Artigos Técnicos

Conservação pós-colheita da manga pelo uso de revestimentos comestíveis

A aplicação de CMC em mangas à temperatura ambiente reduziu o aumento das atividades da celulase do pericarpo, pectina metilesterase e poligalacturonase na casca, retardando o amadurecimento pós-colheita


A manga (Mangifera indica L.) é um fruto de grande potencial econômico, comercialmente é um dos frutos tropicais mais importante do mundo (ZHOU WEI et al., 2021). No entanto, por ser uma fruta climatérica e sua natureza perecível, estima-se que em média 28% deste fruto é perdida antes de atingir o mercado-alvo, quando transportado por longas distâncias (SILVA, 2016).

Nos últimos anos, a pesquisa sobre revestimentos comestíveis para preservação de frutas e vegetais aumentou muito (Zingh et al., 2016). Os revestimentos comestíveis são definidos como uma aplicação fina de material que forma uma barreira protetora em torno de um alimento e que pode ser consumido junto com o produto revestido (MCHUGH & SENESI, 2000). Criam uma barreira protetora semipermeável ao redor de toda a superfície da fruta, com isso reduz as perdas de qualidade, regula a umidade e a troca gasosa entre o ambiente interno da fruta e a atmosfera externa (NCAMA et al., 2018). 

Os revestimentos comestíveis geralmente são classificados em três principais grupos (NOR & DING, 2020): 1) À base de polissacarídeos (por exemplo, pectina, quitosana, gomas, derivados da celulose); 2) À base de proteínas (por exemplo, gelatina, zeína , isolado de proteína de soja , isolado de proteína de soro de leite, caseína); e 3) à base de lipídios (por exemplo, ceras, gorduras e óleos, resinas) que podem ser utilizados isoladamente ou em combinação (DUBEY & DUBEY, 2020). Quando utilizados em combinação, são intitulados como revestimentos compostos, apresentando funcionalidade aprimorada (KUMAR & SETHI, 2018 ; NCAMA et al., 2018).

Ngo et al. (2021) usou um revestimento de pectina-nanoquitosana para preservar o frescor das mangas e descobriu que 2% de pectina-nanoquitosana reduzia efetivamente a perda de água das mangas e retardava o escurecimento e a perda de dureza da casca da fruta. A aplicação de CMC em mangas à temperatura ambiente reduziu o aumento das atividades da celulase do pericarpo, pectina metilesterase e poligalacturonase na casca, retardando o amadurecimento pós-colheita (Ali et al., 2022). 

Atualmente, a aplicação pós-colheita de revestimento comestível em mangas tem sido amplamente adotada e alguns novos materiais têm sido explorados. Carvalho, A. (2023) utilizou pectina 2% associada à cera da cana-de-açúcar e à cera de arroz e os resultados obtidos com os revestimentos compostos foram melhores que utilizando pectina isoladamente, aumentando a vida útil dos frutos.

As ceras são formadas por ésteres de ácidos e álcoois alifáticos de cadeia longa. Revestimentos e filmes com cera em suas formulações são mais resistentes à difusão de água do que a maioria dos outros filmes comestíveis devido ao seu baixo teor de grupos polares e seu alto teor de álcoois graxos de cadeia longa e alcanos. Ceras vegetais (candelila, cana-de-açúcar, arroz), minerais (por exemplo, parafina e ceras microcristalinas) ou ceras animais, incluindo insetos (por exemplo, cera de abelha, lanolina e gordura de lã) estão entre os materiais que podem ser utilizados em filmes e revestimentos (GALUS & KADZI?SKA, 2015).

Assim, o uso de revestimentos comestíveis é uma boa alternativa para aumentar a vida útil   das mangas, podendo contribuir para a expansão do mercado brasileiro, por aumentar o tempo de transporte da fruta para os mercados interno e externo (ESHETU et al., 2019).

*Adriana Sousa e Silva Carvalho1, Geovana Rocha Plácido2 - 1Master in Food Technology from Instituto Federal Goiano, IF Goiano - Campus Rio Verde. Sul Goiana Highway - Km 1 - Rural Area, 75901- 970, Rio Verde, GO. Email: [email protected]; twoPhD in Chemical Engineering from the Federal University of Santa Catarina - Câmpus Corrêgo Grande, Florianópolis - R. Eng Agronomic Andrei Cristian Ferreira, sn/ - Trindade, Florianópolis - SC, 88040-900. Email: [email protected]

Referências Bibliograficas: ALI, SAJID ET AL. (2022) Carboxymethyl cellulose coating delays ripening of harvested mango fruits by regulating softening enzymes activities. Food Chemistry, v. 380, p. 131804, 2022. CARVALHO, A. (2023). Conservação pós-colheita de mangas pelo uso de revestimentos à base de pectina e carboximetilcelulose associados a ceras vegetais. DUBEY, N. K., & DUBEY, R. (2020). Edible films and coatings: An update on recent advances. In Biopolymer-based formulations (pp. 675-695). Elsevier. ESHETU, A., IBRAHIM, A. M., FORSIDO, S. F., & KUYU, C. G. (2019). Effect of beeswax and chitosan treatments on quality and shelf life of selected mango (Mangifera indica L.) cultivars. Heliyon5(1), e01116. GALUS, S., & KADZI?SKA, J. (2015). Food applications of emulsion-based edible films and coatings. Trends in Food Science & Technology45(2), 273-283. KUMAR, P., & SETHI, S. (2018). Edible coating for fresh fruit: A review. International Journal of Current Microbiology and Applied Sciences7(5), 2619-2626. MCHUGH, T. H., & SENESI, E. (2000). Apple wraps: a novel method to improve the quality and extend the shelf life of fresh?cut apples. Journal of Food Science65(3), 480-485. NCAMA, K., MAGWAZA, L. S., MDITSHWA, A., & TESFAY, S. Z. (2018). Revestimentos comestíveis à base de plantas para gerenciar a qualidade pós-colheita de produtos hortícolas frescos: uma revisão. Embalagem de alimentos e prazo de validade16, 157-167. NCAMA, K., MAGWAZA, L. S., MDITSHWA, A., & TESFAY, S. Z. (2018). Revestimentos comestíveis à base de plantas para gerenciar a qualidade pós-colheita de produtos hortícolas frescos: uma revisão. Embalagem de alimentos e prazo de validade16, 157-167. NGO, T. M. P., NGUYEN, T. H., DANG, T. M. Q., DO, T. V. T., REUNGSANG, A., CHAIWONG, N., & RACHTANAPUN, P. (2021). Effect of pectin/nanochitosan-based coatings and storage temperature on shelf-life extension of "Elephant" Mango (Mangifera indica L.) Fruit. Polymers13(19), 3430. NOR, S. M., & DING, P. (2020). Trends and advances in edible biopolymer coating for tropical fruit: A review. Food Research International134, 109208. SILVA, M. D., ALVES, T. L., MARTINS, J. N., & SOUSA, F. D. C. DE. (2016). Elaboração e caracterização fisico-quimica da polpa integral de manga (Mangifera indica l.) variedade espada. SINGH, Z., SINGH, R. K., SANE, V. A., & NATH, P. (2013). Mango-postharvest biology and biotechnology. Critical Reviews in Plant Sciences, 32(4), 217-236. ZHOU, W., HE, Y., LIU, F., LIAO, L., HUANG, X., LI, R. & LI, J. (2021). Carboxymethyl chitosan-pullulan edible films enriched with galangal essential oil: Characterization and application in mango preservation. Carbohydrate Polymers, 256, 117579.

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