Artigos Técnicos

Propriedades e aplicações tecnológicas do cajamanga

A microencapsulação é uma técnica valiosa para proteger compostos bioativos durante o processamento e armazenamento, além de facilitar a incorporação em diferentes matrizes alimentares


A cajamanga (Spondias dulcis Parkinson) é uma fruta tropical conhecida por suas propriedades nutricionais e aplicabilidades diversas. Recentemente, estudos têm focado no desenvolvimento de tecnologias que maximizem o aproveitamento desta fruta, destacando sua potencialidade no setor alimentício e farmacêutico.

Um dos estudos explorou o processo de microencapsulamento da polpa de cajamanga. Utilizando diferentes agentes encapsulantes e tecnologias de secagem, os pesquisadores conseguiram melhorar a eficiência do encapsulamento e preservar as propriedades antioxidantes da fruta. A microencapsulação é uma técnica valiosa para proteger compostos bioativos durante o processamento e armazenamento, além de facilitar a incorporação em diferentes matrizes alimentares. A utilização de agentes como maltodextrina e goma arábica mostrou-se eficaz na manutenção das propriedades funcionais da polpa durante a secagem por spray drying, destacando-se como uma solução promissora para a indústria alimentícia.

Outro estudo focou nas análises farmacológicas, toxicológicas e fitoquímicas da cajamanga, revelando seu amplo potencial terapêutico. A fruta demonstrou atividades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas  significativas. Esses efeitos são atribuídos à presença de compostos bioativos como flavonoides, taninos e vitamina C. A cajamanga tem sido tradicionalmente utilizada na medicina popular para tratar uma variedade de condições, incluindo infecções e inflamações. A validação científica dessas propriedades abre caminho para o desenvolvimento de novos produtos nutracêuticos e fitoterápicos, proporcionando alternativas naturais e eficazes para a promoção da saúde.

A aplicação da tecnologia de microencapsulamento também pode ser ampliada para outros produtos derivados da cajamanga, como sucos, geleias e suplementos alimentares. A capacidade de manter a estabilidade dos compostos bioativos durante o processamento industrial é um fator crucial para a aceitação e eficácia dos produtos finais.

Além disso, a versatilidade do método permite a criação de novos produtos com maior valor agregado, aproveitando ao máximo as propriedades funcionais da fruta. No campo farmacêutico, os extratos de cajamanga têm mostrado potencial para o desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos. As propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias são especialmente promissoras para o tratamento de doenças crônicas e condições inflamatórias. Estudos adicionais sobre a segurança e dosagem adequada são necessários para a comercialização desses produtos, mas os resultados preliminares são encorajadores e indicam um vasto campo de pesquisa e  desenvolvimento.

As aplicações tecnológicas da cajamanga não se limitam à indústria alimentícia e farmacêutica. A fruta também pode ser utilizada em cosméticos, devido às propriedades hidratantes e antioxidantes. Produtos para a pele, como cremes e loções, podem se beneficiar da inclusão de extratos de cajamanga, oferecendo benefícios adicionais de proteção e rejuvenescimento.

Em resumo, a cajamanga é uma fruta com múltiplas propriedades funcionais e aplicações tecnológicas. Os avanços recentes na tecnologia de microencapsulamento e as descobertas sobre as propriedades terapêuticas abrem novas possibilidades para a utilização desta fruta em diversos setores industriais. A pesquisa contínua e o desenvolvimento de novos produtos podem transformar a cajamanga em um ingrediente valioso e multifuncional, beneficiando tanto a indústria quanto os consumidores.

*Pedro Paulo Alves Pinheiro, Gabriella Oliveira Nascimento, Wanderson Rodrigues da Silva, Stefany Cristiny Ferreira da Silva Gadêlha, Thalisson Gonçalves Diniz, Sérgio Gonçalves Mota, Marco Antônio Pereira da Silva - IF Goiano/Campus Rio Verde/GO - [email protected]

Agradecimentos - À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Processo n.303505/2023-0), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e IF Goiano - Campus Rio Verde pelo apoio a realização da pesquisa.

Referências Bibliográficas: FERNANDES, Felipe Hugo Alencar et al. Pharmacological, toxicological and phytochemical analysis of Spondias dulcis parkinson. Natural Product Research, v. 38, n. 6, p. 1049-1053, 2024.
SANTOS, Suelen S. et al. Microcapsules of Cajá-manga (Spondias dulcis Parkinson): Influence of Different Types of Encapsulating Agents and Drying Technology. Current Nutrition & Food Science, v. 15, n. 6, p. 557-564, 2019.

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