Versatilidade e aplicabilidade do caju: uma abordagem técnica
A exploração do caju para além da castanha abre portas à inovações que somam valor ao produto e ao mercado. Uso integral, aproveitando a polpa, casca e até o líquido da castanha, torna a cadeia produtiva mais sustentável
O caju (Anacardium occidentale L.), comumente conhecido pelo consumo da castanha, possui potencial notável que vai além dessa parte. O pedúnculo do caju, também chamado de "maçã do caju", oferece uma gama de aplicações industriais e alimentares que estão em ascensão. Diversos estudos mostram que o caju é altamente nutritivo e versátil, o que o torna uma matéria-prima valiosa para diversas indústrias, desde bebidas até cosméticos e produtos farmacêuticos.
A polpa do caju é rica em vitamina C, fibras, açúcares naturais e compostos fenólicos, tornando-se um ingrediente poderoso na produção de alimentos funcionais e bebidas saudáveis. A concentração de antioxidantes naturais, como ácido ascórbico e carotenoides, dá à maçã do caju propriedades benéficas à saúde, especialmente em produtos que visam melhorar o sistema imunológico e combater o estresse oxidativo.
O caju é comumente transformado em sucos, néctares, geleias e vinagres, devido à riqueza nutricional e perfil sensorial exótico. O suco de caju se destaca pelo sabor agradável e propriedades antioxidantes, sendo também uma excelente fonte de vitamina C, que contribui para a preservação da qualidade do suco, retardando a oxidação. A produção de néctares e bebidas fermentadas a partir do caju tem demonstrado boa aceitação pelos consumidores e se apresenta como alternativa economicamente viável, especialmente em regiões produtoras.
Além disso, a casca da castanha de caju possui óleo com múltiplas aplicações, como no desenvolvimento de resinas e lubrificantes industriais. O líquido extraído da casca da castanha é amplamente utilizado na fabricação de vernizes e revestimentos, demonstrando que o caju não é apenas um alimento, mas também uma matéria-prima valiosa na indústria de materiais.
Apesar das qualidades nutricionais e antioxidantes, o suco da maçã do caju enfrenta desafios quanto à preservação, já que a alta carga microbiana e sensibilidade à oxidação podem comprometer a qualidade do produto. Técnicas de preservação, como pasteurização e uso de embalagens adequadas, são fundamentais para prolongar a vida útil de produtos à base de caju. Estudos recentes focam em métodos de preservação que mantêm o valor nutricional, como o uso de conservantes naturais e processos de alta pressão.
A exploração do caju para além da castanha abre portas para inovações que agregam valor ao produto e ao mercado. O uso integral, aproveitando a polpa, casca e até o líquido da castanha, torna a cadeia produtiva mais sustentável, reduzindo desperdícios e aproveitando ao máximo os coprodutos. O desenvolvimento de novos produtos à base de caju, como cosméticos e suplementos, reforça o potencial do fruto no mercado global.
Com base em estudos recentes é evidente que o caju oferece oportunidades promissoras para diversos setores. A implementação de novas tecnologias de processamento e preservação pode transformar o caju em uma commodity valiosa em mercados internacionais, reforçando a relevância do Brasil como um dos maiores produtores e exportadores dessa fruta.
A versatilidade do caju é evidente em suas múltiplas aplicações, tanto na indústria alimentícia quanto industrial. Seu potencial para gerar produtos de alto valor agregado e a rica composição nutricional fazem do caju um fruto promissor para o futuro da agroindústria, especialmente em projetos que buscam aliar sustentabilidade e inovação.
*Pedro Paulo Alves Pinheiro; Marciel Oliveira dos Santos; Stefany Cristiny F. da Silva Gadêlha; Sérgio Gonçalves Mota; Wanderson Rodrigues da Silva; Marco Antônio Pereira da Silva - Zootecnista/ESUCARV/Mestre em Zootecnia/UNESP/Doutor em Ciência Animal/UFG/Pós-Doutor pela Universidade Federal de Goiás - Professor EBTT do IF Goiano/Campus Rio Verde - Tel: (64) 98122-1172 - http://lattes.cnpq.br/9580158651519908 - https://orcid.org/0000-0002-3875-1104.
Agradecimentos: À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Processo n.303505/2023-0), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e IF Goiano - Campus Rio Verde pelo apoio a realização da pesquisa.
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