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IAC completa 135 anos com lançamento de cultivar inédita no mundo

Lippia alba e seis batatas-doces ornamentais estão entre as 40 cultivares IAC lançadas os últimos 12 meses


O Instituto Agronômico (IAC) celebra 135 anos de existência com o lançamento de um material inédito no Brasil e no mundo. Trata-se da cultivar IAC Citral 1 de Lippia alba desenvolvida pelo IAC - a primeira cultivar no mundo resultante de melhoramento genético. Em 2022, a cultivar IAC Citral 1 foi registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tendo de forma inédita os descritores mínimos da espécie Lippia alba. A novidade irá atender ao mercado crescente de plantas aromáticas e medicinais, chá e óleos essenciais. A Lippia alba, conhecida como a erva-cidreira, ocorre no Brasil todo, mas o que existem são plantas nativas, de origem espontânea na natureza, sem nunca terem sido melhoradas para apresentarem melhores qualidades aromáticas e químicas. A cerimônia comemorativa aconteceu dia 28 de junho, em Campinas. Com a presença do secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Francisco Maturro, e de lideranças da ciência e da agricultura do Brasil, agricultores de diversos setores e representantes da indústria do agro. A comemoração também terá o lançamento de seis cultivares de batatas-doces ornamentais e outras tecnologias, além da entrega do Prêmio IAC, oferecido anualmente a servidores do IAC. Nos últimos 12 meses, o IAC disponibilizou 40 novas cultivares de diversas espécies.

"Essas sete novas cultivares IAC que serão lançadas no aniversário de 135 anos do Instituto Agronômico e que, somadas aos resultados nos últimos 12 meses, totalizam 40 novas cultivares mostram a força e a competência desta Instituição na geração e na transferência dessas tecnologias, que contribuem com diversos segmentos agrícolas de São Paulo e do Brasil. Nossas equipes reúnem excelência científica e motivação capazes de superar as dificuldades e seguir demonstrando porque o IAC tem sua credibilidade inabalada junto a agricultores, empresas, agências de fomento e demais instituições de pesquisa e ensino no Brasil e no exterior", comenta o diretor-geral do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell.

O potencial agroindustrial de Lippia alba motivou a pesquisa que deu início, em 2003, ao Programa de Melhoramento Genético da espécie no IAC. Segundo a pesquisadora do IAC, Márcia Ortiz Mayo Marques, a espécie é produtora de óleos essenciais com ampla variação química, denominados de quimiotipos, dentre esses citral, linalol, mirceno/cânfora e eucaliptol. Esse amplo perfil contribui para o potencial uso da Lippia alba como matéria-prima para diversas finalidades ou aplicações no setor industrial, incluindo o de alimentos e bebidas, biodefensivos, veterinária, farmacêutica, aromaterapia, perfumaria e cosmética.

Para avaliar o potencial aproveitamento dos clones de Lippia alba do quimiotipo citral pela indústria de bebidas, em especial a de chá, a pesquisadora coordenou um estudo, de 2018 a 2019, com quatro cultivares do Banco de Germoplasma do IAC.  "Fizemos o cultivo das quatro cultivares selecionadas de Lippia alba em que foram avaliadas a produtividade da biomassa, composição química dos óleos essenciais e a análise sensorial dos chás, onde são avaliados o aroma e sabor", comenta Márcia.

A cultivar IAC citral 1 destacou-se das demais pela boa produção de biomassa, produção de óleo essencial e características sensoriais, sendo recomendada para consumo na forma de chá.

Como parte do estudo, a equipe realizou uma análise sensorial com a finalidade de atender critérios da indústria de bebidas para avaliar a recepção do público com o chá produzido com a cultivar IAC Citral 1. Essa etapa envolveu a participação de 60 avaliadores, que provaram a bebida e fizeram a análise sensorial, após tomarem o chá com o material IAC e outras duas bebidas elaboradas com capim-limão.

"Os avaliadores provaram o chá com a Lippia alba melhorada pelo IAC e compararam com duas amostras de chá feitos com capim-limão de duas marcas disponíveis no mercado", explica Márcia.

Essa fase teve a colaboração do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), também vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e à Secretaria de Agricultura.

A partir de intercâmbio de material genético diversificado teve origem a formação de um Banco de Germoplasma de Lippia alba no IAC, em Campinas, com plantas com características químicas diferenciadas. "Com esse germoplasma foram realizados experimentos de estabilidade e adaptabilidade fenotípica em diferentes regiões do Estado de São Paulo e de cruzamentos controlados e de polinização aberta, resultando em 110 clones de Lippia alba com óleos essenciais de diferentes quimiotipos", explica o pesquisador do IAC que liderou a pesquisa, Walter Siqueira, atualmente aposentado. Os cientistas explicam que dentre esses 110 clones há uma coleção específica de plantas do quimiotipo citral, que deu origem a cultivar selecionada para o mercado de chá.

"O mercado de chá é muito grande no mundo todo e o consumo vem aumentando. Por isso, a cultivar IAC Citral 1 consiste em uma nova opção de renda para produtores rurais na área de plantas aromáticas e medicinais e para a indústria brasileira de chá", avalia a pesquisadora do IAC.

O mercado de bebidas naturais, funcionais e mais saudáveis com foco na saúde, tais como o chá, tem ganhado espaço no cotidiano da população mundial.  Essa tendência tem sido acompanhada pelo consumidor brasileiro. De acordo com a Euromonitor International o consumo de chá no Brasil cresceu 25% de 2013 a 2020, correspondendo a quase o dobro da média mundial.

Conheça a Lippia alba - Lippia alba se destaca entre as espécies nativas do gênero Lippia da flora das Américas, pertencentes ao grupo de plantas aromáticas e medicinais, com potencial para exploração agronômica e industrial. 

No Brasil, ela está distribuída por todo território nacional. Por aqui é popularmente conhecida como erva-cidreira, cidreira-brasileira, falsa-melissa, entre outros nomes.

De acordo com Walter Siqueira, trata-se de espécie não domesticada, porém muito conhecida e disseminada no Brasil pelo uso consagrado das folhas e inflorescências na medicina tradicional, na forma na forma de decocções e infusões devido às propriedades digestivas, tônicas, anti-inflamatórias e analgésicas.  

Toda a pesquisa contou também com os pesquisadores do IAC Carlos A. Colombo, Joaquim Adelino, Sandra Maria Pereira da Silva, Hélio Minoru Takada, Antonio Lúcio M. Martins e Luís Carlos Bernacci, este último responsável pelos descritores mínimos presentes no registro do material.

Comemorações dos 135 anos do IAC - Quantas instituições de ciência no Brasil completam mais de um século de existência com atuação ininterrupta? Há uma em Campinas, interior paulista, um raro exemplo de tradição, modernidade e excelência em pesquisa agronômica, que transfere seus resultados para todo o território nacional. Fundado em 27 de junho 1887 por D. Pedro II, o Instituto Agronômico (IAC) comemorou seus 135 anos nesta terça-feira, 28 de junho, a partir das 15h, na sua Sede, em Campinas.

Além da Lippia alba serão lançadas também seis cultivares de batatas-doces ornamentais, a Plataforma Aberta IAC de Soluções para o Agro e duas publicações: o Boletim Técnico 100 - Recomendações de Adubação e Calagem para o estado de São Paulo e o livro A Cultura da Batata-doce. 

Este ano serão agraciados o pesquisador científico, Hamilton Humberto Ramos, responsável pelo Programa Aplique Bem, que já treinou 75 mil trabalhadores, aproximadamente, para aplicar corretamente defensivos agrícolas com maior eficiência para a lavoura e maior segurança para o ambiente e as pessoas. O Programa já foi transferido para seis países. Em parceria com a UPL, o Aplique Bem avalia pulverizadores em uso com base na ISO 16122 e realiza o treinamento de trabalhadores para o uso de defensivos. A atividade é feita com laboratórios móveis, chamados TechMóveis, levados às propriedades rurais do país. Também serão reconhecidos dois funcionários de apoio: Roselaine de Fátima Baradel Testi de Lima, que atua na área administrativa e responde pelo setor de recursos humanos do IAC, e Sebastião Boarolo, funcionário na área técnica em pesquisas com seringueira. O produtor rural Magno Della Coletta será homenageado na categoria externa.  *Carla Gomes - Assessora de imprensa - IAC

 

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