sobre um mesmo eixo, com ramos curtos e produtivos dispostos ao longo destes dois líderes, produzindo frutas de boa qualidade e boa produtividade, este tipo de sistema ainda em fase de início na região, sua maior dificuldade é obter mudas para serem comercializadas neste tipo de sistema ou formar mudas mantenham uma padrão homogêneo nos dois eixos, a densidade é em torno de 2. 500 ? 3.500 plantas\ha. 

V- Trellis: Sistema de condução muito utilizado em várias partes do mundo, onde as plantas estão dispostas sobre um arames em torno de seis a sete de cada lado e sustentadas por postes, as plantas estão dispostas num ângulo de 39° a 42° , com objetivo de maior captação de luz que chega a mais de 70% no dossel vegetativo e ramos produtivos curtos. A densidade em torno de 2.700 a 3.500 plantas\ha e capacidade para produzir entre 80-100 t\ha de frutas de alta qualidade, possibilitando alto retorno econômico. A desvantagem deste sistema é seu alto custo da implantação, entretanto desde que bem implantado e manejado é uma ótima alternativa para os pequenos e médios fruticultores, na região já estão sendo implantados  pomares neste sistema.

Multi líder: Sistema de condução  onde temos um eixo duplo ou um simples chamado Guyo,  de onde saem  os ramos que são conduzidos como multi líderes com  quatro a oitos hastes em cada lado, onde os ramos ficam em torno de 1,50 m a 2,0 m a  de altura, e pela boa interceptação solar,  há uma boa formação de frutos de qualidade  e boa produtividade, sua maior dificuldade é na formação e crescimento de forma equilibrada entre  todos os líderes, pois há muita competição  desproporcional entre estes.

Considerações finais:  A formação da planta nos primeiros anos com a poda e condução bem conduzidas, podem definir plantas bem estruturadas, produção precoce e com alta capacidade produtiva.

Através da poda e condução é possível promover uma renovação sistemática de ramos frutíferos, proporcionando um equilíbrio satisfatório entre crescimento e a produção.  A condução através do arqueamento é tão importante quanto a poda, pois ajuda a equilibrar o vigor dos ramos e definir a formação de órgãos frutíferos, proporcionando produções precoces e altas produtividades nos pomares.

Estas práticas junto com controle de crescimento, se bem realizadas, proporcionam maior entrada e interceptação de luz solar, proporcionando maior fotoassimilados disponíveis para crescimento da planta, processo de formação de gemas, através  da indução e diferenciação de gemas durante todo verão.  Novos sistemas de condução, geram inovações no processo produtivo da cultura da macieira no Brasil, proporcionando maior produtividade, melhor qualidade dos frutos, maior mecanização nestes pomares, podendo diminuir o custo da mão de obra e aumentar a eficiência nos tratos culturais, com melhores resultados técnicos, econômicos e sociais para as familais da região. 

Referências Bibliográficas: CABRERA, D.; RODRIGUEZ, P.; ZEBALLOS, R.; El muro Frutal ? Experiências de mecanizacion em fruticultura del Uruguay. In: SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO, 73.,2016, São Joaquim, SC, Anais... São Joaquim, SC, Epagri,  (palestras),  2016, p. 73-80. FRANCESCATTO, P. INDUÇÃO FLORAL DA MACIEIRA: USO DE REGULADORES DE CRESCIMENTO, In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO, 08 ,2017, Fraiburgo, SC, Anais... Caçador, SC, Epagri, v 1 (palestras),  2017, p. 08-11. PASA, M.S. et al. Porta enxertos CG e JM: A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO, 69 ,2017, Fraiburgo, SC, Anais... Caçador, SC, Epagri, v 1 (palestras),  2017, p. 69-73. PEREIRA. A.J.; PETRI, J.L. Poda e condução da macieira. IN: Epagri. A cultura da macieira. Florianópolis, 2006. p. 391-418. PETRI, J.L. et al. Controle do vigor da macieira sobre porta enxerto vigorosos In: SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO, 96,2012, São Joaquim, SC, Anais... São Joaquim, SC, Epagri,  (palestras),  2017, p. 96-102. LAURI, P. E. Training and pruining the apple tree according to the SALSA Systhem. . In: SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO, 97.,2018, São Joaquim, SC, Anais... São Joaquim, SC, Epagri,  (palestras),  2018, p. 97-104. WERNER, A. L. Sistemas de Cultivo- Região de Vacaria In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO, 23.,2017, Fraiburgo, SC, Anais... Caçador, SC, Epagri, v 1 (palestras),  2017, p. 23-26.

*Eng. Agr. Esp.  Marcelo Cruz de Liz/Extensionista Rural ? E. M. Epagri de São Joaquim/SC - marceloliz@epagri.sc.gov.br

 
 
  
 
 

 





Read more...