Bolsistas e Professores do departamento de Agronomia e da Engenharia Florestal do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), também conhecido como campus de Lages, divulgam os primeiros resultados do mapeamento realizado imagens multiespectrais reamostradas em 10m da constelação Sentinel-2 no município de São Joaquim. São Joaquim é considerada a maior produtora nacional do fruto, seguida por Fraiburgo (SC) e Vacaria (RS).

Localização da área de estudo dentro dos contextos nacional (A), estadual (B) e municipal (C). As cores mostram a localização espacial dos pomares, com e sem a presença de tela anti-granizo. A Figura (D) mostra a composição RGB falsa cor usada para este estudo e (E) mostra a mesma área imageada disponível no Google Earth©.

Em aplicativo GIS configurado com o sistema de referência SIRGAS 2000,4 e projeção cartográfica UTM foram adicionadas as imagens da constelação Sentinel-2 e os modelos digitais de elevação advindos da missão Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) e refinados mais recentemente com dados do sensor Phased Array type L-band Synthetic Aperture Radar (PALSAR). Todas as informações foram reamostrados para 10m. Os resultados foram validados com base em imagens disponíveis do Google Earth, a qual contém imagens de cobertura global de alta resolução espacial (vide figura acima).

O trabalho avaliou técnicas de classificação supervisiona e a interpretação visual. Como resultados, foram categorizados a área plantada, localização, altitude, declividade, orientação de vertentes e o uso de telas anti-granizo. Os resultados mostram que São Joaquim conta com uma área plantada de 7.975 ha de macieira, e destes 12% já contam com sistema de cobertura de tela antigranizo.

O mapeamento empregado permitiu confirmar que os pomares possuem uma área entre um a cinco hectares, o que configura pequenas propriedades rurais e agricultura familiar. Quando confrontados com dados altimétricos, constata-se que um percentual superior a 50% dos pomares encontra-se no intervalo entre 1.200 a 1.400m de altitude. Segundo os autores do estudo, o efeito da altitude é singular na qualidade dos frutos e um diferencial para outras regiões produtoras. A maior altitude proporciona maior acúmulo de açúcares e maior coloração aos frutos de maçã, além de frutos com qualidade e firmeza de polpa, adequada ao armazenamento e pós-colheita.

Os resultados também mostram que um percentual de 45% dos pomares estão localizados em áreas com topografia entre 8 a 20% de declividade. Outro aspecto interessante é em relação a localização. Os pomares estão concentrados principalmente em um raio de até 20 km de distância em relação ao centro urbano de São Joaquim aonde se encontra quase a totalidade das indústrias e cooperativas para o seu acondicionamento, beneficiamento e logística.

O estudo realizado demonstrou que os dados orbitais podem quantificar efetivamente a distribuição dos pomares de macieira, sendo uma alternativa viável e eficaz no levantamento das informações para o monitoramento agrícola. O grupo ainda pretende continuar com a avaliação do potencial de dados da constelação Planet e do CBERS-4A visando melhorar ainda mais a acuidade espacial. Outras iniciativas estão sendo desenvolvidas com emprego de fotografias áreas de drones e terrestres para a detecção de frutos e sanidade. O grupo pretende estabelecer iniciativas de monitoramento temporal para atualização da base cartográfica.

Informações desta natureza são importantes para a gestão e planejamento eficiente da produção de maçã. Políticas de fomento, assistência técnica, a comercialização com os produtores e o logística podem se beneficar com os resultados deste estudo. O grupo de pesquisa pretende apresentar os resultados na próxima edição da Revista Brasileira de Fruticultura e no próximo evento do Congresso Brasileiro de Fruticultura, em Florianópolis (SC).