Estudantes da UFVJM conhecem pesquisas com pitaya e manejo de água na Embrapa Cerrados; 2% de área agrícola do mundo irrigados respondem por 40% da produção de alimentos
Câmara Legislativa do DF celebra os 50 anos da Embrapa Cerrados; O produtor ressaltou que a agricultura tropical viabilizou a produção de três safras numa mesma área no mesmo ano agrícola
A Embrapa Cerrados (DF) recebeu na última segunda-feira (23) a visita de um grupo de 21 alunos dos cursos de Agronomia e de Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM - Campus Unaí). Acompanhados pelos professores Hermes da Rocha (da disciplina Irrigação), Alessandro Nicoli (Fruticultura) e Lucas Santana (Máquinas e Mecanização), os estudantes assistiram a apresentações do chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, Fábio Faleiro, e da pesquisadora Maria Emília Alves no auditório Wenceslau Goedert e nos campos experimentais da Unidade.
Faleiro fez a apresentação institucional do centro de pesquisas, destacando a revolução da agropecuária brasileira nos últimos 50 anos que tornou o Brasil um importante produtor e exportador de alimentos. Grade parte desse processo se deveu à conquista do Cerrado, que teve a contribuição decisiva das pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Cerrados.
O pesquisador falou sobre as principais linhas de pesquisa e tecnologias da Unidade, bem como a inserção do centro nos atuais objetivos estratégicos finalísticos da Embrapa (recursos naturais e mudanças climáticas, tendências de consumo e agregação de valor, segurança alimentar e Saúde Única, produção sustentável e competitividade, bioeconomia e economia circular, inclusão socioprodutiva e digital, tecnologias emergentes e disruptivas); e a busca pelo equilíbrio entre agronegócio, sociedade e recursos naturais. "A conquista do Cerrado não seria possível sem políticas públicas, ciência, tecnologia e inovação, extensão rural e transferência de tecnologia, mas, principalmente, sem a força do produtor rural brasileiro", afirmou.
Importância da agricultura irrigada - Ao fazer um panorama sobre a agricultura irrigada, Maria Emília Alves lembrou que a agricultura é a atividade humana que mais depende das condições do tempo e do clima. Nesse sentido, o déficit hídrico é o principal fator climático de risco para a agricultura brasileira - e é aí que reside a importância da irrigação.
Entre as vantagens da agricultura irrigada, ela apontou a redução do risco climático, a verticalização da produção (com o aumento da produtividade e a utilização do solo durante todo o ano), a agregação de valor aos produtos e a geração de empregos - todos esses fatores contribuem para o aumento e a estabilidade da oferta de alimentos e, consequentemente, para a segurança alimentar e nutricional.
Segundo dados apresentados pela pesquisadora, os 12% de área agrícola do mundo irrigados respondem por 40% da produção de alimentos. No Brasil, a área irrigada em 2021, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), era de 8,2 milhões ha (sexta maior do mundo), representando menos de 20% da área cultivada, porém mais de 40% da produção de alimentos, fibras e cultivos bioenergéticos.
A agricultura irrigada tem expressiva participação, no País, em culturas como café (os 12% do parque cafeeiro irrigado correspondem a 30% da produção nacional), feijão (a terceira safra só ocorre se for irrigada), arroz (90% da produção nacional provém dos 77% irrigados de toda a área plantada), hortaliças (cerca de 90% da produção é irrigada, com indução social e de renda e uso em boa parte pela agricultura familiar) e na fruticultura (permitindo colheitas durante quase todo o ano e em grandes escalas, além da expansão da atividade em regiões antes consideradas inviáveis).
Em 2014, um estudo publicado pelo o Ministério da Integração Nacional, atual MIDR, em parceria com a USP/Esalq, estimou que o Brasil tem potencial efetivo, em curto e médio prazos, para irrigar 13,7 milhões ha, considerando as áreas com atualmente com disponibilidade hídrica, fornecimento de energia elétrica e viabilidade logística para escoamento da produção. "Mas a expansão das áreas irrigadas precisa ser feita com sustentabilidade, com condições de produzir sem degradar o meio ambiente", ponderou a pesquisadora, acrescentando a necessidade de políticas públicas que favoreçam essas condições.
Por fim, Alves destacou que em 15 de junho é comemorado o Dia Nacional da Agricultura Irrigada, que busca não apenas promover a conscientização sobre o segmento como também estabelecer a relação equilibrada entre a produção de alimentos e o meio ambiente, unindo os setores envolvidos e apoiando o desenvolvimento agropecuário sustentável do País. A data foi escolhida por ser próxima ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho) e por estar no início da estação seca em grande parte das regiões produtoras brasileiras, período em que a produção de alimentos é quase totalmente dependente da irrigação.
Cultivares de pitaya e sistema de produção - Nos campos experimentais, os estudantes conheceram a área de experimentos com pitaya. Fábio Faleiro falou sobre as características das cultivares lançadas em 2023 pela Embrapa Cerrados - BRS Luz do Cerrado, BRS Lua do Cerrado, BRS Granada do Cerrado, BRS Âmbar do Cerrado e BRS Minipitaya do Cerrado.
Os materiais foram selecionados e validados em diferentes regiões brasileiras e sistemas de produção. Além de se destacarem pelo sabor adocicado, pela resistência a doenças e pelas produtividades bem superiores à média nacional (3 ton/ha), as cultivares são autocompatíveis, ou seja, produzem frutos sem a necessidade de polinização cruzada, dispensando a realização da polinização manual pelos agricultores durante a madrugada, quando as flores se abrem.
O pesquisador também comentou sobre aspectos de manejo e do sistema de produção da pitaya, além de explicar que o programa de melhoramento genético, iniciado na década de 1990, trabalha, principalmente, as características de produtividade e de qualidade física e química dos frutos, a exemplo da doçura. "Acredito que o lançamento dessas cultivares e da tecnologia tem potencializado o cultivo da pitaya no Brasil, do Rio Grande do Sul até Roraima", comentou.
Mas informações sobre a cultura e o sistema de produção podem ser encontradas na publicação Pitaya: uma alternativa frutífera, bem como sobre a utilização gastronômica em Pitaya: 200 formas de utilização em receitas doces e salgadas.
Irrigação por gotejamento subterrâneo - Na Unidade de Referência em Manejo de Água (URMA 2), área de 2 ha onde foi implantado um sistema automatizado de irrigação por gotejamento subterrâneo, Maria Emília Alves e o técnico Orlando Viera explicaram o funcionamento da casa de bombas, dos tanques para bombeamento, dos tubos enterrados a 28 cm de profundidade e dos sensores que compõem o sistema, além da montagem dos experimentos, iniciados na safra 2023/24.
A tecnologia de gotejamento enterrado já é bastante utilizada em cana de açúcar e, em menor extensão, na cafeicultura e na fruticultura. Na Embrapa Cerrados, porém, ela está sendo testada para o cultivo de grãos. São avaliadas diferentes lâminas de irrigação e a fertirrigação em soja (em quatro blocos) e milho safrinha (em dois blocos) e, nos dois blocos restantes da área, são conduzidos testes de reinoculação da soja com Bradyrhizobium spp. Segundo a pesquisadora, a principal vantagem do sistema é a maior eficiência de aplicação de água, além de facilitar os tratos culturais e o manejo das culturas.
Entre os testes realizados, o estudo do bulbo molhado verifica se a água aplicada no subsolo atinge a superfície e em quanto tempo, o que foi demonstrado em uma trincheira cavada na área do experimento. Para avaliar a lâmina d'água para irrigação, o sistema pode trabalhar com níveis de água no solo de 20%, 40%, 60% e 100% da capacidade de campo.
"Avaliamos o tempo de funcionamento do sistema e a umidade do solo para podermos recomendar a lâmina d'água ideal para esta condição do experimento", explicou a pesquisadora, destacando que o ponto mais desafiador do uso do sistema com cultura de grãos é a disponibilização de água para a germinação das sementes. "Quando a cultura se estabiliza, o movimento da água é suficiente para satisfazer a necessidade das plantas", completou.
Já os sensores verificam a variação de umidade no solo, a percolação da água e a umidade em diferentes profundidades, informações que são úteis ao manejo da irrigação e vão permitir o estabelecimento do perfil da movimentação da água ao longo do solo, segundo Alves.
A pesquisadora Solange Andrade falou sobre os testes com a reinoculação de Bradyrhizobium spp. em soja, que está sendo avaliada tanto por meio do sistema de irrigação subterrânea como pela aplicação por barra pulverizadora. Os tratamentos são comparados a uma área testemunha onde não há a reinoculação. Os testes foram realizados no último verão (período chuvoso) e estão sendo repetidos neste inverno (período seco). Ela explicou que a ideia é verificar se a reinoculação afeta o rendimento de grãos da cultura e, em caso positivo, como ocorre esse efeito.
Conhecimentos para a formação acadêmica - O professor Hermes da Rocha, que trouxe alunos pela terceira vez à Unidade, explicou que a visita dos estudantes a uma área de pesquisa para avaliarem os trabalhos realizados em fruticultura e irrigação é de grande importância para a formação dos acadêmicos. "São alunos em final de curso e consideramos que é extremamente importante que eles tenham esse contato com a pesquisa, com a ciência, com equipamentos de última geração e com o que está sendo gerado. É certamente algo que vai acrescentar bastante à formação dos nossos estudantes".
Stefany Suaris está no último ano do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental concordou com o professor, sobretudo quanto ao que aprendeu sobre o sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo. "Foi uma novidade que pudemos ver na prática. Minhas dúvidas foram bastante atendidas. Quero muito trabalhar com pequenos produtores e, como aqui o trabalho é mais voltado à pesquisa, isso ajuda bastante para levarmos novas tecnologias à agricultura familiar para otimizar o tempo e o recurso dos agricultores", disse. *Breno Lobato/Embrapa Cerrados - Telefone: (61) 3388-9945 - [email protected]
Aluno do nono período de Agronomia, Guilherme Alves comentou que o sistema de irrigação subterrâneo apresentado é uma tecnologia nova no mercado, e que ainda há falta de informação sobre as lâminas d'água para o manejo da irrigação. A irrigação por microaspersão observada na cultura da pitaya também chamou a atenção do estudante, acostumado a ver a cultura sendo irrigada por gotejamento.
Ele acrescentou que a visita também possibilitou o despertar dele e dos colegas para a área da pesquisa, uma vez que muitos geralmente buscam atuar em áreas comerciais. "Essas inovações nos despertam a buscar a parte de pesquisa. No meu caso, na parte de irrigação, (gostaria de) buscar adaptar lâminas d'água para culturas diferentes, porque hoje, comercialmente, não há tantos dados concretos".
Câmara Legislativa do DF celebra os 50 anos da Embrapa Cerrados - Em sessão solene promovida pela deputada Jaqueline Silva, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) enalteceu o protagonismo de cinco décadas de história e conquistas da Embrapa Cerrados (DF) no desenvolvimento agropecuário sustentável do Cerrado. Realizada no Plenário Jorge Cauhy na manhã de 24 de julho, a solenidade teve a presença de empregados ativos e aposentados da Unidade, além de familiares dos homenageados e estudantes.
Jaqueline Silva destacou que o centro de pesquisa se tornou símbolo de excelência científica, inovação e compromisso com o desenvolvimento sustentável do DF. "Ao longo dessas cinco décadas, a Unidade vem desempenhando um papel fundamental na transformação agrícola do nosso DF, destacando-se por soluções que revolucionaram o campo no cuidado com o solo, no fortalecimento da pecuária e na produção vegetal. Cada resultado alcançado é fruto de um trabalho coletivo, realizado com serenidade, dedicação e respeito pelo Cerrado e por quem dele vive", disse, agradecendo a todos os empregados e colaboradores.
A parlamentar declarou orgulho de ser parceira da Embrapa e de poder contribuir com a Embrapa Cerrados, unidade que, para ela, representa não apenas a ciência e a inovação, mas que também tem compromisso com as pessoas, com o meio ambiente e com o DF. "A sociedade precisa, de fato, reconhecer e valorizar o que os senhores e as senhoras fazem", completou.
O chefe-geral Sebastião Pedro lembrou o papel da Embrapa Cerrados na transformação do cenário agrícola do Brasil com o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias e a disseminação de conhecimento, que têm impulsionado melhorias na produtividade, na sustentabilidade e na qualidade de vida dos produtores rurais e da população urbana. "Os avanços na adaptação de culturas ao clima e aos solos do Cerrado, a implantação de técnicas de manejo sustentável e a inovação em produtos e processos que hoje representam uma referência para o País e o mundo", afirmou.
Sebastião Pedro expressou gratidão aos empregados pelo esforço e dedicação. "Vocês são os verdadeiros protagonistas desta história de sucesso, que se constrói com ciência, trabalho em equipe e amor pelo campo", disse, também agradecendo aos produtores rurais, às empresas de assistência técnica e extensão rural, às instituições públicas e privadas parceiras e à deputada Jaqueline Silva. "Que os próximos anos continuem a ser de avanços, de inovação e de prosperidade para a nossa agricultura e para toda a sociedade brasileira. E que possamos continuar a trabalhar juntos, com o mesmo entusiasmo e compromisso, para que o Cerrado seja cada vez mais uma matriz produtiva sustentável e fonte de desenvolvimento para o Brasil", finalizou.
Abrão Antonio Hizim, empregado aposentado da Embrapa e pai da vice-governadora do DF, Celina Leão, esteve presente à sessão solene e deixou uma mensagem, que foi lida pelo cerimonial da CLDF: "Com especial destaque, reverenciamos o trabalho da Embrapa Cerrados, que ao longo das décadas tem sido protagonista na transformação de um dos biomas mais desafiadores do País em um território de produtividade, ciência e equilíbrio ambiental. Nosso reconhecimento vai a cada pesquisador, servidor e colaborador que com dedicação diária transforma conhecimento em desenvolvimento e futuro".
Agricultura sustentável no Cerrado - O pesquisador Fábio Faleiro, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, fez a apresentação "50 anos da Embrapa Cerrados: desenvolvendo tecnologias para a agricultura sustentável no Cerrado", abordando a criação do centro de pesquisa, em 1º de julho de 1975 em Planaltina (DF); o foco de atuação na preservação e no uso racional dos recursos naturais e no desenvolvimento de sistemas de produção animal e vegetal sustentáveis, buscando a inclusão produtiva; a infraestrutura atual; bem como a importância da ciência, tecnologia e da agricultura para conquista do Bioma Cerrado.
O pesquisador citou tecnologias e inovações desenvolvidas pela Unidade e parceiros que transformaram o Brasil, como a correção da acidez e a construção da fertilidade dos solos do Cerrado; a caracterização, manejo e conservação do solo e da água; a Bioanálise de Solo (BioAS); a tropicalização da soja, do trigo e da fruticultura; a cafeicultura irrigada e culturas alternativas como girassol, quinoa e amaranto; a Fixação Biológica de Nitrogênio com o uso de inoculantes; o Zoneamento Agrícola de Risco Climático; o manejo integrado de insetos-praga, doenças, nematoides e plantas daninhas; tecnologias de mecanização agrícola; a adaptação de bovinos de raças zebuínas de corte (Nelore) e leite (Gir, Guzerá e Sindi); cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras e estratégias para recuperação e renovação de pastagens degradadas; e os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária e Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
Faleiro destacou ainda que a inovação é o objetivo final das ações de pesquisa e desenvolvimento e de transferência de tecnologia da Unidade, conectadas aos objetivos estratégicos finalísticos da Embrapa descritos no último Plano Diretor da Empresa - recursos naturais e mudanças climáticas; segurança alimentar e Saúde Única; produção sustentável e competitividade; bioeconomia e economia circular; inclusão socioprodutiva e digital; tendências de consumo e agregação de valor; e tecnologias emergentes e disruptivas.
Ao falar sobre a busca pelo equilíbrio entre agronegócio, sociedade e recursos naturais, o pesquisador destacou que é possível produzir e preservar ao mesmo tempo. "Essa polarização não contribui, temos que sentar à mesma mesa, buscando as estratégias e tecnologias para que possamos produzir com produtividade e qualidade, mas preservando o meio ambiente e utilizando de forma racional os recursos naturais", argumentou.
Ele apresentou dados da Embrapa e de órgãos federais sobre a ocupação e o uso das terras no Brasil, mostrando que 66,3% do território nacional corresponde a áreas protegidas e preservadas, metade delas (33,2%) em propriedades rurais. No Cerrado, a área preservada corresponde a 52,6% da extensão do bioma, sendo 28,9% no mundo rural. "Podemos dizer, com muita segurança, que o produtor rural brasileiro, além de fazer a produção agropecuária, é também um ambientalista porque preserva parte do seu imóvel rural", afirmou.
A sustentabilidade na agropecuária brasileira atual, segundo Faleiro, é alcançada com o uso de práticas sustentáveis para as quais a Embrapa Cerrados tem contribuído, como a ILPF, a recuperação de pastagens degradadas, a economia circular, o Sistema Plantio Direto, rastreabilidade, manejo da água e da irrigação, bioenergia, manejo integrado de pragas, a Fixação Biológica de Nitrogênio e o tratamento de resíduos, entre outras. As tecnologias estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.
O pesquisador ressaltou que a conquista do Cerrado teve como base a ciência, a tecnologia e a inovação, com o apoio fundamental das políticas públicas e das ações de extensão rural e transferência de tecnologia. "Porém, sem a força do produtor rural brasileiro, essa conquista não teria sido possível. Falo do grande, do médio e do pequeno produtor, do assentado de reforma agrária, do agricultor familiar. Podemos dizer que ele é um herói, para quem temos que tirar o chapéu todo dia", destacou, finalizando a apresentação com o vídeo institucional da Embrapa Cerrados.
Empregados e produtores rurais são homenageados - A CLDF entregou certificados em homenagem a alguns dos empregados que dedicaram e têm dedicado décadas de trabalho à Embrapa Cerrados e têm contribuído para o desenvolvimento da pesquisa agropecuária.
Foram homenageados Edson Lobato, pesquisador que trabalhou na Unidade entre 1975 e 2004, representando os empregados aposentados, além do assistente Nelson Salvador Dias (50 anos de Embrapa), do técnico Gumercindo Silveira Filho (49 anos), dos analistas José Barbosa Rodrigues Neto (49 anos) e Júlia Maria de Sousa Farias (44 anos) e dos pesquisadores José Roberto Rodrigues Peres (50 anos) e Marcelo Fideles Braga (25 anos).
Premiado com o World Food Prize em 2006, Edson Lobato recordou o momento em que iniciou a vida profissional, em 1965, na área experimental do Ministério da Agricultura e Pecuária, onde atualmente funciona a Embrapa Cerrados e os primeiros ensaios no campo. "Maior que qualquer honraria, é a satisfação de ver uma lavoura bem conduzida e saber que parte do nosso trabalho está ali. Para mim, é uma honra ter pertencido a essa história", disse.
José Barbosa lembrou os momentos difíceis quando foi acometido pela covid-19, superados com o apoio dos familiares e as orações dos colegas e amigos, e agradeceu à deputada Jaqueline Silva pela iniciativa de homenagear a Unidade. "Comecei aos 18 anos como técnico agrícola na área de trigo. Naquela época, eram produzidos 20 sc/ha e hoje são 160 sc/ha. Fico muito emocionado com a Embrapa, é a minha vida", afirmou.
José Roberto Peres declarou estar simbolizando, com a homenagem, mais de 200 pesquisadores e mais de mil empregados que fizeram parte da história da Unidade. "Temos a honra de sermos os protagonistas do maior feito da pesquisa agropecuária brasileira de todos os tempos, que é gerar tecnologias para a inserção do Cerrado no processo produtivo. Mas temos que reconhecer os nossos parceiros do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e que tudo isso não teria razão de ser sem o nosso produtor rural", disse, defendendo que o Brasil deve dizer ao mundo, durante a COP30, em Belém, que produz alimentos de forma sustentável.
"Acompanhei a criação da Embrapa Cerrados desde o início. Quero continuar trabalhando. Devo tudo à Embrapa e à minha família. A Embrapa para mim é uma outra família, que me deu tudo o que tenho. Tudo o que vejo no mercado hoje tem um dedo nosso, do que criamos desde 1975", relatou Nelson Dias.
"Agradeço a Deus por estar aqui neste momento e à minha família. E agradeço a todos os meus colegas, que me motivam e me impulsionam a ir trabalhar na Embrapa Cerrados todos os dias. É uma emoção muito grande. Parabenizo à Unidade por tudo que nós fizemos e estamos fazendo, e por tudo que faremos nos próximos 50 anos", disse Júlia Farias.
Marcelo Fideles, que ingressou na Embrapa Cerrados ainda como estagiário, destacou a responsabilidade de assumir o legado de grandes pesquisadores, que fizeram de Brasília, segundo o pesquisador, a grande capital da inovação do agro. "Se os Estados Unidos têm o Vale do Silício, nós temos o Planalto do agro. Brasília foi criada no Cerrado, mas a agricultura tropical moderna foi criada em Brasília pela Embrapa. É uma honra estar aqui representando todos os pesquisadores que trabalham com afinco. Tenho orgulho de ter feito a vida como pesquisador na Embrapa com a ajuda de outros pesquisadores e empregados", comentou.
Também receberam homenagem, representando os produtores rurais, Luiz Vicente Ghesti, primeiro presidente da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) e um dos pioneiros da conquista do Cerrado no DF, e Anair Menegotto, agricultora familiar pioneira de maracujá.
Ghesti, que vive em Brasília desde 1974, comentou que a capital federal foi o polo indutor do desenvolvimento do Centro-Oeste e o mostruário da agricultura que ocupou o Cerrado e que atualmente é o celeiro do País, com um dos maiores índices de produtividade na maior parte das culturas. "Este evento de hoje é oportuno para mostrar à sociedade um lado de Brasília que poucos conhecem, que é o seu ângulo agrícola", afirmou.
O produtor ressaltou que a agricultura tropical viabilizou a produção de três safras numa mesma área no mesmo ano agrícola. "Não existe maior ato preservacionista no mundo inteiro como essa possibilidade que o Cerrado brasileiro, a inovação e a tecnologia que os senhores trabalharam, que é a agricultura tropical. Esse 'milagre' assombra o mundo e por isso somos bastante combatidos", observou, agradecendo ao reconhecimento aos produtores rurais. "Vencemos e estamos vencendo a copa mundial da produção de alimentos. É uma questão de tempo, admitam ou não: O Brasil será o campeão da agricultura e do agronegócio sustentável do planeta", declarou.
"Sou produtora de maracujá há 30 anos. Criei meus quatro filhos produzindo maracujá, e produzo até hoje em Planaltina. A família toda trabalha com a gente", disse Anair Menegotto agradecendo à Embrapa Cerrados.
No final da sessão solene, o pesquisador Renato Amabile prestou homenagem a Jaqueline Silva pela parceria com a Embrapa Cerrados. "Junto com os resultados, também houve muita luta e vocês não desistiram. Quero agradecer pela resiliência, pela paciência, mas, acima de tudo, pela entrega que vocês realizam no DF e que impactam o Brasil. É muito bom poder contar com cada um de vocês", declarou a deputada.
Assista à gravação da sessão solene clicando aqui. *Breno Lobato/Embrapa Cerrados - Telefone: (61) 3388-9945 - [email protected]
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