Notícias do Pomar

9ª Feira da Goiaba começou nesta sexta-feira (5/4), em Brazlândia

Introdução de novas variedades de goiaba aumenta produtividade da fruta em Brasília e região


Paulo Yukio tem 5 hectares de plantação, uma safra de 10 toneladas por ano, e também fornece para a merenda escolar

A tradicional festa será neste fim de semana e no próximo. Além da comercialização do produto in natura e de derivados, haverá muitas atrações, como shows artísticos, venda de artesanato e flores, entre outros

Começou nesta sexta-feira (5/4) a 9ª Feira da Goiaba, que celebra a fruta número 1 da agricultura do Distrito Federal. A festa vai durar dois fins de semana, dos dias 5 a 7, e no seguinte, de 12 a 14 de abril. A programação será das 19h às 22h, às sextas-feiras, e das 10h às 22h, aos sábados e domingos, sempre na Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (Arcag), em Brazlândia. A expectativa é de que mais de 30 mil pessoas, de Brasília e do Entorno, compareçam. A entrada é gratuita. Haverá ônibus extras com destino ao local. A festa inclui show artísticos, que começam às 20h e se estendem até as 2h. Veja o serviço ao fim do texto.

Os visitantes encontrarão 36 expositores de goiaba e seus derivados, como polpas de fruta, sucos, doces e compotas. Serão oferecidas quatro cultivares trabalhadas pelos produtores locais - paluma, tailandesa, cortibel e Pedro Sato - a mais produzida na região. Além das tradicionais barracas com os produtores, também haverá outros 30 estandes de flores e de plantas ornamentais para embelezar a festa. Orquídeas, bromélias, cactos e suculentas, paisagismo em geral, além de mudas de hortaliças e frutíferas, são cultivadas na região por agricultores assistidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF).

Desde o ano passado, a goiaba é a fruta mais produzida no DF, tendo ultrapassado o limão, o abacate e a banana. Brazlândia é responsável por 88,08% do plantio. A maior parte da produção é consumida no DF, apesar de alguns agricultores terem clientes nos estados vizinhos. Na última safra anual, foram produzidas mais de 700 mil toneladas da fruta - uma média de 30 toneladas por hectare, índice um pouco superior à média nacional, de 25 toneladas por hectare.

"Por termos as estações bem definidas e o clima também, temos algumas condições favoráveis ao cultivo da goiaba no Distrito Federal. Outras questões são que os produtores têm acesso a boas tecnologias de produção e que, pelo tamanho pequeno dos pomares, isso facilita o manejo e requer menos mão de obra", explica Claudinei Vieira, engenheiro agrônomo da Emater-DF.

Em todo o DF, há 412 hectares plantados de goiaba, mas nem todos estão produzindo ainda. Isso porque, para atingir uma idade de produção, a goiabeira precisa completar, no mínimo, três anos de idade. Então, atualmente, 300 hectares estão com goiabeiras maduras. Entre as tecnologias utilizadas para otimização do cultivo, há a irrigação por microaspersão e, ainda, a técnica de manejo da poda, que faz com que haja fruta para serem colhidas o ano todo - tendo em vista que a época natural de colheita ocorre entre janeiro e abril. 

Paulo Yukio tem 5 hectares de plantação, uma safra de 10 toneladas por ano, e também fornece para a merenda escolar(foto: Ed Alves/CB/DA.Press)

Produtores - Paulo Yukio está entre os 222 produtores de goiaba do DF. Com 5 hectares de área plantada e aproximadamente 1.200 pés da fruta, a expectativa anual é de uma safra de 10 toneladas. A colheita é feita nas manhãs das segundas e das quintas-feiras, o que deixa o produtor com dia fixo para vender na feira da Ceilândia, nas terças e sextas-feiras. "Nós usamos toda a tecnologia disponível no mercado para melhorar a produção. Vamos sempre renovando os produtos, adubos e defensivos", conta. Para a 9ª Feira da Goiaba, ele vai fornecer a fruta à agroindústria do tio, que vai vender o alimento processado em polpas para fazer suco.

Foi o pai dele quem começou a comercializar, em Ceilândia, há mais de 20 anos. Por isso, tem clientela fixa. "Vendemos mais as verdosas e pouco maduras lá. As mais maduras mesmo, nós temos duas parcerias para fazer polpa de fruta. Uma com o meu tio e outra com uma agroindústria, em Sobradinho", explica. De acordo com Paulo, durante a safra, eles também fazem entrega às escolas, para merendas. Com todos esses acordos, escoam boa parte da colheita.

Todos os anos, o produtor rural Márcio Akira participa da Feira da Goiaba, vendendo a fruta in natura. Com 40 hectares de área cultivada, ele tem aproximadamente 11 mil árvores, com uma colheira de praticamente seis toneladas por semana. Para toda essa extensão de terra, 12 pessoas trabalham diretamente na colheita e outras quatro no manejo da fruta. Quando não está na época do evento em Brazândia, ele escoa a produção na Ceasa e na Feira do Produtor de Ceilândia, onde fica quatro dias na semana.

"Como estamos há muitos anos no mercado, temos nossos clientes fixos. O que precisamos pensar agora é em como aumentar a clientela, tendo em vista que a produção está aumentando ano a ano", comenta. Neste momento, apenas 50% das goiabeiras dele estão produzindo. A medida que os pés vão amadurecendo e envelhecendo, vai aumentando a quantidade de goiabas cultivadas. Márcio utiliza a tecnologia de manejo da poda para colher as frutas durante o ano inteiro. Na próxima semana, vão chegar para ele as novas mudas com a tecnologia BRS Guaraçá. "Estou com uma boa expectativa. Vamos ver se ela é mesmo resistente, porque é só a longo prazo que dá para perceber", conclui.

Mercado - Ao todo, há 222 produtores de goiaba no DF. Segundo Claudinei Vieira, engenheiro agrônomo da Emater, o número é muito expressivo, mas não significa que o mercado esteja saturado. "Tem espaço, sim, para quem quiser produzir, porque ainda importamos goiaba dos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Então, para o consumo interno no DF, tem espaço e, mais ainda, para ampliarmos a exportação", aponta. Para aqueles que pretendem empreender, basta procurar um dos 15 escritórios da Emater espalhados pelo território da capital.

Combate a pragas - Recentemente, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) criou uma tecnologia de alta eficiência chamada BRS Guaraçá, cujo objetivo é controlar a nematoide-das-galhas, maior praga das goiabeiras no país inteiro. Esse dispositivo é um híbrido entre a goiabeira e o araçazeiro, utilizado como porta-enxerto. Foi desenvolvido por meio de melhoramento genético, a partir de cruzamentos de duas espécies. As mudas de um ano e meio para cá entregues pela Emater aos produtores rurais já vem com essa nova tecnologia para tornar os pomares mais resistentes e mais silvestres, com maior longevidade do que os tradicionais.

Serviço:

Onde: Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (Arcag), BR-080, km 13, Incra 6, Brazlândia

Quando: de 5 a 7/4 e de 12 a 14/4 - Horário: das 19h às 22h, às sextas-feiras, e das 10h às 22h, aos sábados e domingos -Entrada: gratuita

Atrações:

Empório da Goiaba, com 36 estandes de venda da fruta in natura e de derivados, como doces, geleias, bolos e licores

Feira de Floricultura e Jardinagem de Brazlândia

Bon Odori - evento de culinária japonesa, com pratos tradicionais, como yakissoba, sushi e tempurá

3º Concurso de Receitas e Circuito Gastronômico da Goiaba

Galpão do Artesanato, com pinturas, tricô, bordado, artigos de couro e miniaturas de móveis de madeira, entre outros

Educação alimentar e nutricional (EAN), para divulgação dos programas de segurança alimentar e nutricional do GDF

Parque de diversões - 4° Passeio Ciclístico da Goiaba, com sorteio de uma bicicleta profissional e de itens como garrafas, capacetes, bombas de ar e sinalizadores. Não há idade mínima para participar, mas os menores de 16 anos deverão estar acompanhados dos pais ou dos responsáveis. As inscrições poderão ser feitas até esta sexta-feira (5/4). Basta clicar AQUI

Shows artísticos a partir das 20h, que vão até as 2h

Entre as apresentações, estarão Jiraya Uai (5/4); Ivoney Fernandes (6/4); João Bosco e Vinicius (7/4); Di Paulo e Paulinho (12/4); Léo Magalhães (13/4); e Os Barões da Pisadinha (14/4): dia 14

Transporte - Para facilitar o acesso, haverá ônibus extras.

A circular 401.5 terá 28 viagens por dia, saindo do terminal Veredas, passando pelo local da festa e indo até o Incra 8, para depois retornar ao terminal rodoviário. Os ônibus farão viagens a partir das 18h, começando com saídas a cada 30 minutos e passando para intervalos de 15 minutos entre 19h30 e 3h.

A linha 0.402 vai operar conforme a demanda, sendo na sexta-feira entre as 20h e as 2h, e no sábado e no domingo entre as 22h e as 2h. Os ônibus da 0.402 fazem o percurso de Brazlândia para Ceilândia e Taguatinga Centro, passando pelas vias Samdu e Comercial Norte. *Correio Braziliense/Carolina Braga

Conheça as principais variedades de goiaba:

  • Paluma - Maior rendimento de polpa, muito utilizada para fazer doces, geleias e licores em geral. Porém, a maturação é muito rápida, o que torna o fruto não muito recomendada para consumo in natura.
  • Suprema (Tailandesa) - Variedade que atrai o consumidor pelo tamanho. É muito comum encontrar frutos com 400, 500 e até 800 gramas. Possui uma boa duração de prateleira, agradando bastante o mercado consumidor, mas não é um fruto que tem um grau de brix muito elevado, ou seja, não é muito saboroso.

Cortibel - Possui um sabor intermediário, bem como tempo de prateleira, que pode chegar a cinco dias. O tamanho médio do fruto também agrada, chegando em média a 300 gramas.

  • Pedro Sato - É hoje a variedade mais cultivada no DF e se destaca pelo sabor, sendo o mais recomendado para consumo in natura. Comparado com suprema e cortibel, seus frutos são bem menores, chegando a um peso médio de 150 a 200 gramas.
  • Sassaoka - Possui um sabor muito agradável e também um bom tempo de prateleira. O tamanho dos frutos é parecido com o da Pedro Sato, mas o fato de ter a casca muito rugosa pode depreciar o seu valor de mercado. *Com informações da Emater-DF. 
  • Introdução de novas variedades de goiaba aumenta produtividade da fruta na capital/Liderando o ranking da fruticultura local, novas espécies são menos suscetíveis a problemas fitossanitários

Desde 2019, a goiaba é a fruta mais produzida no Distrito Federal. Em 2023, a produção chegou a 7.070 toneladas cultivadas em 412 hectares de área plantada. Foram determinantes para o crescimento da produção o plantio de novas cultivares, menos suscetíveis a problemas fitossanitários, como a Cortibel RG e a Suprema, também conhecida como Tailandesa, e o trabalho de assistência técnica e extensão rural realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) junto aos fruticultores para divulgar e disseminar as novidades.

As variedades Pedro Sato e Paluma foram introduzidas no DF a partir da década de 1980. No entanto, elas apresentaram fragilidades em relação à fitossanidade. Já a Cortibel RG e a Suprema são mais resistentes a doenças, garantindo assim um ganho significativo para o produtor.

Para contribuir ainda mais com esse desempenho, está chegando à região o resultado de um estudo realizado pela Embrapa que representa a primeira tecnologia muito eficiente quanto ao controle do parasita nematoide-das-galhas, principal desafio da produção de goiaba no Brasil. Essa pesquisa começou em 2007 e se deu com o melhoramento genético a partir do cruzamento de duas espécies de Psidium: Psidum guajava, goiabeira, e Psidium guineense, araçazeiro. O porta-enxerto BRS Guaraçá é uma planta híbrida, que mistura características das duas espécies.

                        Estudo da Embrapa ajuda no controle do parasita nematoide-das-galhas, principal desafio da produção de goiaba no Brasil | Foto: Divulgação/Emater-DF

O gerente de Fruticultura da Emater-DF, Felipe Camargo, informa que a tecnologia já está surgindo no DF e os enxertos de mudas evitam que o produtor tenha prejuízos com o nematoide-das-galhas. "Os nematoides, quando infectam as goiabeiras, injetam substâncias tóxicas e sugam nutrientes. Dessa forma, diminuem a vida útil da planta e causam prejuízos econômicos aos produtores. Nosso trabalho junto aos produtores ajudou a colocar a goiaba na liderança quando sugerimos a substituição dos pomares de Pedro Sato e Paluma por Cortibel RG e Suprema. Agora vamos contribuir apontando o porta-enxerto BRS Guaraçá como mais uma alternativa", declarou o gerente.

Qualidade e resistência - Edson Pinto Corrêa, 52 anos, cultiva goiaba desde os 15 anos de idade. Ele plantava a espécie Paluma, mas fez a substituição dos pés existentes à medida que a Suprema e Cortibel foram se tornando acessíveis. "As novas espécies vão aparecendo e a gente pode decidir se quer trocar. Eu preferi investir na Suprema por causa do tamanho do fruto, da qualidade e da resistência da planta. Além disso, a separação dos frutos é muito fácil: nós separamos em duas caixas diferentes apenas, uma com goiabas grandes e outra com frutos menores. Esse processo agiliza muito o tempo de colheita e diminui a quantidade de mão de obra empregada", observou o produtor.

                      Vanusca Marques e Edson Pinto Corrêa planejam colher 21 toneladas de goiaba da espécie Suprema até o fim da safra

Atualmente, Edson Corrêa cultiva três hectares de goiaba Suprema e 0,8 ha de Cortibel. A estimativa do produtor é colher 21 toneladas de Suprema até o fim da safra. O fruto já tem destino certo: parte fica no DF e a outra vai para Goiás e Mato Grosso. Para todo o processo de cultivo e colheita, Edson conta com a força de trabalho de quatro trabalhadores rurais e da esposa, Vanusca Marques.

Ao longo dos 27 anos de casamento, Vanusca acompanhou a transição das cultivares e afirma que a mudança resultou numa produção com muito mais qualidade para o consumidor. Nesse processo, o auxílio da Emater-DF tem sido fundamental para a definição do fornecedor das mudas, nas dúvidas sobre o manejo, adubação e controle de doenças.

"Quando a gente está no auge da preparação até chegar à colheita, que demora uns seis meses, às vezes surge um problema que a gente não consegue detectar, que ficou do ano anterior e aparece no ano seguinte. Nesse caso, a gente recorre à Emater-DF que tem o conhecimento técnico para a solução", afirmou Vanusca.

Para Nadja de Moura Pires Oliveira, extensionista rural do Escritório da Emater-DF em Brazlândia, a prosperidade do casal tem respaldo na dedicação ao cultivo da fruta, que compreende fazer a poda correta, adubação, irrigação e o controle de pragas de acordo com as orientações técnicas, além da introdução das novas cultivares, que são mais produtivas.

"A goiaba lidera o ranking de frutas no DF porque houve o aumento da área plantada, que se deu não só pela migração de outras culturas para a goiaba, mas pelo manejo precisar de um número menor de mão de obra e da disponibilidade das novas cultivares na região, mais resistentes e produtivas. Nós explicamos as vantagens de cada espécie, assim como o uso do porta-enxerto BRS Guaraçá, mas a decisão é do produtor, que define de acordo com a sua preferência, condições de investimento e mercado que deseja acessar. Nossa função é levar o conhecimento", declarou a extensionista. *Agência Brasília/Vinícius Nader - 06/04/2024

Edson e Vanusca estão adquirindo 600 mudas de Suprema com porta-enxerto BRS Guaraçá e vão receber as plantas durante a Festa da Goiaba. A decisão foi pela resistência delas aos nematoides.

 

Comentários