Clima favoreceu a uva que está 10% a mais na produção, comparado a safra passada

Avaliação da safra de uva 2016/17 da Serra Gaúcha


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1- Condições Climáticas: Sendo a vinha uma espécie vegetal de comportamento caducifólio para as condições do sul do BR, ou seja, perde as folhas no outono e entra em dormência no inverno, requer ser submetida `a baixas temperaturas para poder superar esse estágio de latência. Embora o frio intenso tinha tido ocorrência precoce, última semana de abril, ele se estendeu até o final de setembro, caracterizando o melhor inverno das últimas décadas, tanto em quantidade, quanto em qualidade.

A Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves registrou o acúmulo de 530hs de temperaturas abaixo de 7,2 o C, quantidade bem acima da média dos últimos 35 anos, que é de 410h, e muito além das 145 h do último ano. A qualidade do frio foi excelente, pois ocorreu de forma contínua, sem nenhum pico de calor no período abordado. As geadas de outubro e novembro foram de baixa intensidade, não vindo a afetar o desenvolvimento e produtividade da cultura. Estas condições, quantidade e qualidade do frio, viabilizaram uma excelente brotação de gemas vegetativas, tanto em número, quanto à uniformidade dos brotos. Na segundo quinzena de outubro, registrou-se altos volumes de chuvas e em dias consecutivos, coincidindo com uma das duas fases mais críticas de viticultura, o florescimento da maioria das variedades. Houve abortamento de flores/bagas, porem pouco afetando o potencial produtivo, pois as que permaneceram compensaram pelo calibre (diâmetro) e peso. Afora esse fato, a primavera apresentou ótimas condições para o desenvolvimento e sanidade dos videirais, refletindo-se em baixo número de aplicações fitossanitárias necessárias.

2- Produtividade: A Niágara, variedade de maturação precoce, apresenta produtividade bem abaixo da sua média, refletindo o esgotamento da planta pelo a altíssima produção na safra 2014/15 e sérios danos causados pelas geadas de meados de setembro de 2015. As demais cultivares, principalmente a Isabella e Bordô, que representam 50% da área cultivada, demonstram carga acima das suas médias. Assim, a perspectiva é de se colher 790.000 ton, volume 10% acima da média.

3- Qualidade da fruta:  Os meses de dezembro e janeiro marcam a maturação e colheita das variedades super precoces. As precipitações registradas no final de dezembro em diante, principalmente quanto à frequência, e a consequente baixa insolação, já afetam a qualidade dessas uvas, fortemente nos quesitos sanidade (podridões) e concentração de açúcares (graduação). As de ciclo precoce, médio e tardio ainda podem ter este quadro revertido.

4- Mercado:   A conjunção de fatores como os baixos estoques de produtos ? vinho, suco, espumantes, da safra passada e o incremento do consumo nesse ano, motivado pelas condições típicas do inverno, perfazem um panorama de valorização da uva, evidenciado pela precoce e forte procura do produto.

Mais Eng°. Agr°. Enio Ângelo Todeschini - Assistente Regional Fruticultura - [email protected]; Eng°. Agr°. Antônio Conte - Assistente Estadual Fruticultura - [email protected]

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