Artigos Técnicos

Panorama dos porta-enxertos para macieiras da série Geneva® no Brasil

Porta-enxertos da série Geneva® são boas opções para os pomicultores brasileiros, devido a adaptabilidade aos solos de replantio ao clima do Brasil


Dentre os programas de melhoramento de porta-enxertos para macieiras no mundo, o de Geneva® é o mais ativo no mundo, produzindo diversos porta-enxertos que variam em relação a vigor, precocidade e resistência a doenças, mas que jamais foram testados para regiões mais quentes, como o Brasil, demonstrando melhor brotação da parte superior das plantas na cultivar Gala, com um percentual de 69% de brotação no G213 contra 23% no M9, na primavera de 2015 (Figura 01)

Desde 2011 a Udesc vem avaliando diversos experimentos com os porta-enxertos da série G, como o G814, G210, G757, G41, G202, G935, G969, G213, sempre comparando com o M9. O porta-enxerto G213, originalmente criado em Geneva, jamais teve continuidade de plantio no USA, no entanto, no Brasil tem apresentado resultados muito promissores em relação à produtividade, chegando a produzir 57 ton/ha, com Gala, a mais que o M9 em seis anos de produção em área de replantio. 

Figura 01: Aspecto de plantas de macieira Gala com falta de brotação na parte superior da copa enxertadas em diferentes porta-enxertos. Lages 2020

Figura 02: Produtividade em toneladas por hectare de plantas de macieira de "Gala" com sete anos de plantio com diferentes porta-enxertos em Vacaria-RS. Lages 2020

Em 2016 foram introduzidos os G41, G210, G935 e G969, com comportamento um pouco diferente nas condições brasileiras em relação ao vigor proposto para eles nos EUA, gerando uma classificação para as condições Brasileira em relação ao vigor induzido nas plantas de macieira (Figura 03)

Figura 03: Tabela de vigor induzido nas plantas de macieira pelos diferentes porta-enxertos da série Geneva®, nas condições dos Estados Unidos e nas condições do Brasil proposto pela Udesc. Lages -2020.

Em 2017 a Udesc instalou 12 áreas experimentais no sul do Brasil, com uma abrangência desde Guarapuava e Palmas no Paraná; Lages, São Joaquim, Fraiburgo, Urubici, Urupema e Painel em Santa Catarina; Caxias do Sul e Vacaria no Rio Grande do Sul. Todas as áreas em parcerias com as principais empresas e centros de pesquisa que estão envolvidos com a cultura da Macieira. (Figura 04)

Figura 04: Regiões produtoras de maçãs no Sul do Brasil, com instalações 12 de áreas experimentais com os porta-enxertos da série Geneva® . Lages 2020.

Nesse período foram testados os porta-enxertos G213, G202, G757 e G814, comparando-os com os tradicionais utilizados, tais como o 'M9' e 'Marubakaido' com interenxerto de M9 (Maruba/M9), em solo virgem e em área de replantio, nas cultivares Maxi Gala e Fuji Suprema. O G213 produz 43% a mais com Fuji em replante em relação ao M9 e 34% a mais na Gala. Foram avaliados os níveis de hormônios presentes nas plantas com os porta-enxertos da série Geneva®.

O G213 tem índices maiores de Zeatin e trans Zeatin-Ribose, e menores índices ABA, o que demonstra o efeito de melhor brotação do G213, em torno de 70% no topo da planta, contra 23% no M9, em condições de baixo frio invernal, para a cultivar Gala. Os porta-enxertos G814 e o G213 proporcionaram os maiores valores de produção acumulada para 'Maxi Gala".

Com a introdução dos Geneva®, houve uma mudança no método de como as plantas de macieiras estão sendo produzidas no Brasil, a Agromillora está disponibilizando os porta-enxertos no calibre de enxertia para os viveiristas, proporcionando melhor qualidade nas plantas produzidas, chegando a ser enxertadas mais de 2 milhões de plantas dos Geneva® ®, sendo 800 mil de G213.( Figura 05)

Leo Rufato -  Professor Udesc - Lages. Tiago Afonso de Macedo - Agromillora Group; Priscila Santos da Silva - Doutoranda Udesc -  Lages

Alberto Ramos Luz - Professor Udesc - Lages. Daiana Petry- Professora Udesc - Lages. Francine Regianini Nerbass- Professora Udesc - Lages.

Antonio Felipe Faguerazzi- Professor Udesc - Lages. Aike Anneliese Kretzschmar- Professora Udesc - Lages.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 05: Plantas dos porta-enxertos da série Geneva® oriundas de micropropagação, com calibre de enxertia disponibilizadas aos viveiristas brasileiros pela Agromilora do Brasil. Lages-2020. 

 

Outro fato interessante das mudas micropropagadas, é o sistema radicular muito mais fasciculado que nas plantas oriundas de propagação por cepa (Figura 06)

 

Figura 06: Diferença do sistema radicular de porta-enxertos de macieira. Lages-2020.

 

Os porta-enxertos da série Geneva® são boas opções para os pomicultores brasileiros, devido a adaptabilidade aos solos de replantio ao clima do Brasil e a estabilidade de produção, com menor alternância.

 

 

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