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Irrigação por gotejamento: um sistema com várias aplicações

Nesse trabalho, foi comprovado que com o uso do gotejamento, foi possível reduzir em 52% as emissões de CO2 para a atmosfera, como ilustrado no gráfico


O sistema de irrigação por gotejamento aplica água diretamente na região radicular, em alta frequência e baixo volume de aplicação, através de emissores conhecidos como gotejadores, visando suprir a deficiência hídrica da planta e mantendo o solo próximo à sua capacidade de campo. Com esse sistema, forma-se uma zona úmida dentro do solo conhecida como bulbo úmido e à medida que há a sobreposição desses bulbos úmidos, há a formação da faixa úmida ao longo da linha de gotejadores, daí o nome irrigação localizada, pois irriga apenas a linha onde está plantada a cultura. Desta forma, as perdas de água são reduzidas, obtendo-se com isso eficiência no uso ao redor de 98%. Além da aplicação de água, o sistema de irrigação por gotejamento também é utilizado para a aplicação de fertilizantes, através da técnica conhecida como Fertirrigação proporcional (que pode ser entendida como a disponibilização de nutrientes para a planta junto com a água de irrigação, na quantidade e no momento fenológico correto), e atualmente trabalhos estão sendo realizados para aplicar outros insumos, como por exemplo a vinhaça.

                             Figura 01. Tubo gotejador

                                                                           Figura 02. Gotejamento enterrado

Aplicação de vinhaça - A vinhaça é classificada como um organomineral, sendo o principal subproduto da produção de etanol nas usinas de cana-de-açúcar. A vinhaça tem altas concentrações de potássio, cálcio, magnésio, enxofre e nitrogênio. Devido ao seu grande volume, a utilização desse efluente suscita grandes preocupações ambientais. A aplicação de vinhaça é amplamente utilizada no Brasil e, em parte, em outros países produtores. A maioria das aplicações é realizada usando autopropelidos, numa técnica conhecida como "fertirrigação", onde são aplicados volumes de 250 a 600 m³ por hectare, divididos em 1 a 3 aplicações em um período máximo de 120 dias.

                          Figura 03. Aplicação de vinhaça via autopropelido

Novas técnicas para aplicação desse produto estão sendo utilizadas e entre elas destacamos o uso da vinhaça como fertilizante aplicado através do sistema de irrigação por gotejamento, por ser um método eficiente de aplicação, agronomicamente vantajoso e uma alternativa ambientalmente sustentável.

Figura 04. Foto aérea do sistema de irrigação por gotejamento concebido para vinhaça.Figura 04. Foto aérea do sistema de irrigação por gotejamento concebido para vinhaça

                                        Figura 5. Tubos gotejadores enterrados, já aplicando a vinhaça

Pelo fato de os tubos gotejadores estarem enterrados a uma profundidade aproximada de 0,30 m, quando há a aplicação de vinhaça, esse produto também é aplicado em profundidade, desta maneira não havendo contato com o ser humano (aplicador), não havendo disseminação de odor desagradável e nem proliferação de moscas, como a mosca do estábulo (Stomoxys calcitrans). Dessa maneira, atendendo a todas as exigências dos órgãos ambientais fiscalizadores.

Redução na emissão de GEE (Gases de efeito estufa) - Em um trabalho recente, foi comparada a emissão de GEE (gases de efeito estufa) no sistema de irrigação por gotejamento e no sistema de sequeiro. Nesse trabalho, foi comprovado que com o uso do gotejamento, foi possível reduzir em 52% as emissões de CO2 para a atmosfera, como ilustrado no gráfico abaixo. Onde nota-se que as principais reduções impactantes estão na mudança no uso da terra (M.U.T), óleo diesel e corretivos.

 

                                                                Figura 6. Redução de GEE no sistema de gotejamento

                             Figura 7. Redução de GEE no sistema de gotejamento por principais emissores

Proteção de cultivos - Além disso, devido à sua alta uniformidade de aplicação, vários trabalhos sobre a aplicação de defensivos (químicos e biológicos) para as mais variadas pragas da cultura vêm sendo testados para a aplicação via gotejamento. Além dos ótimos resultados agronômicos, pelo fato dos gotejadores estarem em subsuperfície, não há contato do produto com a biota benéfica como, por exemplo, polinizadores ou inimigos naturais das principais pragas. Recentemente, o IBAMA emitiu parecer técnico sobre a aplicação do Tiametoxan através da pulverização aérea (PARECER TÉCNICO FINAL - SEI IBAMA N.º 17732614), devido ao risco de agressão aos polinizadores. Algo que não ocorre quando o meio de aplicação está enterrado.

Figura 8. Comparativo de aplicação para controle de cigarrinha das raízes via gotejamento

Devido às suas características de eficiência, uniformidade e principalmente flexibilidade, o sistema de irrigação por gotejamento vem se mostrando um sistema multifuncional e com grande apelo ambiental. Demonstrando que não é apenas um sistema de entrega de água, mas sim, um sistema que permite realizar os tratos culturais e com isso reduzir os custos de produção.

*Eng. Agro. Daniel B. Pedroso, Especialista Agronômico Sênior da Netafim Brasil

Sobre a Netafim - Fundada em um pequeno kibbutz em Israel há mais de 50 anos, a Netafim é pioneira e líder mundial em soluções para irrigação. Com atuação em mais de 110 países, chegou ao Brasil na década de 1990, com um portfólio completo de produtos e soluções inovadoras de irrigação por gotejamento, que visam contribuir com o eficiente uso da água, aumentando a produtividade na agricultura e trazendo mais tranquilidade ao produtor rural.

*Mariana Cremasco/Alfapress - Tel.: (19)  2136-3500 - www.alfapress.com.br | mariana[email protected] 

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