A palma forrageira, é uma cactácea que foi introduzida no Brasil por volta de 1880 no Estado de Pernambuco, sendo predominante em climas áridos e semiáridos (Jesus et al., 2024). De acordo com Lima et al. (2020), ela pode ser classificada como uma Planta Alimentícia Não Convencional (PANC), uma vez que está adaptada às condições do semiárido e com potencial para o preparo de diversos pratos para a complementação da alimentação humana.

As cactáceas apresentam uma composição química relevante, contendo carboidratos, proteínas, lipídios, fibras e vitaminas (Silva, 2015). No Brasil, há diversos relatos históricos que apontam para o uso de cactáceas na alimentação, especialmente em períodos de estiagem prolongada, quando essas espécies se mostram como as únicas culturas capazes de resistir às adversidades do Nordeste (Silva et al., 2017). Na região semiárida, a palma (cladódios) é predominantemente empregada na alimentação de ruminantes. No entanto, a espécie apresenta uma ampla gama de aplicações, incluindo o uso na alimentação humana em forma de sucos, bebidas, geleias, doces, picles e farinha (Ferreira, 2021). Outras aplicações relevantes incluem o uso em cercas vivas, paisagismo, produtos fitoterápicos e cosméticos.

Os frutos da palma forrageira são popularmente conhecidos como figo-da-índia. São comestíveis, de sabor doce, suculentos, de cor amarelo-esverdeada, laranja, vermelha ou púrpura contendo a polpa e casca fina (Oliveira, 2022), podendo ser consumido fresco em saladas ou minimamente processado, congelado, na forma de sucos, doces, geleias, compotas e também utilizado como espessante (Ferreira, 2021). A produção dos frutos representa uma alternativa economicamente viável para o Semiárido, pois essa espécie apresenta frutificação contínua ao longo do ano e sua polpa quando conservada adequadamente permanece estável por meses.

Entretanto, o consumo dessas plantas ainda é cercado por preconceitos culturais, sendo frequentemente associado a práticas alimentares exóticas ou mesmo à escassez de alimentos, o que reflete uma herança histórica da
região. Dessa forma, novos trabalhos direcionados à desmistificação e valorização dessa cactácea, rica em nutrientes, podem impulsionar o uso da palma e dos frutos como alternativa para enriquecer o cardápio nas regiões
áridas, além de promover a elaboração de produtos inovadores contribuindo com o aumento da renda dos pequenos agricultores.

*Daiana Júnia de Paula Antunes, Nataly de Almeida Costa, Eliane Mauricio Furtado Martins - IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba/MG -[email protected] 

Agradecimentos: À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por meio do projeto "Ação integrada dos Programas de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos e Zootecnia" aprovado no edital conjunto n° 3/2024 e IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba/MG pelo apoio a realização da pesquisa.

Referências: FERREIRA, L. I. R. Valorização das palmas e dos frutos da Figueira-da-índia (Opuntia ficus indica). 2021. Dissertação (Mestrado em Engenharia Alimentar). Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de
Coimbra, 2021. JESUS, A. S.; FILHO, R. F. dos S.; OLIVEIRA, N. M.; KRUSCHEWSKY, F. F. Palma forrageira do quilombo boi: constituintes químicos e teor de fenóis totais. Cadernos Macambira, v. 9, n. 3, p. 69-73, 2024. LIMA, M. R.; SOUZA, A. S.; FONTES, R. F.; SANTOS, T. S.; VASCONCELOS, A. K. Levantamento de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) conhecidas e utilizadas por moradores do município de Nossa Senhora da Glória SE. Cadernos de Agroecologia, v. 15, n. 2, p. 1-4, 2020. OLIVEIRA, L. D. P.; CASTRICINI, A.; MARTINELI, M.; OLIVEIRA, P. M. de. Caracterização de frutos de diferentes espécies de Palma Forrageira. Brazilian Journal of Development, v. 8, 68433-68439, 2022. REVISTA JARDINS. Método biológico do figo-da-índia. Disponível em: https://revistajardins.pt/metodo-biologico-do-figo-da-india/\. Acesso em: 26 nov. 2024. SILVA, A. J. da S. M.; SANTOS, E. M.; OLIVEIRA, J. S.; PERAZZO, A. F. Produção de silagem na forma de ração à base de palma: Revisão de Literatura. REDVET. Revista Electrónica de Veterinária, v. 18, n. 9, p. 1-11, 2017. SILVA, V. A. Diversidade de uso das cactáceas no Nordeste do Brasil: Uma Revisão. Revista Gaia Scientia, v. 9, p. 175-182, 2015.