Diagnóstico da Pecanicultura no RS revela perfil das propriedades, produtividade e principais desafios; veja na Circular Técnica número 30
O ENAPecan debateu além do mercado mundial da fruta, industrialização e também as mudanças climáticas, manejo do solo, poda mecânica, inovações e tecnologias na produção da noz-pecã
Diagnóstico da Pecanicultura no RS revela perfil das propriedades, produtividade e principais desafios - lançamento ocorreu durante Encontro em Cachoeira do Sul - O "Diagnóstico da Pecanicultura no RS" foi lançado na quinta-feira (6/11), pela manhã, durante o Encontro Nacional de Pecanicultura, que está acontecendo em Cachoeira do Sul. A apresentação do trabalho foi feita pelo extensionista da Emater/RS-Ascar, Antônio Carlos Leite de Borba. O estudo foi feito durante o ano de 2024, a partir de questionários respondidos por 319 entrevistados de todas as regiões do estado.
O estudo, desenvolvido pelos departamentos de Governança dos Sistemas Produtivos (DGSP) e de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e Emater/RS-Ascar, revelou que o cultivo de noz-pecã no Rio Grande do Sul ocorre predominantemente em estabelecimentos rurais cujas áreas totais não ultrapassam 50 hectares (ha). Esse grupo representa 70,53% dos produtores de pecã no estado, mostrando que existe uma forte presença dessa cultura nas pequenas e médias propriedades rurais.
O cultivo da noz-pecã no estado ocorre predominantemente em propriedades rurais identificadas com a agricultura familiar, compondo a renda e o sistema produtivo dos estabelecimentos rurais, juntamente com outros cultivos, especialmente lavouras temporárias, e a bovinocultura de corte e leite. Concomitantemente, há outro segmento onde a pecanicultura tem despertado interesse, formado por produtores com perfil empresarial, que investem em pomares de grande escala como alternativa de diversificação econômica.
Contam com assistência técnica 65,51% dos produtores, o que indica que mais de um terço (34,49%) não tem assistência técnica para seu pomar. A Emater/RS-Ascar é responsável por 54,23% dos atendimentos; 16,93% são provenientes de empresas/profissionais contratados e 11%, viveiros.
Considerando especificamente o tamanho dos pomares nas propriedades, as plantações de nogueira-pecã com áreas de até 4,0 hectares são característica de 68,61% dos estabelecimentos dedicados à cultura no Rio Grande do Sul.
Produtividade - A produtividade média na safra 2022/23 foi de 1.105,48 Kg/ha, na safra anterior, 2021/22, esse dado ficou em 868,5 Kg/ha. Estratificando os pomares por faixas, considerando a produtividade da safra 2023, verifica-se que 41,3% apresentam produtividade menor que 500 Kg/ha, os pomares com produtividade maior que 500 até 1.000 Kg/ha perfazem 21,86%. Os pomares que produzem mais de 1.000 Kg/ha são pouco mais de um terço do total, 36,84%, dentre esses, os pomares com os melhores desempenhos, mais de 2.000 kg/ha, somam 13,76%.
Em termos de material genético, os produtores de noz-pecã possuem em seus pomares, de forma mais presente, as cultivares Barton e a Melhorada, em 88,09% e 47,96%, respectivamente. Em seguida se destaca a presença das cultivares Shawnee (18,50%), a Importada (14,42%).
Pragas e doenças - Entre as pragas e doenças, os resultados mostram que antracnose, sarna e formigas são as principais ocorrências, apontadas como "importante" ou "muito importante" para cerca de 50% dos produtores de noz-pecã no estado. Em menor grau, foram apontados como problemas os danos ocasionados por caturritas, percevejos, pulgão amarelo, besouro serrador e ácaros.
Dificuldades - Na opinião dos produtores de noz-pecã, as principais dificuldades para o desenvolvimento da pecanicultura no estado são o preço pago pela fruta ao produtor, a baixa produtividade dos pomares e o longo tempo, entre a implantação e o início da produção de frutas. Destaca-se ainda a falta de mão de obra na propriedade, a falta de produtos fitossanitários registrados para a cultura e a carência de equipamentos adaptados à cultura para realizar colheita, poda, entre outros, com valores acessíveis a produtores de pequeno porte.
O estudo está publicado na Circular Técnica n°. 30 "Diagnóstico da Pecanicultura no RS", do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA/Seapi) e pode ser acessado aqui: https://www.agricultura.rs.gov.br/circulares-tecnicas
Painel Mercado - Mais cedo na manhã de hoje, o chefe da Divisão Agropecuária do Departamento de Governança dos Sistemas Produtivos (DGSP) da Seapi e coordenador do Programa Estadual de Desenvolvimento da Pecanicultura (Pró-Pecã), Paulo Lipp, foi o mediador do painel "Organização do Setor, Mercado Interno e Exportação".
Lipp destacou que o painel apresentou uma visão e perspectivas do mercado exterior para exportação. "Isso é fundamental para quem já está na pecanicultura ou para quem quer planejar e iniciar atividades com noz-pecã. Tanto para produtores, viveiristas, comerciantes e indústrias são informações importantes que os palestrantes nos trouxeram", afirmou.
O 2º Encontro Nacional de Pecanicultura é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan) e Embrapa e conta com o apoio da Seapi, da prefeitura de Cachoeira do Sul, Ulbra e Emater/RS-Ascar e está sendo realizado até amanhã (7/11), no Campus da Ulbra, em Cachoeira do Sul. *Ascom Seapi - Foto: divulgação Emater/RS-Ascar.
Abertura oficial do ENAPecan destaca homenageados e reforça união pelo avanço da pecanicultura - Cerimônia em Cachoeira do Sul reconheceu produtores e empresas, reuniu lideranças do setor e abriu programação técnica com palestras sobre manejo de pomares, saúde do solo e controle de doenças - A abertura oficial do II Encontro Nacional da Pecanicultura (ENAPecan) ocorreu na tarde desta quinta-feira, 6 de novembro, com a "Homenagem ao Pecanero" concedida a empresas e produtores que contribuíram e acreditaram no desenvolvimento da pecanicultura. Foram homenageadas as empresas Pecanero Brasil e RR Agrícola, além dos produtores Carlos Eduardo Scheibe, Demian Segatto da Costa, Eduardo Basso, Lailor Garcia e Marlei Cristine Pranke. O evento foi realizado no Campus da Ulbra em Cachoeira do Sul (RS).
Participaram da cerimônia e fizeram uso da palavra o prefeito de Cachoeira do Sul, Leandro Balardin, o presidente do IBPecan, Claiton Wallauer, o diretor técnico em exercício da Emater/Ascar, Luis Bohn, o coordenador do Pro-pecã na Secretaria Estadual da Agricultura, Paulo Lipp, o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Clima Temperado, Dori Edson Nava, e a diretora do Campus da Ulbra Cachoeira do Sul, Adriana Porto.
Wallauer agradeceu a presença de todos e ressaltou a importância do evento para a cultura da nogueira-pecã. Ressaltou o apoio da prefeitura de Cachoeira do Sul, junto com a Secretaria Estadual da Agricultura. "Eu olho para todos que estão aqui neste ato e me sinto amparado para fazer os investimentos dentro da pecan. O elo está se tornando cada vez mais forte e vamos seguir avançando para colocar a noz-pecã brasileira em um lugar de relevância no setor mundial", reiterou.
Na sequência, a programação do evento à tarde teve a palestra "Inovações para o manejo do pomar ser produtivo", como moderação do pecanicultor Demian Segatto. O primeiro a palestrar foi o engenheiro agrônomo da Embrapa Cerrados, doutor Fabio Buenos dos Reis Júnior, que abordou a "Tecnologia de bionálise do solo (BIOAS): Estratégia para melhorar pomares de noz-pecã".
Júnior salientou que até 2020 quando o agricultor queria conhecer o solo tinha à sua disposição informações químicas e físicas, mas faltava um componente essencial: a biologia. "Depois de 20 anos de estudos na Embrapa Cerrados recomendamos para a saúde do solo o uso de duas enzimas: arilsulfatase e beta-glicosidase, associadas aos ciclos do enxofre e do carbono, respectivamente", informou, citando que elas mostram ao produtor, com maior sensibilidade, os efeitos de mudanças no manejo no solo.
O palestrante colocou, ainda, que solos com elevados níveis destas enzimas vão se tornar mais produtivos e resilientes sob condições adversas, mais eficientes no uso de nutrientes, com menos emissão de gases de efeito estufa e produção de alimentos de melhor qualidade, entre outros fatores.
Depois, o engenheiro agrônomo e coordenador técnico do IBPecan e da Pecanita Agroindustrial Ltda, Jaceguáy de Barros, falou sobre "Manejo e controle de sarna e antracnose da nogueira-pecã: Situação prática no RS". Barros referiu que o produtor precisa ter acesso a uma série de informações para poder atuar no combate de doenças nos pomares, especialmente sarna e antracnose.
Barros reforçou que a planta que não está bem fica mais suscetível às doenças. "Eu diria que esse é um ponto fundamental. Primeiro, quando falamos de problemas e doenças, vem a questão da saúde dessa planta. É o primeiro ponto que precisamos cuidar. Na sequência temos a questão da fertilização", completou. Barros citou, ainda, questões que facilitam a proliferação de doenças nos pomares como clima chuvoso e temperaturas amenas, e estiagens e irrigação (falta ou excesso). Barros citou dados do Diagnóstico da Pecanicultura 2024/2025 onde 90% dos pomares não fazem irrigação e 52% não fazem pulverização. Colocou, por fim, a necessidade de os produtores terem acesso maior a investimento e crédito para aplicação de tecnologias de manejo correto nos pomares.
Ao final, Renata Gross, representante da empresa Jacto, do setor de máquinas agrícolas, falou sobre "Tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários na prevenção e controle eficiente de pragas e doenças". O II ENAPecan é uma realização do IBPecan em conjunto com a Prefeitura de Cachoeira do Sul, Emater e Embrapa. Possui o apoio de Pecanita, LM Parceria Rural, Pró-Pecã, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Ulbra e Sebrae.
*Texto e Fotos: Rejane Costa e Artur Chagas/AgroEffective.
ENAPecan inicia com debates sobre inovação e expansão da cadeia da noz-pecã no Brasil - Evento em Cachoeira do Sul (RS) reúne produtores, pesquisadores e instituições para discutir desafios, avanços tecnológicos e oportunidades de mercado da pecanicultura - Começou na quinta-feira, 6 de novembro, o II Encontro Nacional da Pecanicultura (ENAPecan) no campus da Ulbra, em Cachoeira do Sul (RS). O objetivo é debater a inovação, sustentabilidade e o potencial da cadeia produtiva da noz-pecã no Brasil. O ENAPecan é o maior encontro nacional dedicado à cultura da noz-pecã e reúne produtores, pesquisadores, técnicos e empresas do setor para troca de experiências e discussões de avanços.
Na abertura do evento, o presidente do IBPecan e coordenador do ENAPecan, Claiton Wallauer, deu as boas vindas aos participantes. "A ideia do encontro é fazer um ambiente onde possamos falar de indústria, processamento, comércio, enfim, todas as áreas da pecan, para que a atividade cresça cada vez mais", ressaltou. Wallauer destacou, ainda, que a presença de norte-americanos, mexicanos, argentinos, uruguaios e brasileiros de outros estados neste II ENAPecan mostra a relevância da noz-pecã nacional.
Na sequência, Wallauer palestrou sobre o tema "Conectando Produtores, Indústria e Mercado" dentro do painel Organização Setor, Mercado Interno e Exportação, com moderação do engenheiro agrônomo e coordenador do Pró-Pecã na Secretaria Estadual da Agricultura, Paulo Lipp.
Wallauer iniciou falando sobre o IBPecan, uma célula de formação que visa agregar toda a cadeia da pecan. De acordo com o presidente da entidade, um dos objetivos é oferecer informação de qualidade e realista para que o produtor entenda que, com o investimento, ele pode ter o seu melhor rendimento. "Para isso, foram desenvolvidas muitas áreas técnicas, de turismo e negócios, para atrair cada vez mais o produtor", ressaltou. Wallauer destacou também como função do IBPecan fomentar a pesquisa, tecnologia e troca de informações por meio da indústria, universidades e demais parceiros para otimizar todo o processo da pecan.
O Brasil, conforme o IBGE, tem um total de 10 mil e 490 hectares de área destinada à plantação de noz-pecã, sendo que 71% desta área está no Rio Grande do Sul. Wallauer ressaltou na palestra a necessidade de se estabelecerem estratégias visando atender também o mercado externo. Por fim, citou os principais motivos para ser sócio do IBPecan que são: conhecimento e informações colaborativas; capacitação e desenvolvimento; parcerias e vantagens exclusivas; apoio técnico e acesso às melhores práticas e conexão e oportunidade de negócio.
Dando continuidade ao painel, o engenheiro agrícola da Embrapa Clima Temperado, doutor Carlos Roberto Martins falou sobre "Pecan 2030: Avanços, inovações e perspectivas para pecanicultura brasileira". Começou destacando a importância em ter persistência para crescer. Colocou que até em torno de 2015/2016, o setor da pecanicultura esteve sozinho e a partir deste período passou a evoluir. "Hoje temos uma câmara setorial que nos ajuda a discutir os problemas da pecan, temos o retorno da pesquisa, assim como a representatividade dentro de entidades como o Ibpecan", destacou, salientando, ainda, os 31 artigos comerciais que existem atualmente e "ajudam ao produtor, técnicos e também os consumidores".
Martins lembrou da primeira abertura da colheita da pecan em Anta Gorda e que agora já está na sétima. "Isto se deve às mobilizações da cadeia produtiva", disse. Ele também citou os eventos do setor que vêm mobilizando produtores de diversos estados, assim como as trocas técnico-científicas com países da América do Sul, como, por exemplo, a Argentina. "Estamos começando a produzir conhecimento, evoluindo em publicações técnicas, como o Pecan 2030 , que é um programa setorial que busca melhorar a genética, a qualidade de mudas, a rastreabilidade e as boas práticas agrícolas para a produção de noz-pecã", finalizou.
Também palestraram o engenheiro florestal, Antonio Carlos de Leite Borba, da Emater/RS, no painel "Diagnóstico da Pecanicultura Gaúcha 2024/2025", e o engenheiro agrônomo do Sebrae, Andre Bordignon, no painel "A Inserção da Noz-Pecã em Roteiros Gastronômicos e Turismo de Experiências"
O 2° ENAPecan é uma realização do IBPecan em conjunto com a Prefeitura de Cachoeira do Sul, Emater e Embrapa. Possui o apoio de Pecanita, LM Parceria Rural, Pró-Pecã, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Ulbra e Sebrae. Texto e Foto: Rejane Costa/AgroEffective.
Tecnologia e mecanização marcam o encerramento do primeiro dia do 2º ENAPecan - Painel reuniu especialistas e empresas para apresentar soluções que reduzem mão de obra e aumentam produtividade na produção de noz-pecã, seguido de palestra sobre experiências em pomares da Argentina - O primeiro dia de programação do 2º Encontro Nacional da Pecanicultura (ENAPecan) encerrou nesta quinta-feira, 6 de novembro, com o "Painel - Tecnologias para redução da mão de obra pela mecanização na produção de noz-pecã". Com a moderação do coordenador técnico do IBPecan e Pecanita Agroindustrial Ltda, o engenheiro agrônomo Jaceguáy de Barros, foram mostrados quatro cases de empresas do setor.
O primeiro case foi apresentado pelo sócio da Agromelca Máquinas Agrícolas do Brasil Ltda, Ivânio Bremm. A empresa foi fundada em 2016 no município de Arroio do Meio. Na opinião de Bremm, a época certa de colher é com 90% das frutas cobertas e o mínimo caídas. Segundo ele, o objetivo é evitar colher do chão. Citou que o lema da empresa é "Melhorando o mundo da colheita todos os dias".
Logo após, o pecanicultor Demian Segatto da Costa falou sobre "Poda mecanizada de nogueira-pecã: Equipamento, execução e resultados", ilustrando com o Case Luma e Experiência do produtor. Segatto iniciou dizendo que o pomar dele foi implantado em 2013. "Em 2019, pensei o que deveria fazer para ter um pomar adensado, ou seja, reduzindo o espaçamento entre as árvores no momento do plantio, aumentando o número de plantas por hectare em comparação com os espaçamentos tradicionais", lembrou. O objetivo principal, neste caso, é antecipar a produção comercial e aumentar a produtividade.
Segatto revelou que, após a decisão de podar, toda a área hoje tem quatro vezes mais frutas comparando com o ano passado. "Então, agora, eu posso, com alguma segurança, com base no meu próprio caso, dizer para vocês que o efeito da poda, por mais severa que tenha sido, se perpetuou quando resolvi podar todo o pomar no ano passado. E o meu pomar está no formato que eu quero, do jeito que eu quero", concluiu.
O Painel teve ainda os temas "Equipamentos para colheita mecânico/manual de noz-pecã - Case RR Agrícola", com Willi Cavagnoli, "Inovações em equipamentos pós-colheita para nogueira-Pecã - Case Metal Schiling", com Jonas Schindler; e "Inovação que impulsiona a indústria global da pecan - Case Savage", com Jesse Días.
O dia de programação encerrou com a palestra "Tecnologias para aumento da produtividade e qualidade de noz-pecã: Experiência em pomares na Argentina", ministrada pelo consultor na Argentina, o engenheiro agrícola Mariano Marcó. O II ENAPecan é uma realização do IBPecan em conjunto com a Prefeitura de Cachoeira do Sul, Emater e Embrapa. Possui o apoio de Pecanita, LM Parceria Rural, Pró-Pecã, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Ulbra e Sebrae.
Podas e manejo de pomares marcam início do segundo dia do ENAPecan - Painéis abordaram alternativas para pomares sombreados, com destaque para técnicas de poda hedge nos EUA, estudos comparativos da Embrapa e experiências práticas de produtores brasileiros - O segundo dia de programação do II Encontro Nacional da Pecanicultura (ENAPecan) começou nesta sexta-feira, 7 de novembro, com o Painel "Alternativas para `Pomares Sombreados - Podas de Formação, Abertura e Desbaste", com moderação do pecanicultor Daniel Basso. A primeira palestra foi "Tecnologia da Poda Hedge nos Pomares dos Estados Unidos", com a participação, por vídeo, do professor Lenny Wells da University Georgia - Estados Unidos. Ele explicou as técnicas de poda de pomares usadas nos Estado Unidos e os consequentes resultados, inclusive na prevenção de pragas e aumento da rentabilidade do pomar.
A segunda palestra foi "Alternativas de Manejo de Pomares Sombreados: Poda e Desbaste", com o engenheiro agrônomo dr. Cristiano Geremias Hellwig, da CNPq-Embrapa. Ele fez um comparativo entre os diferentes tipos de podas de pomares como poda hedge, poda central e desbaste, quando no início se constatou dificuldades de produção de nozes-pecã devido ao excesso de sombreamento nos pomares. "Então, o objetivo da pesquisa da Embrapa e Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) foi avaliar tanto esses métodos de poda, como também o desbaste de plantas comparando com produção, qualidade dos frutos e a relação custo-benefício de cada um dos processos", explicou.
O estudo foi feito em um pomar de Santa Rosa (RS), em 2008, em um espaçamento 7x7, que significa que cada árvores foi plantada a 7 metros de distância da próxima árvore na mesma linha e a 7 metros de distância da linha de plantio adjacente, e sem sistema de irrigação, que é ainda uma realidade de muitos pomares. Segundo Hellwig, a escolha do melhor manejo depende da individualidade de cada pomar, adubação nitrogenada equilibrada e consulta de engenheiro agrônomo para avaliação do melhor manejo.
Na sequência, ocorreu a palestra "Manejo Mecanizado da Copa das Nogueiras-Pecã: Case Paralelo 30", com o engenheiro agrônomo Emerson De Franceschi, da Acreditar Consultoria. Ele falou sobre as vantagens e desvantagens deste tipo de poda. Em relação às vantagens, citou a rapidez, o aumento do acesso da planta a uma luz mais adequada, melhoria na cobertura e melhor eficácia no recurso hídrico Sobre as desvantagens fez referência aos cuidados na questão do nitrogênio para não fazer um grande alongamento dos ramos. Franceschi também citou que existem dois tipos de poda mecânica, a oportuna e a tardia.
Por fim, a palestra "Realidade da Poda no Manejo do Pomar de Pequeno Produtor: Case Quinta da Sete", com o pecanicultor e sócio do IBPecan Lailor Garcia, que mostrou o exemplo da sua propriedade, localizada em Cachoeira do Sul, com o objetivo de servir como referência. Lembrou que o sonho de plantar pecan surgiu em 2007/2008, "sem muito conhecimento, mas com vontade de aprender e a certeza de trabalhar para dar certo". Também fez um histórico da implantação dos quatro pomares que têm idades diferentes. O primeiro foi implantado em 2009, o segundo em 2011, e já o terceiro e quarto pomares foram estabelecidos em 2015, conforme Lailor, com um conhecimento melhor no cultivo da pecan.
O produtor comentou, ainda, que a produtividade média atual da Quinta da Sete é de 1,737 mil quilos por hectare. Ao concluir sua palestra, Lailor salientou que ainda que a realidade da poda para um pequeno produtor seja desafiadora, "é um ponto extremamente importante que não deve ser ignorado". "Dificuldades todos nós temos, mas não podemos buscar desculpas para não encontrar soluções e seguir em frente", finalizou.
O II ENAPecan é uma realização do IBPecan em conjunto com a Prefeitura de Cachoeira do Sul, Emater e Embrapa. Possui o apoio de Pecanita, LM Parceria Rural, Pró-Pecã, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Ulbra e Sebrae. Texto e Foto: Rejane Costa e Artur Chagas/AgroEffective.
Mudanças climáticas desafiam produtores e impulsionam novas estratégias na nogueira-pecã - Painel no ENAPecan reuniu especialistas para discutir causas da queda de frutos, doenças, pragas e estratégias de manejo diante das mudanças climáticas na cultura da noz-pecã - A cadeia da noz-pecã foi tema de debate na quinta-feira, 6 de novembro, no campus da Ulbra, em Cachoeira do Sul (RS). A programação do segundo Encontro Nacional da Pecanicultura (ENAPecan) teve durante a manhã o Painel "Queda de frutos e redução de produtividade: Causas e Manejo Preventivo", com moderação do engenheiro agrônomo da Embrapa Clima Temperado, Jair Costa Nachtigal.
A primeira palestra foi sobre "Alternância de produção: Adubação, poda e irrigação", com o engenheiro agrônomo Mariano Marcó, consultor na Argentina. A ideia da apresentação foi mostrar tecnicamente os fatores que contribuem para um melhor manejo nutricional da pecan. Na sequência, o engenheiro agrícola doutor Tales Poletto, consultor no Brasil, abordou o tema "Doenças que provocam a queda dos frutos em noz-pecã", ressaltando os agentes que causam essas enfermidades, sintomas e soluções.
Poletto colocou que a queda dos frutos provêm de doenças bióticas, abióticas e injúrias que são provocadas por agentes físicos ou mecânicos. O consultor destacou em especial a questão das mudanças climáticas. "Variação hídrica abrupta, temperaturas extremas e agentes químicos são fatores importantes que impactam de forma significativa o cultivo da nogueira-pecã", salientou.
Conforme Poletto, diante da nova realidade climática, a fitossanidade requer uma abordagem mais abrangente. "Precisamos desenvolver pesquisas e estratégias de manejo voltadas também às doenças abióticas", observou. Ele terminou a sua palestra com uma indagação: "Como construiremos pomares para o futuro mais resilientes aos efeitos das mudanças climáticas?".
O painel encerrou com o engenheiro agrônomo da Embrapa Clima Temperado, doutor Dori Edson Nava, que falou sobre "Pragas que promovem a queda dos frutos em noz-pecã".
Nava iniciou falando sobre os tipos de insetos que costumam atacar as nogueiras nos pomares. "Para promover medidas de controle é importante conhecer como se dá o processo do ciclo de vida desses insetos", explicou.
O engenheiro orientou também sobre os critérios que devem ser obedecidos no uso de produtos biológicos para controle de pragas. Por fim, citou algumas orientações para o produtor diminuir o nível populacional da praga. "Entre elas, recolher e destruir os frutos infestados, dar atenção às áreas próximas das matas e de hospedeiros e também para a queda de frutos, além de fazer o uso correto dos produtos fitossanitários", citou. Nava orientou, ainda, que quando o produtor fizer uma aplicação de produtos recomendados que dê preferência para inseticidas biológicos e, no caso dos produtos químicos, se preocupe em relação à seletividade deles para os inimigos naturais, predadores, parasitóides e polinizadores. O 2° ENAPecan é uma realização do IBPecan em conjunto com a Prefeitura de Cachoeira do Sul, Emater e Embrapa. Possui o apoio de Pecanita, LM Parceria Rural, Pró-Pecã, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Ulbra e Sebrae.
Inovações tecnológicas impulsionam encerramento do ENAPecan em Cachoeira do Sul - Palestras destacaram estratégias internacionais de valorização da noz-pecã, potencial industrial brasileiro e experiências do Uruguai e México com cultivares - O segundo Encontro Nacional da Pecanicultura (ENAPecan), sediado no campus da Ulbra, em Cachoeira do Sul (RS), encerrou nesta sexta-feira, 7 de novembro, abordando as "Inovações na pecanicultura brasileira". A mediação foi da vice-presidente do Instituto Brasileiro de Pecanicultores (IBPecan), Maria Tereza de Carli. A palestra iniciou com o engenheiro mecânico Arsenio González, porta-voz do Conselho Mexicano da Noz - Comenuez, que abordou a questão da "Valorização da noz -pecã no mercado interno: Experiência do México".
O México foi o primeiro mercado internacional a desenvolver uma campanha completa para o American Pecan Promotion Board (APPB), alcançando resultados consistentes. González explicou que o objetivo geral foi consolidar uma cultura sustentável de consumo em torno da noz-pecã, baseada em três pilares estratégicos, que são: sabor, valor nutricional e versatilidade. "O maior desafio no início era o fato de que a noz-pecã não era vista como um alimento do dia a dia. Apesar do México ser um importante produtor, o consumo interno era limitado e associado principalmente à confeitaria", colocou.
De acordo com González, o modelo mexicano da campanha se baseia na coerência da mensagem, na eficiência dos meios digitais e na educação do consumidor para criar hábitos duradouros. Informou que o Conselho Mexicano se dedica a melhorar a posição das pecans no mercado. Ele concluiu sua fala, salientando que a experiência do México mostra que uma estratégia completa, coerente e culturalmente relevante pode transformar a percepção da noz-pecã.
A segunda palestra foi da doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos e professora da Unisinos, Jéssica Hoffmann. Ela falou sobre o tema "Explorando o potencial da noz-pecã brasileira: Potencial de aplicação na indústria alimentícia". Inicialmente, Jessica referiu pesquisa conjunta entre IBPecan, Embrapa e Unisinos junto a 28 cultivares, em Cachoeira do Sul, Canguçu e Santa Rosa, em 2022, visando propor os melhores manejos no sentido de potencializar a qualidade da noz-pecã como um produto altamente lucrativo.
Jessica também mostrou estudos acadêmicos que demonstraram o uso da pecan em uma série de produtos derivados e com resultados de boa aceitação junto ao público. "O nosso mercado valoriza o uso de ingredientes regionais, a demanda por alimentos funcionais, então essa questão de nutrição das nozes, ela pode e deve ser valorizada. Esse mercado que está voltado para ingredientes regionais, funcionais e sustentáveis, é positivo e a nossa pecan também entra aqui. Portanto é preciso transformar a nossa identidade produtiva em marca forte e reconhecida. Este é um caminho promissor para diferenciar os nossos produtos e conquistar novos mercados", concluiu.
A manhã de sexta-feira também contou com a palestra da engenheira agrônoma doutora Paula Conde, da estação experimental do INIA (Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola) Las Brujas. Ela falou sobre "Cultivares de noz-pecã: experiência do Uruguai".
A visita técnica ao pomar LM Parceria Rural, na localidade de Taboão, prevista para finalizar o evento foi cancelada devido ao mau tempo, mas representantes da propriedade apresentaram em vídeo, no auditório da Ulbra, os equipamentos utilizados para a poda mecanizada e o manejo no cultivo da nogueira-pecã.
O II ENAPecan foi uma realização do IBPecan em conjunto com a Prefeitura de Cachoeira do Sul, Emater e Embrapa. Possui o apoio de Pecanita, LM Parceria Rural, Pró-Pecã, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Ulbra e Sebrae. *Texto e Foto: Rejane Costa/AgroEffective
Acervo digital
Artigos Técnicos
Anunciantes
Eventos
Notícias do Pomar
Tecnologia
Vídeos