Manga sem fiapo é mais uma das realizações do IAC

Melhoramento genético resulta em produto diferenciado, bom até para o mercado internacional

28/12/2023 17:23
Manga sem fiapo é mais uma das realizações do IAC

Uva sem semente, manga sem fiapo e abacaxi em gomos - Seria interessante ter essas frutas à mão, na prateleira do supermercado, não? Pois isso já é possível, graças à pesquisa e tecnologia do Instituto Agronômico

No Centro Avançado de Pesquisa e Tecnologia do Agronegócio de Frutas, em Jundiaí, são desenvolvidos trabalhos de melhoramento genético visando, além da resistência das fruteiras a pragas e doenças, a garantia de um produto diferenciado para ganhar o mercado internacional.

O trabalho da instituição na área de fruticultura começou em 1940, com o melhoramento de videiras. De acordo com o pesquisador Ivan José Antunes Ribeiro, diretor do centro, esse processo resultou em variedades como IAC Juliana, uva com o sabor moscatel tão procurado por produtores e tão bem aceito por consumidores. ?Graças ao melhoramento conseguimos também as uvas apirenas (sem sementes) e agora estamos desenvolvendo em Jundiaí a produção de uvas viníferas Cabernet Sauvignon e Shira, próprias para vinho, como o próprio nome diz?, afirma Ribeiro. Ele ressalta que as pesquisas feitas na entidade foram fundamentais para garantir a sanidade dos parreirais brasileiros.

?A maioria das videiras plantadas o Estado de São Paulo e do Nordeste estão sobre porta-enxertos do IAC?, diz. Porta-enxertos são plantas de outra espécie sobre as quais são plantadas, nesse caso, as videiras. Estão para a fruteira como os sapatos estão para os pés, exemplifica o pesquisador, tentando tornar os termos técnicos compreensíveis aos olhos dos leigos. ?Servem para proteger a raiz da planta de ataques?. 

Manga - O IAC também desenvolveu porta-enxertos resistentes à ?seca da mangueira?, doença que dizimou plantios comerciais da fruta em Jardinópolis, região de Ribeirão Preto, na década de 1960. ?As mangas plantadas no Brasil até a década de 70 eram ainda as de variedades trazidas pelos portugueses na época do Império, sensíveis a doenças, de aspecto ruim e com muita fibra (fiapos)?, conta Ribeiro. ?Essas frutas não tinham valor comercial, portanto, introduzimos variedades provenientes da Flórida e isso deu um impulso muito grande à produção brasileira?. Hoje, as variedades Tomy Atkins e Palmer tomaram o lugar das antigas mangas Rosa e Espada. E, por meio de técnicas de melhoramento, o IAC conseguiu, na década de 1990, variedades como a Votupa, que dá mangas coloridas, resistentes e sem fiapos.

O abacaxi Pingo-de-mel é outra fruta com valor agregado, resultado de pesquisa da instituição. Ela já está sendo plantada em regiões quentes como a Bahia e Minas Gerais e no norte do Estado de São Paulo e, em breve, estará nas gôndolas dos supermercados. ?Esse é outro trabalho de seleção de plantas?, observa Ribeiro. Como uma fruta-do-conde, o abacaxi Pingo-de-mel não precisa ser descascado com faca. Basta tirar os gomos, comer a polpa e jogar a casca fora.

A seleção de frutas permitiu, ainda, que o instituto garantisse o plantio de pêssego no Estado de São Paulo. ?Até a década de 40, todo o pêssego consumido no Estado vinha do Sul, porque aqui não havia frio suficiente para produzir. Selecionamos cultivares que não exigem frio e hoje todo ou quase todo pêssego plantado no território paulista é originário de variedades do IAC, como Aurora e Régis?, destaca o pesquisador. 

Citros - Como já ficou claro, o mercado internacional prefere frutas sem sementes. E isso não é diferente para as tangerinas. Portanto, o IAC possui 15 experimentos no Estado de São Paulo para testar 42 variedades de tangerinas, seis delas sem sementes. *Correio Popular/Campinas/SP/26/04/2022

O produto diferenciado tem valor agregado e pode ser uma alternativa para produtores, uma vez que somente 1% da tangerina produzida no Brasil é exportada, segundo a pesquisadora Rose Mary Pio. ?A poncã é muito frágil e a murcote concorre com a tangerina da Espanha?, explica. A pesquisa do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros tem outros dois objetivos, diz Rose Mary: aumentar a variabilidade da fruta, já que 80% da produção atual é de poncã; e ampliar o período de safra, hoje restrito aos meses de abril a agosto. ?Estamos testando variedades precoces e tardias de tangerina poncã para conseguir produzir na entressafra, ampliando o período para fevereiro a setembro?, diz. O parâmetro para comparação de resultados são as variedades comerciais. O Centro do Agronegócio das Frutas trabalha com outras fruteiras e atende consultas de leigos, produtores rurais e técnicos pelo telefone (11) 4582-7284 ou por meio do Fale Conosco (www.iac.sp.gov.br). *Tatiana Fávaro tfavaro@rac.com.br

Conheça os benefícios da manga palmer, o produto da semana

Originária da Ásia, a manga chegou ao Brasil trazida pelos portugueses e já foi vítima de uma fake news (notícia falsa): a de que comê-la com leite faria mal à saúde. Pura bobagem! Essa informação foi criada lá no passado pelos donos de escravos, para evitar que os pobres coitados não consumissem essa fruta, considerada então digna somente dos homens brancos.

Pelo contrário! A combinação leite com manga é mais do que bem-vinda pelo nosso organismo, que pode se beneficiar tanto do cálcio do leite, como dos nutrientes da manga, que é rica em caroteno, vitamina A, vitamina C, vitaminas B1, B2, B5 e sais como o fósforo, ferro e cálcio.

Uma manga fresca contém cerca de 15% de açúcar, até 1% de proteína e quantidades significativas de vitaminas, minerais e antioxidantes. A manga palmer tem algumas vantagens: em comparação com outras variedades, o caroço da manga palmer é menor, e sua polpa representa aproximadamente 72% do fruto. Além de ser muito doce e com poucos fiapos, ela traz outros benefícios, tais como:

  • Faz bem para saúde da pele devido aos seus antioxidantes
  • Ajuda na perda de peso ao dar sensação de saciedade
  • Estimula o bom funcionamento do cérebro
  • Mantém a boa saúde do intestino devido às fibras
  • Promove a saúde dos olhos por conter vitamina A
  • Combate a anemia graças à alta quantidade de ferro
  • Possui ação antibactericida e é também utilizada em afecções pulmonares (bronquite asmática, bronquite catarral e tosse
  • Combate o estresse, devido às altas concentrações de potássio e magnésio

Segundo o Portal São Francisco, ?a mangueira foi a árvore asiática que melhor se adaptou ao clima brasileiro, produzindo inúmeras variedades, tornando-se quase obrigatória na paisagem do norte e do nordeste do país, e sendo facilmente encontrada em cultivo na Amazônia e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste?.

Para conferir a veracidade dessa afirmação, basta prestar atenção nas ruas, que até mesmo na capital paulista é possível ver aqui e ali pés de mangueiras, que ficam carregadas de frutas em certas épocas do ano, fazendo a festa de passarinhos, morcegos (sim, existem morcegos na cidade grande!) e da criançada.

Presente nas mesas brasileiras quase o ano todo, a manga palmer pode ser encontrada com mais força nos meses de outubro a março. EM 2017, deram entrada no Entreposto Terminal São Paulo (ETSP) cerca de 44.035 toneladas do produto, provenientes principalmente das cidades baianas de Livramento do Brumado, Juazeiro e Dom Basílio, das paulistas Vista Alegre do Alto e Jardinópolis, da pernambucana Petrolina e da mineira Matias Cardoso. No dia 19/2, a fruta estava sendo comercializada a um preço médio de R$ 2,59/kg no atacado.

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