Ciência identifica bacilos capazes de aumentar o crescimento do tomateiro
A partir da técnica de PCR quantitativo em tempo real, foi possível concluir que as cepas são capazes de colonizar o sistema radicular de plantas tratadas, mas não daquelas que não receberam aplicação do bioproduto
As bactérias são capazes de aumentar o volume e do comprimento das raízes dos tomateiros - Um estudo da Embrapa e parceiros mostrou que as bactérias Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis, amplamente utilizadas no controle de nematoides, impactam também o crescimento do tomateiro. Um dos resultados observados foi a produção de um hormônio vegetal que alonga a raiz e aumenta o crescimento da parte aérea das plantas. A pesquisa utilizou também a técnica de PCR em tempo real para avaliar a sobrevivência dos bacilos no solo. Esse resultado é extremamente importante para aumentar a eficiência desses microrganismos, que são os mais utilizados na produção de bioinsumos e biofertilizantes. A pesquisa avaliou um bionematicida já existente no mercado
Cientistas da Embrapa Meio Ambiente, da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e da Chr.Hansen Indústria e Comércio Ltda. mostraram que os benefícios das bactérias Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis, amplamente utilizadas para combater nematoides, vão além do controle dessas pragas e têm impactos importantes também no crescimento do tomateiro. Avaliadas em conjunto ou separadas, elas comprovaram ser capazes de aumentar as massas frescas e secas da parte aérea e do sistema radicular, além do volume e do comprimento das raízes dos tomateiros. Essas bactérias fazem parte da formulação do bionematicida Quartzo, produzido pela Chr.Hansen e comercializado pela FMC Química do Brasil Ltda.
A pesquisa deu origem ao artigo "Bacillus subtilis and Bacillus licheniformis promote tomato growth". Um dos principais resultados apontou que as cepas utilizadas foram capazes de produzir um hormônio denominado ácido indol-acético após 48 horas em cultivo in vitro. Entre os benefícios, destacam-se o alongamento da raiz e o crescimento da parte aérea. Embora esteja mais relacionado ao crescimento, o hormônio confere também tolerância ao estresse hídrico, salino e térmico.
Outra novidade foram os testes para avaliar as taxas de crescimento e sobrevivência das bactérias na rizosfera (região de contato entre as raízes das plantas e o solo). A partir da técnica de PCR quantitativo em tempo real, foi possível concluir que as cepas são capazes de colonizar o sistema radicular de plantas tratadas, mas não daquelas que não receberam aplicação do bioproduto. Já na parte aérea, as bactérias conseguiram sobreviver e persistir por até 45 dias em plantas tratadas com B. subtilis e B. licheniformis.
De acordo com Peterson Nunes da Universidade Federal de Lavras, diversas cepas de bacilos são aplicadas no controle biológico e na promoção do crescimento vegetal. "No entanto, o sucesso desses microrganismos depende da eficiência da colonização e da persistência na rizosfera das plantas, consideradas grandes desafios para o controle biológico e um dos principais motivos de instabilidade na atividade de inoculantes bacterianos no solo. A colonização da rizosfera é crucial para essas interações, uma vez que essas bactérias benéficas também melhoram a saúde do solo", diz.
"A presença de bacilos, tanto na haste quanto na rizosfera dessas plantas, indicou a sobrevivência dos isolados", explica Nunes. A colonização ativa de raízes de tomate por essas bactérias é importante para promover o crescimento e a nutrição das plantas. Entretanto, o nível de colonização das cepas foi influenciado pelo número e forma de aplicação. "Na verdade, parece que a concentração da bactéria na rizosfera está diretamente relacionada à sua eficácia de colonizar os tecidos vegetais, e o rastreamento da população da bactéria introduzida pode ser proposto como uma estratégia para garantir resultados mais consistentes em campo", acrescenta o pesquisador.
Importância dos bacilos para produção de bioinsumos - Reconhecido como o gênero bacteriano mais importante para o desenvolvimento de bioinsumos, os bacilos são hoje largamente comercializados e utilizados em sistemas agrícolas como agentes de biocontrole de diversas pragas agrícolas e também como biofertilizantes. "Essas espécies produzem esporos resistentes a várias condições ambientais, o que, além de facilitar a aplicação do produto sem grandes restrições, permite a sua sobrevivência por longos períodos sem necessidades especiais de armazenamento", comenta a pesquisadora da Chr. Hansen Jaqueline Zago.
De acordo com o pesquisador Wagner Bettiol da Embrapa Meio Ambiente, bacilos possuem mecanismos diretos e indiretos. Diretamente, produzem fitormônios (hormônios vegetais) e solubilizam nutrientes que estimulam o crescimento das plantas, aumentando o volume da raiz. Indiretamente, a mudança na arquitetura do sistema radicular também influencia a capacidade da planta de explorar o solo, melhorando a absorção de água e nutrientes. Além disso, os bacilos podem controlar doenças e pragas e, consequentemente, melhorar a saúde e o crescimento vegetal.
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