Eventos

O Sertão é o maior exportador de manga do Brasil

Vale do São Francisco é responsável por 86% de toda produção de manga do Brasil


O Brasil nunca exportou tanta manga. Essa constatação é resultado da pesquisa "O Comportamento das Exportações de Manga no Brasil: janeiro a outubro de 2020, realizada pela Embrapa Semiárido.

Os principais compradores da manga do Vale de São Francisco a Holanda, Alemanha, França, Portugal e Espanha. Sendo que a Holanda recebe o produto e é responsável por distribuí-lo para os demais países da Europa.  Os Estados Unidos são o segundo maior comprador

O Sertão do São Francisco, responsável por 86% de toda a exportação nacional, tem muito o que comemorar. Segundo o estudo da Embrapa Semiárido, o Brasil exportou, 94.309 toneladas, no período entre janeiro e outubro de 2012.  No mesmo período em 2020, o número foi de 163.758 toneladas, ou seja, um aumento de quase 80%. Nesse montante, somente o Vale do São Francisco responde por cerca de 141 mil toneladas.

Já sob fortes efeitos da pandemia da Covid-19 internamente e com diversos países da Europa, e o próprio Estados Unidos com as atividades econômicas reduzidas ou paralisadas, em junho deste ano, o Brasil alcançou uma média de exportação de 9.850 toneladas. Em outubro, o número cresceu expressivamente, atingindo a média de 41.243 mil toneladas. No Brasil, a exportação de manga é sazonal. O período de aquecimento é a partir do início do segundo semestre, ou seja, a partir do mês de junho.  "O Brasil conseguiu manter um bom ritmo de produção da fruta por dificuldades encontradas em outros países concorrentes para produzir, que abriram janelas para o nosso mercado, assim como pelo aumento da demanda que ocorreu nos países compradores, que consumiram mais fruta. O Brasil já faz algum tempo que vem sendo competitivo via câmbio. A manga brasileira possui um custo de produção muito mais alto do que o de outros países concorrentes, mas a possibilidade de produzir durante todos os meses do ano e o câmbio favorecem as exportações ", explica o doutor em Economia Aplicada e pesquisador da Embrapa Semiárido, João Ricardo Lima.

Dólar alto ajudou na lucratividade do setor - Usando o mesmo período como referência também é possível perceber um aumento significativo no lucro do setor. Em 2012, o lucro do setor foi de US$ 99.506 milhões, enquanto que em 2020 o montante registrado foi de US$ 165.660 milhões. Sozinho, o Vale do São Francisco lucrou US$ 142,5 milhões. Só para se ter uma ideia, no dia 31 de outubro, por exemplo, o dólar atingiu à marca de R$ 5,77 para compra e para venda. Com dólar alto, a vantagem da exportação foi bem maior, como explica o pesquisador da Embrapa. "Esta alta do dólar fez aumentar a rentabilidade no segundo semestre, principalmente. No primeiro semestre, houveram semanas com preços muito baixos, que mesmo com o dólar alto, não compensou exportar. Contudo, depois de maio, a exportação começou a compensar, pois o dólar aumentou, garantindo assim maior rentabilidade obtida," detalha.

Quem são os principais compradores e como é feito o transporte do produto? - Os principais compradores da manga do Vale de São Francisco  são a Holanda, Alemanha, França, Portugal e Espanha. Sendo que a Holanda recebe o produto e é responsável por distribuí-lo para os demais países da Europa.  Os Estados Unidos são o segundo maior comprador. O transporte é feito principalmente por via marítima. Do Sertão do São Francisco, a manga segue para o porto de Salvador, no estado da Bahia, e de lá, atraca no Porto de Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, no estado do Ceará, para então seguir rumo à Europa e à América do Norte. Apenas 5% de todo o volume da exportação é feito por aeronaves, pois o custo deste tipo de transporte é alto.

Perspectivas para o setor no novo normal - Caso a vacina contra à Covid-19 seja descoberta, a tendência é que com a imunização em massa, os demais países produtores de manga retomem o ritmo de produção também, fechando as janelas para o Brasil. Diante deste possível cenário, a aposta é que a demanda pelo produto permaneça e que o câmbio continue trabalhando em defesa do Vale do São Francisco. "Em relação ao futuro, se espera que a demanda por fruta permaneça elevada e que o câmbio continue favorecendo as exportações. No entanto, se espera também um maior volume produção do produto em outros países, reduzindo as janelas para o Brasil," conclui o pesquisador da Embrapa. *Jornal do Sertão/Adriana Amâncio

 

Comentários