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Morangos do Brasil, radiografia completa da produção do morango no país

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Importação de mudas é tema a ser mais debatido, segundo profissional do setor - Lendo o excelente artigo Morangos no Brasil (RF - edição 28), farei algumas considerações baseadas em 37 anos atuando na área do morango e 25 anos com importação de mudas da Patagônia-Argentina e da Segóvia-Espanha. Dos vários relatos do artigo tem-se, num primeiro momento, que a importação de mudas seria quase um vilão para o produtor em função do custo. Vou demonstrar que não é assim.

O artigo informa que 60% das mudas cultivadas no Brasil são importadas, o que não é verdade. Vamos considerar os dados da edição: área atual de 4.500 hectares e  plantio de 50 mil mudas/ha (em média). No sistema em substrato esse número pode chegar a 80 mil mudas. Assim, temos o total de 225 milhões de mudas. Delas, cerca de 80 milhões ficam a campo por dois anos. O número de mudas importadas por ano é de 70 milhões. Dessa forma, temos o percentual de 37% do total de mudas importadas e não 60% como constou. O custo da muda importada comparado aos demais custos representa um dos menores hoje. O percentual de aumento do valor da muda ficou por volta de 37% e os demais insumos beiraram os 80% ou mais, em média.

Outro dado equivocado refere que "80% do valor investido no campo é destinado para a compra de mudas". Esse percentual comparado ao custo total da implantação de uma lavoura de morango situa-se em no máximo 30% - menos da metade do referido. Também discordo quanto ao ser mais rápido e cômodo para o produtor importar. Não!

O produtor faz contas e compra a muda importada porque é a única maneira de se viabilizar economicamente. Peguemos o caso das regiões de Bom Repouso (iniciamos os trabalhos no ano 2003) e Senador Amaral. Uma muda de Aromas importada da Argentina pela Maxxi Mudas produz em 22 meses de 2,2 a 3,6 kg (duas a três caixas). A nacional não chega a 800 gramas e produz só um ano, na maioria.  Calculando como preço médio R$ 9/caixa, a Aromas rende ao produtor de R$ 18,00 a R$ 27,00, enquanto a nacional rende R$ 6,60. Ressaltamos que a importação de mudas fez acordar a produção nacional para melhorar sua qualidade. Uma muda que recebe pouco frio durante a produção é mais suscetível ao ataque de fungos, necessitando mais pulverizações para tentar manter a qualidade. Um ponto não relatado no artigo é a reprodução ilegal de mudas protegidas, como da cultivar San Andréas. Enquanto continuarem os atuais parâmetros do "uso próprio" na produção de mudas não avançaremos no quesito qualidade.

Toda e qualquer iniciativa dos grupos de pesquisa é muito bem-vinda. Mas a muda importada da Argentina e da Espanha quebrou a realidade de mudas nacionais de má qualidade, que em outubro/novembro eram retiradas dos canteiros porque estavam comprometidas por fungos, insetos e nematoides e com o tal "vermelhão".  A importação das variedades chamadas de "dia neutro" estabeleceu o cultivo de morango durante o verão, algo impensável com as variedades de dia curto. A importação de mudas de morango transformou o setor produtivo e viabilizou o produtor economicamente. Basta ver os números.  Esses são os fatos.

*Eng°. Agr°. Heitor A. Pagnan, Maxxi Mudas - Matéria na RF - Edição 28 - Junho/2021.

Emater-MG capacita técnicos em fertirrigação para melhorar produção de morangos no estadoA Emater-MG realizou final de março deste ano, um treinamento sobre fertirrigação na cultura do morango, voltado para técnicos da empresa. O evento será no município de Senador Amaral, sul do estado, e contará com a participação de 21 profissionais que trabalham com a cultura, em diferentes regiões.

Minas Gerais é o maior produtor de morangos do Brasil, com uma área plantada de 3,6 mil hectares e uma produção anual de 184,9 mil toneladas. O cultivo é realizado, em sua maioria, por agricultores familiares, somando cerca de 11 mil pequenos produtores no estado. Os municípios que mais se destacam na produção são Espírito Santo do Dourado, Bom Repouso, Senador Amaral, Pouso Alegre e Estiva, todos no Sul de Minas.

A fertirrigação é um processo que combina a irrigação com a aplicação de fertilizantes dissolvidos na água, garantindo uma nutrição mais eficiente para as plantas. Segundo o coordenador de fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, o tema é de grande relevância, pois interfere diretamente na qualidade e produtividade do morango.

"O manejo da fertirrigação é complexo e exige atenção para garantir que as plantas recebam os nutrientes na quantidade adequada. Uma nutrição desequilibrada pode afetar a qualidade do fruto e a produção. Esse conhecimento é essencial para os técnicos da Emater-MG, que repassam as orientações aos produtores", explica Sanábio.

O evento foi realizado em parceria com a Vitacea Brasil, empresa produtora de mudas de uva e morango, que patrocinou a participação de um consultor especializado no tema.

 *Assessoria de Comunicação - Emater-MG/Jornalista responsável: Marcelo Varella - Tel.: (31) 3349-8158/8096 - e-mail: marcelo.varella@ emater.mg.gov.br - www.emater.mg.gov.br - Foto: Divulgação Emater-MG

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