Trabalho inédito da Epagri sobre cancro europeu da macieira ganha capa na conceituada revista Plant Pathology
Esta descoberta implica diretamente no manejo da doença nos pomares, pois fruticultores deverão ter que adotar novos procedimentos
O trabalho "Viability and release of Neonectria ditissima ascospores on apple fruit in Brazil", realizado no Laboratório de Fitopatologia da Estação Experimental de São Joaquim da Epagri e publicado na edição de Abril da revista inglesa Plant Pathology teve uma das imagens (Figura 1) estampada na capa da revista.
Figura 1: Capa da edição de Abril da revista inglesa Plant Pathology. Descrição da imagem: Peritécio de Neonectria ditissima sobre frutos mumificados de maçã
A ideia deste trabalho surgiu quando a equipe do laboratório de fitopatologia (Figura 2) encontraram ocasionalmente 10 frutos mumificados com a presença de peritécios em duas plantas, durante uma avaliação de um experimento sobre cancro europeu da macieira no pomar experimental da Epagri. A possibilidade de produção de peritécio em frutos de macieira em pomares e a importância disto sobre a epidemiologia da doença nunca foi investigada, então a partir desta descoberta, o pesquisador Leonardo Araujo coordenou a execução de diversos ensaios e análises para provar que frutos de macieira infectados pelo fungo Neonectria ditissima poderiam dar início as epidemias de cancro europeu em pomares brasileiros.
Figura 2: Equipe do Laboratório de Fitopatologia da Estação Experimental de São Joaquim da Epagri. Da esquerda para direita: pesquisador Leonardo Araujo, técnicos Arthur O. Souza e Iran S. Oliveira, pesquisador Felipe A.F.M. Pinto
A partir dos resultados obtidos neste estudo, os autores deste manuscrito propuseram uma adaptação esquemática do ciclo de vida de N. ditissima, incluindo frutos de macieira como fonte de sobrevivência do fungo durante o inverno (Figura 3). Esta descoberta implica diretamente no manejo da doença nos pomares, pois fruticultores deverão ter que adotar novos procedimentos tais como: Remoção de todas as frutas (mesmo aquelas sem sintomas ou sinais de doença) dos pomares após a colheita; Atenção especial deve ser dada às frutas que são transportadas ou comercializadas de áreas onde o cancro europeu está presente para aquelas onde a doença ainda está ausente; As caixas de transporte das frutas devem ser limpas e desinfetadas, pois também podem servir como uma possível fonte de inóculo para pomares sem cancro europeu.
Figura 3 - Representação esquemática do ciclo de vida de Neonectria ditissima adaptando frutos de macieira para sobrevivência do fungo durante o inverno
Maiores detalhes sobre esse trabalho podem ser obtidos no: https://bsppjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/ppa.13508;
Ou pelo telefone: (49) 3233-8438. E-mail: [email protected]
Leonardo Araujo1; Felipe Augusto Moretti Ferreira Pinto1; Camila Cristina Lage de Andrade2; Valmir Duarte2 - 1 Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), Santa Catarina, Brasil - 2 Agronômica Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Consultoria, Porto Alegre, RS, Brasil