Custos, legislação, empecilhos e vantagens do uso de irrigação no agronegócio brasileiro
O presidente da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (Abid), Averardo Mantovani, deu detalhes sobre o uso de irrigação no território nacional, em participação no programa Conexão Campo Cidade
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
Nesta semana, foram discutidos de forma mais abrangentes dois temas: a possibilidade de crescimento de áreas agrícolas irrigadas no Brasil e o resultado das eleições no último domingo (2). Para o primeiro, esteve como convidado o presidente da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (Abid), Everardo Mantovani.
Problemas que inibem o crescimento da irrigação no Brasil - Segundo Mantovani, o maior limitador da irrigação no Brasil atualmente é o crescimento de recursos hídricos. Isso porque existe um embate da sociedade, de Organizações Não Governamentais (ONG's), que se opõem ao uso de irrigação nas áreas agrícolas.
O presidente da Abid afirmou que existe hoje uma tentativa de diálogo com a ONG's séria para tentar entender as reivindicações deles e a realidade da agricultura irrigada.
O segundo ponto que também é um limitador desse crescimento é a energia. Para os próximos anos, para haver um crescimento relevante das áreas irrigadas, é preciso que tenha também uma expansão do fornecimento de energia. As novas fontes de energia, como a solar, são uma esperança para que se possa também aumentar a irrigação.
Código Florestal e o armazenamento de água - Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, destacou que o Rio Grande do Sul é um estado onde é necessária uma expansão do uso de irrigação, porém, para isso, é preciso ampliar o armazenamento de água, que por sua vez encontra uma barreira no Código Florestal.
Conforme explicou Mantovani, muitas vezes, os locais onde tem água para ser armazenada são áreas de preservação ambiental. Por isso, o que tem se tentado fazer é um diálogo com autoridades e a própria sociedade, mostrando que é possível fazer o armazenando e preservar o meio ambiente.
Para ele, quando não se tem certeza sobre determinado assunto, o que prevalece é o que as pessoas acham. Por isso, é preciso, antes de tudo, levar o conhecimento científico para mostrar a realidade.
Custos de irrigação - Respondendo uma pergunta feita por um internauta sobre o custo da irrigação, Mantovani explicou que 1 mm de água aplicada, corresponde a 10 m³ por hectare. Uma cultura de cana-de-açúcar no norte de Minas Gerais, por exemplo, precisa de 1.000 mm , enquanto que no Cerrado 300 mm. Cada milímetro vai custar de energia de R$ 2,00 a R$ 3,00.
Então, para irrigar cana no Cerrado seriam gastos R$ 900 por hectare irrigado apenas com energia elétrica. Normalmente, segundo ele, os equipamentos correspondem esse mesmo valor, o que dobraria o valor. O gasto então, como disse o presidente da Abid, sobre para em torno de R$ 6,00 por milímetro a cada ano. *Notícias Agrícolas