Notícia

Irrigação automatizada de baixo custo

Um novo sistema de irrigação, desenvolvido pelo Instituto Federal do Ceará, foi implantado no viveiro de mudas do Projeto Biomas, na Caatinga


Alunos do curso de Bacharelado em Engenharia Ambiental e Sanitária do Instituto Federal do Ceará, campus Quixadá, desenvolveram um sistema de irrigação automatizada de baixo custo. O novo sistema foi implantado na estufa de produção de mudas para reflorestamento da Caatinga, em viveiro construído no âmbito do Projeto Biomas, realizado pela parceria entre CNA e Embrapa.
Este sistema se destaca, dentre outros fatores, pela economia de água e energia elétrica, custo bastante acessível, eficiência no crescimento das mudas e a autonomia na irrigação, depois de executado as configurações desejadas. O sistema surgiu com o intuito de minimizar a perda de mudas provocada pelo antigo sistema, que fazia uso de irrigação por micro aspersores localizados no teto da estufa, que pela altura e vazões elevadas, conferiam às gotas grande quantidade de energia cinética, que acabavam matando as plantas mais frágeis e desperdiçando água, como também a falta de irrigação que ocorria nos fins de semana, pela ausência de um operador nestes dias.

Inicialmente foi realizado um estudo da área disponível e das necessidades hídricas das espécies plantadas no viveiro, com isso foi possível estabelecer o dimensionamento hidráulico, referente aos diâmetros e melhor arranjo das tubulações, potência das bombas e o método de aplicação de água, que neste caso foi escolhido os nebulizadores, por aliarem economia de água e uniformidade na irrigação. Todo o monitoramento e controle da irrigação é feita por um microcontrolador, que utiliza um algoritmo desenvolvido exclusivamente para esta aplicação, no qual o usuário pode realizar configurações através de uma interface, que conta com uma tela LCD e um receptor infra-vermelho para controle remoto.  O usuário pode configurar os setores em que a irrigação deve ser ativada, os horários e a vazão desejada através do acionamento de duas bombas e sete válvulas solenóides. Também há um sensor ultra-sônico que verifica o volume de água disponível no reservatório e caso detecte um volume crítico desliga automaticamente o sistema, evitando que as bombas sejam danificadas.

Foi observado que, com o novo sistema de irrigação, a germinação e o desenvolvimento das mudas estão bem melhores, a economia de água é de aproximadamente 65%, e o valor gasto foi 70% menor, se comparado aos modelos que são comercializados e tem um nível de automação bem mais rudimentar.  Os estudantes ainda afirmam que esta tecnologia pode, com apenas alguns ajustes, ser adaptada para a agricultura familiar, levando tecnologia de baixo custo e elevado desempenho ao homem do campo, algo que é de grande importância para o aumento da produtividade, mesmo com baixa disponibilidade de água.

Sobre o clima semiárido da Caatinga - O clima semiárido está presente em grande parte da região nordeste. É caracterizado por elevadas temperaturas, baixas pluviometrias, além de sua concentração em apenas alguns meses do ano.  Somado a isso, esta região tem enfrentado uma seqüência de anos em que as chuvas foram abaixo da média histórica, comprometendo o nível dos reservatórios, implicando diretamente na segurança do abastecimento humano e na base econômica da maioria dos municípios que é a agricultura e a pecuária. Por esses motivos, é de extrema importância um eficiente sistema de gestão e gerenciamento de recursos hídricos, que esteja focado na correta alocação, uso eficiente e reuso da água.

Sobre o Projeto Biomas - O Projeto Biomas, iniciado em 2010, é fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com a participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições, em um prazo de nove anos.

Os estudos estão sendo desenvolvidos para viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas brasileiros.

O Projeto Biomas tem o apoio do SENAR, SEBRAE, Monsanto e John Deere.

Na Caatinga, o projeto conta com a parceria das seguintes instituições: Embrapa Caprinos e Ovinos, Embrapa Semiárido, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Ceará / Campus Quixadá, Universidade Estadual Vale do Aracau, Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará, Administração Regional do SENAR Ceará e sindicatos rurais da região.

Para saber mais, acesse o site do Projeto Biomas: www.projetobiomas.com.br

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