Artigos Técnicos

Influência do consumo do baru na saúde humana

Uma dieta rica em castanhas e nozes contribuem para um menor risco de doenças crônicas e melhora o estado de saúde geral do indivíduo


Os alimentos de origem vegetal, como as oleaginosas, constituem uma das principais fontes de compostos bioativos e de ácidos graxos poli-insaturados, com isso tornam-se alvos de estudos a fim de analisar a composição de suas amêndoas. A demanda por alimentos ricos em compostos bioativos vem aumentando nos últimos anos devido a sua propriedade funcional (COSTA et al., 2011).

As castanhas são fontes de ácidos graxos insaturados, proteínas, fibras, micronutrientes, vitaminas e compostos bioativos, e atuam retardando o processo de envelhecimento, estimulando o sistema imunológico e protegendo contra doenças cardíacas e certos tipos de câncer (COSTA et al., 2011).

Uma dieta rica em castanhas e nozes contribuem para um menor risco de doenças crônicas e melhora o estado de saúde geral do indivíduo, ainda que muitos compostos presentes nas castanhas ainda não tenham sido identificados e caracterizados (COSTA et al., 2011).

Oleaginosas in natura são ótimas fontes de fitoesteróis e que devem ser consumidas diariamente para que atingir os níveis benéficos recomendados para a saúde humana. A variação na quantidade disponível de esteróis em cada alimento é diferente, portanto, torna-se importante diversificar a ingestão das oleaginosas (ESCHE et al., 2013).

O amendoim e a amêndoa do baru constituem-se de uma boa fonte energética e proteica, o perfil de ácido graxo do baru é semelhante ao amendoim. O consumo de castanhas está associado à redução do risco de doenças cardiovasculares (DCV), assim como a razão de ômega 6 a ômega 3 pode contribuir para a redução dos fatores de risco (HONG et al., 2018; ALVES et al., 2016). A razão de ?-6 a ?-3 da amêndoa de baru é grande para ácidos graxos monoinsaturados em comparação a outras oleaginosas (ALVES et al., 2016). Sendo assim, o óleo da amêndoa de baru contém uma boa relação de ácidos graxos ?-6:?-3, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) é recomendada a proporção de 5:1 a 10:1 para ?-6 e ?-3 (OMS, 2003).

As amêndoas de baru são uma ótima fonte energética apresentando 560,30 calorias em 100 gramas, com alto conteúdo de teores de lipídios (37,38 gramas/100g), principalmente ácidos graxos monoinsaturados, especificamente ácido oleico (47,20 g/100 g), uma boa fonte de proteínas (21,58 gramas/100g) e vitamina C (0,69 mg/100g) (KWIATKIWSKI et al., 2018; OLIVEIRA-ALVES et al., 2020).

O óleo de baru apresenta alto teor de lipídeos de cadeia insaturada, caracterizando seu potencial antioxidante capaz de reduzir os danos causados pelos radicais livres que atuam no organismo e que podem retardar o envelhecimento precoce e até mutações e doenças como câncer (SOUZA et al., 2019).

Os compostos bioativos do baru estão presentes tanto na polpa como na amêndoa do fruto, a polpa é rica em antioxidantes e o óleo extraído do baru apresenta tocoferóis, atividade antioxidante, ácidos graxos (oleico e linoleico), ácido palmítico, esteárico e araquidônico. (ARAÚJO et al., 2016; FETZER et al., 2018).

O baru destaca-se também o alto conteúdo de fitoesteróis, com 100 a 200 mg de ?-sitosterol por 100 gramas, e os altos teores de vitamina E, além da presença de alguns ácidos fenólicos em sua amêndoa (FREITAS; NAVES, 2010). O consumo de amêndoas de baru está relacionado à redução da adiposidade abdominal em mulheres com sobrepeso e obesidade e melhoram os níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade. (SOUZA et al., 2018).

Fernandes et al., 2015, ao comparar o efeito do consumo de amêndoa de baru e castanha do Pará sobre a dislipidemia e o estresse oxidativo em ratos, viu resultados mais promissores para a amêndoa do baru, concluindo que o baru pode ter um grande potencial como fonte alternativa de lipídio vegetal na alimentação humana no controle e prevenção da dislipidemia.

O baru ainda se caracteriza por ser uma boa fonte de fibra alimentar em concentração média de 14% da amêndoa e com predominância de fibras insolúveis (FREITAS et al., 2010). É indicado na medicina popular para tratar infecções do trato urinária, afim de determinar esse potencial antimicrobiano, Sanchez, 2014, preparou extrato bruto do baru a diferentes concentrações e foram realizados testes de sensibilidade com vários antibióticos a cepas de agentes causadores de infecções urinárias, como: Proteus sp., Escherechia coli, Enterobacter sp. E Staphlococcus sp.

O uso de amêndoas é apreciado pelo brasileiro pois trata-se de um alimento rico em nutrientes, em ácidos graxos poli-insaturados com ação antioxidante gerando benefícios para a saúde. O baru é um fruto do cerrado promissor, rico em nutrientes e de sabor agradável, sendo assim, muito utilizado na culinária.

*Ana Carolina Muniz Ferreira/Orientador: Dr. Rogério Favareto/Coorientador: Dr. Celso Martins Belisário/Rio Verde - GO - Setembro/2022 - [email protected]

Referências: ALVES, Aline Medeiros; FERNANDES, Daniela Canuto; BORGES, Jullyana Freitas; SOUSA, Amanda Goulart de Oliveira; NAVES, Maria Margareth Veloso; Oilseeds native to the Cerrado have fatty acid profile beneficial for cardiovascular health, Revista de Nutrição, dec 2016, Volume 29, N. 6, Pages 859-866. COSTA, Tainara; JORGE, Neuza. Compostos bioativos benéficos presentes em castanhas e nozes. UNOPAR Científica. Ciências Biológicas e da Saúde, p. 195-203, 2011. ESCHE, R.; MU?LLER, L.; ENGEL, K.H. Oline LC-GC-Based analysis of minor lipids in various tree nuts and peanuts. J. Agricultural and Food Chemistry, 61, 11636?11644, 2013. FERNANDES, DC; ALVES AM; CASTRO GSF; JORDÃO JUNIOR, AA; NAVES MMV. Efeitos baru amêndoa e castanha-do-pará contra hiperlipidemia e estresse oxidativo in vivo. J Food Res. 2015; 4(4):38-46. FETZER, Damian L. et al. Extraction of baru (Dipteryx alata vogel) seed oil using compressed solvents technology. The Journal of Supercritical Fluids, v. 137, p. 23-33, 2018. FREITAS, Jullyana Borges; NAVES, Maria Margareth Veloso; Composição química de nozes e sementes comestíveis e sua relação com a nutrição e saúde; Revista de Nutrição, apr 2010, Volume 23, N. 2, Pages 269-279. HONG, Mee Young et al. Anti-inflammatory, antioxidant, and hypolipidemic effects of mixed nuts in atherogenic diet-fed rats. Molecules, v. 23, n. 12, p. 3126, 2018. ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD (OMS). Informe de una consulta mixta de expertos OMS/FAO. Dieta, nutrición y prevención de enfermedades crónicas. Genebra: OMS, 2003. (OMS Serie de Informes Técnicos, 916). SANCHEZ, R. M. Estudo fitoquímico e Propriedades Biológicas da Dipteryx alata Vogel (baru). Dissertação (Mestrado em Ciência dos Materiais) - Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, p.98. 2014. SOUZA, R. G. M., et al.; A baru almond enriched diet reduces abdmonial adiposity and improves high density lipoprotein concentrations: A randomized placebo controlledtrial. Nutrition, v. 55 - 56, p. 154 - 160, 2018.

Comentários