Notícias do Pomar

Efeitos de condicionadores de solo e bioestimulantes na conservação pós-colheita de maçãs Galaxy e Imperial Gala

O uso de condicionadores de solo e bioestimulantes vem ganhando espaço na fruticultura, entretanto, seu uso deve ser acompanhado de avaliações do impacto na pós-colheita


A conservação pós-colheita de maçãs está relacionada, em muitos aspectos, com as condições do pomar, como adubação, clima, manejo da planta, fitorreguladores, etc. É compreensível a preocupação do produtor/armazenador com as práticas de campo e seu reflexo na pós-colheita, pois é uma fase onde ocorrem perdas significativas por podridões, distúrbios fisiológicos e amadurecimento avançado. O uso de condicionadores de solo e bioestimulantes vem ganhando espaço na fruticultura, entretanto, seu uso deve ser acompanhado de avaliações do impacto na pós-colheita. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de bioestimulantes e condicionadores de solo da linha Coda (SAS Sustainable Agro Solutions) na conservação de maçãs 'Imperial Gala' e 'Galaxy' após o armazenamento em atmosfera controlada dinâmica (ACD).

O trabalho foi desenvolvido com as cultivares de maçã 'Imperial Gala', em dois pomares comerciais, e 'Galaxy' em um pomar, localizados em Urupema, SC, na safra 2022/23. Os tratamentos foram: Padrão; Protocolo 1 (Codahumus, Codasal e Radimax-marca registrada); e Protocolo 2 (Codahumus, Codasal, Radimax, Codargon e Fruitmax-marca registrada), conforme Tabela 1. Os produtos utilizados foram da linha Coda (SAS Sustainable Agro Solutions). No pomar 1 foi aplicado apenas o padrão e o protocolo 1 por dois ciclos produtivos consecutivos. As aplicações iniciaram-se no período da dormência e foram até 30 dias antes da colheita, aplicado no solo na região de projeção da copa, com volume de calda de 1.000 L/ha.

Tabela 1 - Tratamentos com condicionadores de solo e bioestimulantes da linha Coda (SAS Sustainable Agro Solutions) aplicados em macieira 'Imperial Gala' e 'Galaxy'. Urupema, 2022/23.

A composição dos produtos comerciais são as seguintes: Codahumus®: 4,6% K2O, 23,2% EHT (11,5% ácidos húmicos + 11,7% ácidos fúlvicos); Codasal: 12,3% CaO, 8,5% N e ácidos orgânicos; Radimax®: 10,8% P2O5, 3,6% K2O, 0,5% Zn, 3,6% N e 4,8% aminoácidos; Codargon: 1,9 % CaO, 1,2% de N, 36% de ácidos orgânicos; Fruitmax: 3,46%N, 2,31% K2O, 1,15% B, 0,11% Mo, 8,5% extrato de algas e 10% aminoácidos.
Foram avaliados parâmetros de produção, publicados no Jornal da Agapomi (edição 347, abril, 2023, páginas 8 e 9 - https://agapomi.com.br/jornal-agapomi-edicao-347/). As avaliações da conservação dos frutos em atmosfera controlada são apresentadas no presente trabalho. Os parâmetros avaliados foram: podridões, pitter pit, lenticelose, rachadura, escurecimento interno (degenerescência), polpa farinácea, firmeza da polpa, sólidos solúveis e acidez. A avaliação foi após 6 meses de armazenamento (5 em atmosfera controlada dinâmica, O2 entre 0,3 e 0,9 kPa, CO2 de 1,1 kPa, 1,2 °C; mais um mês sob refrigeração na mesma temperatura) e após 7 dias de vida de prateleira. Os frutos foram armazenados em câmara comercial em empresa no município de São Joaquim. Os experimentos foram conduzidos no delineamento em blocos casualizado, com três repetições compostas por uma planta cada. Os dados foram submetidos a análise de variância (p<0,05) e ao teste Tukey.

Nos três pomares avaliados, a incidência e severidade das podridões não diferiu entre o uso dos dois protocolos de produtos da linha Coda em comparação ao padrão do produtor, tanto na saída da câmara quanto após 7 dias de shelf life (Tabela 2). Portanto, os dois protocolos aplicados de produtos da linha Coda (conforme tabela 1) não afetaram a incidência de podridões em maçãs 'Imperial Gala' e 'Galaxy'.
Tabela 2 - Podridões após a armazenagem de maçã 'Imperial Gala' e 'Galaxy' submetidas a aplicação de bioestimulantes e condicionadores de solo com base em dois protocolos de aplicação, após 6 meses de armazenamento (5 m ACD + 1 m AR) mais 7 dias de shelf life. Urupema, SC.

Os parâmetros de maturação firmeza da polpa e acidez não foram afetados pelos produtos da linha Coda após o armazenamento em atmosfera controlada dinâmica em nenhuma das cultivares e pomares (Tabela 3). Com relação aos sólidos solúveis (SS), no pomar 2, com maçã 'Imperial Gala', houve aumento no teor de SS com aplicação do protocolo 2, nos demais pomares, não houve diferença. O teor de SS é um importante parâmetro de qualidade para o consumidor.

Tabela 3 - Firmeza da polpa, sólidos solúveis, acidez e polpa farinácea de maçã 'Imperial Gala' e 'Galaxy' submetidas a aplicação de bioestimulantes e condicionadores de solo com base em dois protocolos de aplicação, após 6 meses de armazenamento (5 m ACD + 1 m AR) mais 7 dias de shelf life. Urupema, SC.

Associado com podridões, os distúrbios fisiológicos são importantes causas de perdas de maçãs em pós-colheita. Com base nos dados, fica evidente que os produtos da linha Coda não afetaram a ocorrência de polpa farinácea (Tabela 3), degenerescência de polpa e lenticelose (Tabela 4) após o armazenamento em atmosfera controlada dinâmica, pois não há diferença significativa entre o padrão do produtor e os Protocolos C1 e C2. Não foi constatado ocorrência de pitter pit e rachadura nos frutos.
Tabela 4 - Degenerescência de polpa e lenticelose de maçã 'Imperial Gala' e 'Galaxy' submetidas a aplicação de bioestimulantes e condicionadores de solo com base em dois protocolos de aplicação, após 6 meses de armazenamento (5 m ACD + 1 m AR) mais 7 dias de shelf life. Urupema, SC.

Como conclusão, pode-se destacar que os produtos da linha Coda (Codahumus, Codasal, Radimax, Codargon e Fruitmax-marcas registrada) não causaram efeitos negativos na conservação pós-colheita de maçãs 'Imperial Gala' e 'Galaxy' após 6 meses de armazenamento (cinco meses em ACD seguidos de um mês sob refrigeração) e após 7 dias de vida de prateleira. 

Agradecimentos: a Potencialize Soluções Agrícolas; Fundação Stemmer para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (FEESC); Agrícola Fraiburgo e IFSC Campus Urupema pelo financiamento e apoio no projeto. *Rogerio de Oliveira Anese. Dr. - Professor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Câmpus Urupema, [email protected] - Yriá Pereira - Especialista em Fruticultura, IFSC Urupema. Aline Padilha de Souza - Discente do Curso Técnico em Agricultura do IFSC Urupema. Samira Costa de Lima; Thiago Moreira Monteiro - Discentes do Curso Superior de Viticultura e Enologia do IFSC Urupema.

Comentários