A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), por meio da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal, realizou inspeções fitossanitárias nos municípios de Bento Gonçalves e Garibaldi para detecção do cancro da videira, doença causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. vitícola. Conduzidas por oito fiscais estaduais agropecuários da Seapdr, as atividades de monitoramento ocorreram de 14 a 16/02, em 25 propriedades produtoras de uvas de mesa e viníferas.
De acordo com a chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal, a engenheira agrônoma Rita Antochevis, o cancro da videira é considerado uma praga quarentenária presente no Brasil pelo Ministério da Agricultura, mas sem ocorrência no Rio Grande do Sul. A doença foi detectada pela primeira vez no país em 1998, no Vale do Submédio São Francisco, e está presente nos estados de Pernambuco, Bahia, Piauí, Ceará e Roraima. ?É uma doença de difícil controle. Sua introdução poderia trazer sérios prejuízos para a viticultura do Estado?, alerta.
Conforme Rita, o monitoramento é feito com a inspeção visual das plantas de videira, observando os ramos, inflorescências e cachos de uva. ?Os sintomas nas folhas surgem como pontos escuros, com ou sem bordas amareladas, que podem se unir e causar a morte de extensas áreas foliares. Nas nervuras, pecíolos e ramos, formam-se manchas escuras alongadas, que evoluem para aberturas de coloração negra. As bagas ficam desuniformes em tamanho e cor, e também podem apresentar lesões?, detalha.
A disseminação ocorre por meio de material propagativo infectado, material de trabalho contaminado, tratos culturais infectados espalhados pelo parreiral, ventos e chuvas. ?É importante que o produtor fique atento à aquisição de mudas de outros estados e, em caso de suspeita de infecção, comunique imediatamente à Secretaria. Assim podemos providenciar o correto diagnóstico e erradicação do foco, evitando a disseminação para outros parreirais?, ressalta a engenheira agrônoma Maria Luiza Santos Conti, que também participou da ação de monitoramento. * Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr)
Cooperativa observa perda de 10% nas uvas - Colheita chegou na metade dos 26,5 milhões de quilos esperados
Em andamento na Serra gaúcha até meados de março, a safra de uva já rendeu à Cooperativa Vinícola Garibaldi 13 milhões de quilos do fruto. A quantidade representa quase a metade do que é esperado para este ano. Antes projetada para 30 milhões de quilos, a safra oriunda dos 430 associados da cooperativa deve ter uma ligeira quebra e finalizar na casa dos 26,5 milhões de quilos. A perda, de pouco mais de 10%, tem razão na estiagem, com a falta de chuva prejudicando o enchimento dos grãos.
Entretanto, a seca não trouxe prejuízo à qualidade das uvas. De acordo com o enólogo chefe da vinícola, Ricardo Morari, a sanidade do fruto está excelente. "Em função das poucas chuvas no período de colheita, a maturação tecnológica tanto para espumante como para vinho está muito boa, com boa graduação de açúcar e boa acidez", explica.
As condições climáticas também acabaram antecipando a colheita de algumas variedades de uva branca. De parte das cepas utilizadas para a elaboração de espumantes, a cooperativa já recebeu todo o volume de Chardonnay e de Pinot Noir, por exemplo, e mais de 75% do volume de Prosecco. "Houve uma aceleração na maturação dessas uvas, então, para preservar a acidez, que é importante depois para o frescor dos espumantes, antecipamos um pouco a colheita", esclarece o enólogo.
Mas outras variedades, como o Moscato Branco, apenas começaram a chegar à vinícola. Esse tipo de uva é uma das que compõem o preparo do Garibaldi Moscatel, que no ano passado saiu com o título de melhor espumante do Cone Sul do concurso chileno Catad'Or World Wine Awards, o mais importante da América Latina. "É uma variedade mais tardia, só deveremos ter todo seu volume até a metade de março", projeta Morari.
Outras uvas que estão apenas começando a chegar para a vinificação são as tintas finas. A semana que passou registrou a chegada dos primeiros cachos de Merlot e Tannat. E, pelo padrão dos frutos, a expectativa é ter, novamente, matéria-prima para burilar grandes rótulos.