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Capacitação reúne produtores de morango no Cetrevi em SC

Controle biológico contra ácaro rajado ganha espaço em morangais no ES; Cultivares de morangueiro e a relação com fotoperíodo e temperatura


Evento falou sobre o cultivo do morando em solo e em sistemas semi-hidropônicosNa última quarta-feira (07), o Centro de Treinamentos da Epagri em Videira ( Cetrevi), reuniu produtores de morango promovendo a capacitação e interação. O evento que visa atualizar técnicos e produtores sobre práticas de cultivo contou com a participação de toda região.

A capacitação abordou técnicas para o cultivo em solo e sistemas semi-hidropônicos com foco em melhorar a produção e a renda dos agricultores.

Diversos produtores da região participam, incluindo representantes de Timbó Grande, Freio Rogério, Matos Costa, Lebon Régis, Caçador e Videira.

A engenheira agrônoma Andressa Mariani Bee ressaltou que a atualização técnica é essencial para atender à crescente demanda e otimizar a produção.

A produção está passando por mudanças, principalmente para o cultivo semi-hidropônico, o qual facilita a mão de obra e aumenta a eficiência.

Apesar de picos de produção no verão, a demanda por morangos permanece alta durante o ano, especialmente em períodos de festa.

Porem Andressa comenta que produção local não é suficiente para atender toda a demanda, especialmente no inverno, quando o mercado recorre a estados vizinhos para suprir a necessidade.

*Portal RBV/Videira/SC - Veja vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=tMpXG7FUEZc

Controle biológico contra ácaro rajado ganha espaço em morangais - Recomendado desde o lançamento do Programa Morango Mais Saudável, em 2011, o uso de controle biológico para conter o ácaro rajado (Tetranychus urticae), principal praga da fruta, aos poucos cresce no Estado. O Espírito Santo tem, segundo dados do Anuário do Agronegócio Capixaba, de 2022, 293 hectares de área plantada da frutífera e uma produção de 14.500 toneladas.

Wellington Casagrande, de Forno Grande, Castelo, produtor de morango desde a década de 1990, é um exemplo. Com problemas para controlar o ácaro rajado dos morangais, procurou o doutor em Entomologia, José Salazar Zanuncio Junior.

"Ele não queria mais utilizar os acaricidas químicos, então indiquei para ele o produto comercial a base de ácaros predadores, auxiliei no manejo, e recomendei as formas e cuidados na liberação para garantir a eficácia do produto", disse Salazar.

A busca por uma solução biológica, segundo Wellington, veio depois que perdeu toda lavoura em 2010. "Não consegui controlar a praga e tivemos uma perda muito grande. Nessa época desisti dos produtos químicos e resolvi estudar o ácaro rajado para tentar o controle do mesmo sem o uso de químicos. Descobri que existiam predadores que se alimentam do ácaro rajado e não causam danos a cultura", conta.

Após a experiência de Wellington, outros produtores da região começaram a procurar informações com ele para fazer a transição do produto químico para o biológico. É o caso do Jefferson Barbosa Kuster, também de Forno Grande.

"O ácaro sempre foi um problema principalmente nos meses mais secos, quando ataca mais. Ouvimos falar dos predadores, que poderiam comprar e soltar na roça. Fomos conhecer e vimos que o resultado é muito positivo. O ácaro predador, solto na roça, consegue sobreviver e continua fazer o controle do ácaro rajado, ele se mantém. Além disso, é saudável para quem come e quem colhe morango", explica Jefferson.

Salazar explica as vantagens do uso do predador natural. "O ácaro predador tem a vantagem de não deixar resíduos no morango, além de se estabelecer no cultivo, o que reduz a necessidade de muitas liberações do ácaro. O que recomendamos é que os produtores tenham cuidado no uso de pesticidas para não afetar o ácaro predador. Assim, ele faz o controle do ácaro rajado (foto acima) de forma satisfatória".

Mas, o que impede que mais produtores façam uso dos produtos biológicos mesmo diante das vantagens dos mesmos e dos bons resultados apontados porque quem já aderiu aos biológicos

Para Salazar, que também é pesquisador e gerente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a explicação está na falta de conhecimento e nos cuidados que exige o uso dos biológicos.

"Acredito que essa resistência por parte dos produtores está associada à falta de conhecimento sobre o uso dos biológicos, bem como dos produtos disponíveis no mercado. Outros fatores são os cuidados extras e um manejo mais adequado que o uso de controle biológico exige. A utilização do controle biológico demanda alguns cuidados extras e um manejo mais adequado. O que demanda maior conhecimento e mudança de algumas estratégias de manejo, por parte dos produtores", salienta o especialista.

Salazar disse ainda que é esse trabalho que buscam fazer enquanto pesquisadores do Incaper, juntamente com os extensionistas e os resultados estão aparecendo. "Vejo que essa é uma área em expansão. Atualmente muitos produtores utilizam o ácaro predador e já dispensaram o uso de acaricidas. Acredito que aproximadamente metade dos produtores de morango já adotaram esse recurso".

O especialista acrescentou que os acaricidas reduziram sua eficiência, com o tempo, devido seu uso intensivo, o que acarreta o aumento na população de ácaro rajado resistente aos principais princípios ativos do produto. *ConexãoSafra/Rosimeri Ronquetti - 05/8/2024. Veja também: https://revistadafruta.com.br/noticias-do-pomar/ifes-desenvolve-aplicativo-para-identificar-acaro-rajado-em-morango,442822.jhtml. 

Cultivares de morangueiro e a relação com fotoperíodo e temperatura - A função da resposta ao fotoperíodo e temperatura para a indução floral. O fotoperíodo é correspondente ao período que a planta fica exposta a luz (comprimento do dia). A temperatura exerce influência marcante na frutificação e desenvolvimento vegetativo, podendo modificar e, até mesmo, anular o efeito do fotoperíodo.  Existem dois grupos de cultivares, as de dia curto e cultivares neutras.

O florescimento das cultivares de dia curto normalmente é induzido por temperaturas noturnas entre 8 e 15º e fotoperíodo menor que 14 horas. Se expostas a mais de 14 horas de luz e a altas temperaturas, diminuem drasticamente a produção de frutos, entrando na fase vegetativa, inibindo a floração e produzindo estolão. Essas cultivares produzem até o início do verão, no mês de dezembro, e a partir desse período diminuem a produtividade, e só retornam a produzir com intensidade, quando voltarem a receber a quantidade de luz necessária para o desenvolvimento de novas flores.

Já as cultivares neutras são independentes ao fotoperíodo, respondem a outros fatores, principalmente a temperatura. Florescem continuamente o ano todo, com temperaturas na faixa entre 10 a 28°C. No entanto, com temperaturas médias abaixo de 10ºC ou muito elevadas, acima de 28°C a floração será afetada, temperaturas superiores a 32ºC provocam abortos florais. Contudo, se a temperatura permanecer dentro da faixa média, essas cultivares tem algumas vantagens, em relação as de dia curto: vão ter uma janela de plantio mais ampla; o produtor vai conseguir fazer uma programação de distribuição de frutos para comercialização o ano todo; média de preço mais elevada na entre safra, principalmente nas épocas mais quentes do ano, próximo do natal e ano novo, que são épocas de boa comercialização.

Com base nessas informações, é interessante que o produtor avalie qual o objetivo do cultivo da sua propriedade. Uma opção seria instalar cultivares dos dois grupos, porém, é importante ressaltar que cada grupo de cultivar, ou até mesmo cultivares do mesmo grupo, tem diferentes exigências quanto a nutrição das plantas, espaçamento de plantio, controle de pragas e doenças, dentre outros fatores. É de fundamental importância conhecer a cultivar e, a sua interação com o ambiente.

A troca de experiência entre técnicos especializados sobre a cultura e agricultores é essencial para definir qual cultivar é apropriada para o cultivo, conforme os abjetivos do produtor. Por esse motivo, engenheiros agrônomos e outros profissionais do agronegócio, principalmente os pesquisadores, testam em suas pesquisas a adaptabilidade, e demais fatores, de diversas cultivares de morangueiro nas regiões produtoras do Brasil. *Agroinght

Referências: PROCOPIUK, M. Desempenho de dois cultivares de morangueiro sob túneis alto e baixo em sistema orgânico. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. 2015. SANTOS, A. M.; MEDEIROS, A. R. M. (Ed.) Morango: Produção. Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Brasília: Embrapa Informação Tecnológica (Frutas do Brasil, 40), p. 24-30, 2003. ZAWADNEAK, M. A. C.; SCHUBER, J. M.; MÓGOR, Á. F. Como produzir morangos. Curitiba: Ed. UFPR, 2018.

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