A qualidade das castanhas destinadas ao consumo final depende de práticas adequadas durante o processo de obtenção, especialmente na etapa de secagem, seleção, armazenamento e comercialização (MAROCCOLO et al., 2021).

Devido aos riscos à saúde dos consumidores e à busca por produtos de alto valor nutricional e isentos de contaminação, alguns países estabeleceram limites máximos permitidos para aflatoxinas, o que impõe critérios rigorosos na importação de castanhas provenientes do Brasil (OLIVEIRA et al., 2020). No contexto da legislação brasileira, há um limite máximo legalmente aceitável para a contaminação por aflatoxinas totais (B1+G1) em produtos destinados ao consumo humano, estabelecido em 30 ?gkg-1 (BRASIL, 2011).

Preservar as características  originais dos alimentos ao longo do processamento é um objetivo primordial na indústria de alimentos. Fatores ambientais como temperatura e umidade relativa do ar também representam desafios significativos para os produtores, podendo afetar a produção e a qualidade final dos produtos (SEBRAE, 2006). Isso se aplica igualmente à castanha, onde a deterioração e a contaminação microbiana podem ocorrer.

A redução da presença de fungos em embalagens a vácuo pode estar relacionada à natureza aeróbica desses organismos, tornando o ambiente sem oxigênio das embalagens plásticas a vácuo mais eficaz no controle da proliferação desses microrganismos (JAY, 2005).

A castanha-do-Brasil, quando armazenada em casca, pode ser mantida a vácuo em filme aluminizado ou polipropileno por até 9 meses, mantendo suas propriedades nutricionais. Adicionalmente, nozes armazenadas em embalagens a vácuo apresentaram menor incidência de fungos durante o armazenamento (LORINI et al., 2018).

Estudos também indicaram que a adição de camadas aluminizadas em PE, PET ou filmes de polipropileno orientados biaxialmente pode reduzir a permeabilidade ao vapor de água, contribuindo para a conservação dos produtos (BOUQUEREL et al., 2012; MUELLER et al., 2012).

Outra abordagem investigada é o armazenamento refrigerado, incluindo o congelamento da castanha-do-Brasil, como alternativa para os consumidores que desejam preservar suas propriedades sem comprometer a qualidade (COSTA, 2021).

Uma estratégia para a fase pós-colheita é a utilização de atmosfera modificada no armazenamento, reduzindo o teor de oxigênio nas embalagens por meio da adição de gases como nitrogênio, dióxido de carbono e ozônio. Esses gases podem inibir o crescimento microbiano, preservar a estabilidade lipídica e diminuir a respiração dos produtos agrícolas (OPIO; PHOTHANACHAI, 2018; ÖLMEZ & AKBAS, 2009; ZHAO & CRANSTON, 1995).

Uma alternativa em estudo é a produção de embalagens biodegradáveis, especialmente devido à demanda por alimentos de alta qualidade e às preocupações ambientais associadas ao descarte inadequado de polímeros sintéticos. Isso também cria oportunidades para o uso de produtos agrícolas na criação de novos materiais e tecnologias de embalagens (REICHERT, 2021).

Lucas Silva Peixoto*; Clistiane Santos Santana*; Rutineia Martins Freitas* Marcos Vinicius Hendges**; Osvaldo Resende***; Daniel Emanuel Cabral de Oliveira***. *Discente do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde/Goiás - ** Docente do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Coxim/Mato Grosso do Sul - ***Docentes do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde/Goiás - [email protected]

Referências: MAROCCOLO, Julianna Fernandes et al. O protagonismo de organizações indígenas na estruturação da cadeia produtiva da castanha-da-amazônia no estado de Roraima, Amazônia brasileira. Interações (Campo Grande) [online]. 2021, v. 22, n. 1 [Acessado 12 Março 2022], pp. 19-35. Disponível em: <https://doi.org/10.20435/inter.v22i1.2816>. Epub 13 Ago 2021. ISSN 1984-042X.  JAY, J.M. 2005. Microbiologia de alimentos. 6th ed. Artmed, PortoAlegre, 896p. OLIVEIRA, Juliana Martins et al. Ozonation of Brazil nuts: Decomposition kinetics, control of Aspergillus flavus and the effect on color and on raw oil quality. LWT, v. 123, p. 109106, 2020. ÖLMEZ, Hülya; AKBAS, Meltem Yesilçimen. Optimization of ozone treatment of fresh-cut green leaf lettuce. Journal of Food Engineering, v. 90, n. 4, p. 487-494, 2009. OPIO, Peter; PHOTCHANACHAI, Songsin. Modified atmosphere influences aflatoxin B1 contamination and quality of peanut (Arachis hypogaea L.) kernels cv. Khon Kaen 84-8. Journal of Stored Products Research, v. 78, p. 67-73, 2018. LORINI, A.; et al. Composição química e atividade antifúgica de própolis sobre Aspergillus flavus. Brazilian Journal of Biosystems Engineering, v. 34, n. 5, p. 1298-1307, 2018. BOUQUEREL, M.; DUFORESTEL, T.; BAILLIS, D.; RUSAOUEN, G. 2012. Masstransfer modelingin gas barrier envelopes for vacuum insulationpanels: a review. Energy and Buildings, 55: 903-920. ZHAO, Jian; CRANSTON, Peter M. Microbial decontamination of black pepper by ozone and the effect of the treatment on volatile oil constituents of the spice. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 68, n. 1, p. 11-18, 1995. SEBRAE (BR). O cultivo e o mercado da castanha do Brasil. 2016. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-cultivo-e-o-mercado-da-castanha-do-brasil,c0ca9e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD. REICHERT, Alexandra Augusta. Filmes biodegradáveis à base de amido de milho incorporados com celulose obtida a partir da coroa do abacaxi. 2021. 84 f. Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2021. MUELLER, B.K.; SCHOENWEITZ, C.; LANGOWSKI, H.C. 2012. Thinlaminate films for barrier packaging application - influence ofdown gauging and substrate surface properties on the permeationproperties. Packaging Technology and Science, 25: 137-148. COSTA, J. S. G. Efeito do congelamento na estabilidade da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa HBK).2021. 68 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) apresentada a Universidade Federal do Amazonas - Campus Manaus, Manaus (AM), 2021. BRASIL. INSTRUÇÃO NORMATIVA - IN N° 88, DE 26 DE MARÇO DE 2021. Estabelece os limites máximos tolerados (LMT) de contaminantes em alimentos. Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária/