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Villa e Anprovin na Wine Trade Fair

Vinhos de Inverno são aqueles obtidos a partir da dupla poda, a técnica que inverte o ciclo da planta, fazendo com que a maturação ocorra nos meses mais frios e de maior amplitude térmica


A Vinícola Villa Santa Maria e a Associação Nacional de Produtores de Vinhos de Inverno (Anprovin) participaram entre os dias 10 e 12 de maio, na capital paulista, da quarta edição da São Paulo International Wine Trade Fair. O evento é considerado a principal feira de negócios da cadeia produtiva do vinho da América Latina.
A Villa Santa Maria apresentou os seus rótulos Brandina, parte deles, premiada em competições nacionais e internacionais. O vinho da Villa Santa Maria homenageia a nona Brandina, matriarca da família. O sommelier Christian Pinotti atendeu os visitantes no estande, orientou as degustações e explicou as características sensoriais de cada um dos rótulos do portfólio.

Safra de Syrah está no caminho da excelência - Os vinhedos da Villa Santa Maria são cuidados com extremo rigor. O setor de agro da vinícola aplica as técnicas mais modernas da vitivinicultura, em consonância com as orientações da Associação Nacional de Produtores de Vinho de Inverno (Anprovin). Vinhos de Inverno são aqueles obtidos a partir da dupla poda, a técnica que inverte o ciclo da planta, fazendo com que a maturação ocorra nos meses mais frios e de maior amplitude térmica.

A técnica da dupla poda ou poda invertida é fruto de pesquisas, avanços tecnológicos e adaptação da cultura. Ela consiste na inversão do ciclo da videira e possibilita a "colheita de inverno", ou seja, a produção das uvas que vão dar origem aos Vinhos de Inverno se concentra durante os meses mais secos e com maior amplitude térmica, noites amenas e dias ensolarados.

A técnica de dupla poda faz com que o ciclo da videira se altere, trazendo a maturação para o inverno. Estrategicamente, uma poda é feita em meados de agosto e a outra em janeiro. Com a segunda poda, no início do ano, o ciclo recomeça e a planta floresce em abril e maio. As uvas são, portanto, colhidas entre o final de julho e início de agosto.  Nesta época de colheita, os dias são bastante ensolarados (até 27º), as noites obviamente bem mais frias (cerca de 10º) e a amplitude térmica, que é a diferença do dia e da noite, chega a 15 e 17º, um cenário ideal para as uvas. Além disso, historicamente, não chove. A chuva é um dos grandes vilões para a uva utilizada para a produção de vinhos finos.

Estas características ambientais vão proporcionar, portanto, uma bebida com perfil distinto entre os vinhos finos brasileiros, configurando qualidade e identidade ao produto.

Essa técnica começou a ser testada, e depois aperfeiçoada, no início dos anos 2000 pelo professor e produtor Murillo de Albuquerque Regina. Então pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Murilo havia acabado de retornar da França onde concluiu o seu doutorado. Na ocasião, percebeu que as condições de produção de vinhos finos na Europa eram semelhantes às características do Inverno no Sul de Minas Gerais, na região da Mantiqueira, onde o café era a principal referência agrícola.

Murillo foi, então, aprofundando os seus experimentos e observações, o que resultou num projeto bem-sucedido de produção de Vinhos de Inverno em larga escala, uma técnica adotada por várias vinícolas e que acabou sendo consolidando ano a ano, safra a safra.

Os primeiros vinhos obtidos pela técnica chegaram ao mercado uma década depois. O retorno e o reconhecimento foram imediatos, com a adoção desses vinhos pela rede enogastronômica e com premiações nacionais e internacionais atestando a qualidade do produto. Hoje, a dupla poda não se resume ao Sul de Minas. Outras regiões do País, que possuem microclima similar, têm adotado a prática com bons resultados.  Mais: [email protected] - * Villa Santa Maria - [email protected]

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