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Covid-19 pressiona setor de laranja do Brasil em ano de safra menor, diz produtora

Setor foi responsável por gerar 48.196 admissões em 2019, ou 26% da vagas geradas em São Paulo


O Grupo Junqueira Rodas, que produz laranja em 2,2 milhões de pés espalhados por sete fazendas no Estado de São Paulo, reinventou-se para enfrentar o Covid-19 na safra 2020, visando minimizar os riscos aos trabalhadores nos pomares.

Sarita Rodas, a sócia-presidente da empresa familiar com mais de meio século de existência, uma das grandes e tecnificadas produtoras da fruta no Brasil, avalia que este será "um ano dos mais difíceis", o que sinaliza o cenário que a cadeia produtiva tem pela frente.

Isso porque, diferentemente de outras commodities agrícolas nas quais o Brasil também é líder mundial, como soja, açúcar e café, a laranja precisa de mais gente para ser colhida --ainda não há máquinas colhedoras para fazer o serviço.

O que deixa a indústria de laranja do Brasil mais exposta ao vírus do que outras no agronegócio, trazendo incertezas para um setor que responde por mais da metade da produção global de suco e gerou renda de mais de 13 bilhões de reais em 2019. "Nunca imaginei que teríamos de adotar tantas medidas sanitárias para o ser humano... Acho que é um ano de muito risco, não saber até que ponto vamos conseguir desenvolver a colheita, se vai ter falta de mão de obra... acho que é um dos anos mais difíceis da história", disse Sarita à Reuters, em uma entrevista por telefone.

A atividade é tão intensiva em mão de obra --com os "safristas" convocados na época colheita-- que foi responsável por gerar 48.196 admissões em 2019, ou 26% da vagas geradas em São Paulo, dínamo econômico e maior produtor da fruta no país.

A magnitude das contratações, um movimento que começa em junho com o início da colheita da fruta para indústria, dá ideia também dos desafios diante de uma doença tão contagiosa e nova, pontuou Sarita.  "O momento difícil faz a gente se reinventar... éramos acostumados com contato pessoal, e conseguimos ser tão produtivos ou mais de forma online, criamos esse plano de contingência, tudo online", contou Sarita, advogada que lidera o grupo há seis anos, após um processo sucessório iniciado há 12.

"No agro, não é tão comum trabalhar online, foi uma mudança muito brusca, mas muito produtiva", acrescentou ela, ao revelar como foi estabelecer todos os procedimentos e regras para garantir a segurança sanitária dos trabalhadores.

Além de todas as ações básicas para diminuir os riscos de contaminação, como distanciamento no transporte e na fila do ponto de ônibus, uso obrigatório de máscaras, entre outras, a empresa investiu em tecnologias como o ponto facial, para o funcionário evitar contato físico ao registrar presença. As regras incluem até advertência trabalhista aos que não usam os equipamentos de proteção, como forma de conscientização.

Boom de Trabalhadoes - Tudo isso já está sendo desenvolvido no momento em que o grupo ainda realiza a colheita da chamada laranja de mesa, destinada o mercado interno, que demanda menos funcionários.  Mas quando a safra da laranja consumida pela indústria exportadora de suco começar, em mais um mês, o número de empregados do grupo vai dobrar para mais de mil com a chegada dos "safristas", no grande teste das ações contra a doença. *Agencia Reuters

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