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Mangaba: Propriedades nutricionais, funcionalidades e potencial tecnológico de uma fruta brasileira

A casca da árvore é utilizada como adstringente, enquanto o látex é empregado no tratamento de inflamações, diarréia, tuberculose, úlceras e herpes. O chá das folhas é utilizado para aliviar cólicas menstruais também


A mangaba (Hancornia speciosa Gomes), fruta nativa do Brasil, tem ganhado destaque não só pelo sabor e aroma característicos, mas também pelas inúmeras propriedades nutricionais e funcionais. Esta planta frutífera de clima tropical é amplamente encontrada nas regiões dos Tabuleiros Costeiros, Baixada Litorânea do Nordeste e Cerrados das Regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste do Brasil. A origem do seu nome, derivado da língua indígena, significa "coisa boa de comer", o que reflete a sua aceitação e valor cultural em diversas comunidades?.

Nutricionalmente, a mangaba é uma fonte rica em ferro e vitamina C, elementos essenciais para a prevenção de anemias e fortalecimento do sistema imunológico. Estudos indicam que a polpa da mangaba contém elevados níveis de compostos bioativos, como fenóis e carotenoides, que desempenham papel crucial na atividade antioxidante. Essa atividade antioxidante é essencial para a neutralização dos radicais livres no organismo, prevenindo assim diversas doenças crônicas.

                                                       Frutos de Mangaba (Hancornia speciosa)

Além do valor nutricional, a mangaba possui diversas aplicações na medicina popular. A casca da árvore é utilizada como adstringente, enquanto o látex é empregado no tratamento de inflamações, diarréia, tuberculose, úlceras e herpes. O chá das folhas é comumente utilizado para aliviar cólicas menstruais, demonstrando a versatilidade desta planta na medicina tradicional. Essas práticas populares reforçam o potencial farmacológico da mangaba, que ainda necessita de mais estudos científicos para a validação dos benefícios terapêuticos.

A produção da mangaba no Brasil ainda é predominantemente extrativista, com os maiores produtores localizados nos Estados de Sergipe, Minas Gerais e Bahia. A mangabeira começa a produzir frutos entre o terceiro e quinto ano após o plantio, e a partir do quinto ano pode atingir produtividades de 10 a 12 toneladas por hectare. No entanto, o cultivo tecnificado da mangabeira (Figura 2) ainda é raro, com algumas poucas exceções em Sergipe e Paraíba. A modernização e expansão do cultivo poderiam aumentar significativamente a produção e atender à crescente demanda.

Árvore da mangabeira - Fruta tem traços amarelados ou avermelhados na casca quando atinge a maturação - Foto: Shutterstock

Do ponto de vista industrial, a mangaba é amplamente utilizada na fabricação de polpas, sucos, sorvetes e geleias. O processamento da fruta pode agregar valor ao produto final, tornando-o mais competitivo no mercado. A fruta possui características físico-químicas que a tornam adequada para diversas aplicações culinárias e industriais, com valores significativos de pH, acidez e sólidos solúveis, que garantem a qualidade e a conservação dos produtos derivados.

A prospecção tecnológica da mangaba também revela um vasto potencial para inovação. A análise de patentes relacionadas à mangaba indica diversas aplicações, desde produtos alimentícios até cosméticos, aproveitando as propriedades antioxidantes e nutritivas. Esse potencial tecnológico pode impulsionar a economia local e incentivar o cultivo sustentável da mangabeira, contribuindo para a preservação do meio ambiente e sustentabilidade das comunidades extrativistas.

No entanto, para que a mangaba alcance pleno potencial comercial e medicinal, é necessário maior investimento em pesquisa e desenvolvimento. Estudos focados em melhoramento genético, técnicas de cultivo e aproveitamento integral da planta podem resultar em cultivares selecionadas com maior produtividade e resistência a pragas.

Além disso, a validação científica das propriedades medicinais da mangaba pode abrir novas fronteiras para a indústria farmacêutica e nutracêutica?. Em conclusão, a mangaba se destaca como uma fruta de grande importância nutricional, econômica e social no Brasil. As propriedades antioxidantes, uso na medicina popular e potencial tecnológico fazem dela um recurso valioso a ser explorado. O avanço na pesquisa científica e tecnológica, aliado ao cultivo sustentável, pode transformar a mangaba em um símbolo de inovação e desenvolvimento para as regiões onde é cultivada, beneficiando tanto os produtores quanto os consumidores.

Agradecimentos - À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Processo n. 303505/2023-0), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e IF Goiano - Campus Rio Verde pelo apoio a realização da pesquisa. *Pedro Paulo Alves Pinheiro, Gabriella Oliveira Nascimento, Wanderson Rodrigues da Silva, Stefany Cristiny Ferreira da Silva Gadêlha, Thalisson Gonçalves Diniz, Marco Antônio Pereira da Silva - IF Goiano/Campus Rio Verde/GO - [email protected]

Rerefências Bibliográficas: LAMAS, Isabelle Bueno et al. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICA E COMPOSTOS BIOATIVOS DA POLPA DE MANGABA (Hancornia speciosa Gomes). 2019. LISBOA, Ainã Pinheiro et al. Prospecção tecnológica da mangaba (Hancornia speciosa): através da análise do depósito de patentes. Anais do VIII SIMPROD, 2016. SILVA JUNIOR, Josué Francisco. A cultura da mangaba. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 26, 2004.

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