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Produtores comemoram colheita na Serra

Clima contribuiu para a qualidade e o aumento da produção de pêssegos e ameixas


Os produtores de pêssego e ameixa da Serra gaúcha comemoram a safra deste ano. Ao contrário do ano passado, em 12 municípios da região, a previsão é colher 50 mil toneladas de pêssegos e 12 mil toneladas de ameixas. A área plantada chega a 3,4 mil hectares de pêssego e 1 mil de ameixas - crescimento de 20% nos últimos cinco anos.

A colheita de pêssego já começou e, este ano, terá um aumento de 733%, enquanto a de ameixa será de 60%, comparando com os números de 2015. No ano passado, os pomares foram atingidos pela geada fora de época e pela chuva de granizo.

A colheita não passou de 6 mil toneladas de pêssegos e 7,5 mil toneladas de ameixas.

O gerente regional da Emater Regional, engenheiro agrônomo Ênio Todeschini, garante que, além da quantidade, a qualidade das frutas desta safra está muito melhor.

'O tempo colaborou, as plantas estão com boa sanidade e tem ausência de pragas. O único problema é que o frio prolongado não deixou as frutas se desenvolverem tanto. As ameixas, principalmente, ficaram mais miúdas',  explica.

Nestor Rubbo, 40 anos, morador de Pinto Bandeira (maior produtor de pêssegos do Estado), iniciou a colheita dos seus quatro hectares de pêssegos há 10 dias e está satisfeito com a produção. Ele pretende colher 100 mil quilos das três variedades que ele produz - Chimarrita, PS e Eragil.

No ano passado, o pomar do produtor foi atingido pela geada e a colheita ficou em 50 mil quilos - a metade projetada para este ano. 'Deu tudo certo, o tamanho, a cor e o sabor. O clima ajudou. O sabor está delicioso', comemora.

Com uma fruta de excelente qualidade, o produtor tem boas expectativas de vendas e preços. Mesmo já tendo começado a comercialização, Rubbo prefere não arriscar o valor do faturamento e do preço do quilo da fruta.

- O preço (do quilo) varia de acordo com o período das vendas. Agora é o início da comercialização. A gente não sabe como o mercado vai se comportar. A expectativa é boa. Não tem nenhum tipo de problema ou podridão.

Para o engenheiro da Emater, o valor pago ao produtor deve variar de R$ 1 a R$ 2.

Até a tarde de quarta-feira, Rubbo já havia vendido 10% da sua produção de Chimarrita - que corresponde a 40% de sua produção total. A variedade PS, próxima a ser colhida, representa 20% do pomar e a Eragil, que será colhida no final de dezembro equivale a 40% dos pomares. As vendas dessa variedade iniciam somente no mês de janeiro de 2017.

'Com as três variedades reduzo a mão de obra. Fazemos o escalonamento (entre as variedades) e fica melhor para colher e para vender', diz o produtor, que conta com a ajuda da esposa, do irmão e da cunhada para fazer a colheita.

Rubbo e outros cinco sócios armazenam suas produções, que somadas devem chegar a 600 mil quilos em uma câmara fria em Pinto Bandeira antes de vender para as Ceasa de São Paulo e Rio de Janeiro.

O produtor Luciano Buffon, 36, está satisfeito com a sua produção de ameixas. Em uma área de três hectares, localizada em São Gotardo de Vila Seca, em Caxias do Sul, deve colher 28 mil quilos da fruta neste ano, entre as variedades Polirosa, Italiana e Letícia - são 3 mil quilos a mais do que em 2014, considerada uma das melhores safras. A colheita deve iniciar em 20 dias. Em 2015, a quebra reduziu a produção para 7 mil quilos. Na comparação com a última colheita, o crescimento é de 300% nos pomares de Buffon.

'A nossa safra está 100% este ano. Está boa demais. Não tivemos nenhum problema, nem geada e nem granizo. O tempo está colaborando e chovendo uma vez por semana', festeja Buffon.

Como não iniciou a colheita da ameixa, Buffon ainda não sabe o valor do quilo da fruta. Devido à crise, o mercado e os produtores vivem a expectativa para a comercialização. A produção da família é destinada para a Ceasa de Curitiba e Londrina, no Paraná.

- Temos uma grande colheita. As pessoas não estão comprando como nos outros anos. No ano passado tinha crise, mas não tinha fruta e o valor foi lá em cima. Nos outros anos vendíamos tudo. Este, a gente não sabe dizer se vai ser bom ou ruim.

O produtor conta que já chegou a vender a variedade Italiana entre R$ 3,50 e R$ 3,80 o quilo, dependendo do tamanho.

'Nesta safra, se conseguir vender a R$ 3 vou levantar as mãos para o céu',  declara.

Buffon também comemora a safra de pêssego. Ele pretende colher 40 mil quilos da fruta plantada em uma área de 2,5 hectares. O produtor colheu até o momento menos de 10% da variedade Chimarrita. Ele ainda produz dois tipos - Chiripá e Eragil - que tem a colheita no final de dezembro.

Segundo Buffon, o valor do quilo do pêssego deve variar de R$ 1,20 a R$ 2,50, dependendo do tamanho.

- O pêssego é mais barato que a ameixa, mas temos a expectativa de um bom valor. Temos uma ótima safra.

* André Tajes/JP - Fotos: Marcelo Casagrande/RBS 

 

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