Notícias do Pomar

Com inverno atípico, produção de maçã em SC pode ser prejudicada? Especialista explica

Dados da Epagri mostram otimismo para a safra de maçã de 2024; entenda


Inverno atípico e calor fora de época podem prejudicar a produção de maçã no Estado, contudo dados da Epagri mostram otimismo para a safra 2024

Com o inverno atípico em Santa Catarina, o mês de agosto já soma dias com calor "escaldante" e noites e amanheceres com geada e queda de granizo. Mas com todas essas alterações climáticas, a produção de maçã poderá ser prejudicada de alguma maneira em Santa Catarina?

A equipe do ND+ conversou com o pesquisador da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Marcelo Couto, para entender se a próxima safra da maçã, colhida entre fevereiro e maio, terá bons resultados para os produtores.

Conforme Couto, 95% das maçãs produzidas em Santa Catarina são do tipo Gala e Fuji. Além disso, o pesquisador aponta que as principais regiões produtoras desses cultivares são as cidades de São Joaquim, na Serra catarinense e Fraiburgo, no Meio-Oeste.

Em um cenário ideal, as macieiras precisam a partir do mês de abril até final de setembro ficarem em temperaturas iguais ou inferior a 7?°C.

O especialista destaca que nesse período o pé de maçã passa por um período de dormência hibernal, na qual cairão as folhas e ao metabolismo da planta se torna quase nulo.

Neste período a planta precisa receber uma quantidade certa de frio (unidade de frio) para poder perder as folhas e também, uma quantidade adequada de horas de frio para poder brotar no tempo certo. Esse período se encerra na primavera.

Maçã Lorenzo é um cultivar de colheita precoce e com menor exigência em frio  - Foto: Epagri/ND

Contudo, conforme Couto nesse período do ano e com tempo instável, muito influenciado pelo El Niño, houveram alguns "veranicos" fora de época. Essa condição climática, conforme o especialista, não acarretará uma menor produção, mas induzirá os produtores a utilizar mais químicos indutores para "forçar" a planta a sair da dormência hibernal.

O uso desses indutores químicos não alteram em nada o aspecto e o sabor do fruto, mas auxiliam no metabolismo da planta e compensando as horas de frio que o fruto teoricamente perdeu. 

Sucesso da safra de maçã depende também de cuidados redobrados dos produtores - Conforme Marcelo Couto, se observarmos o painel do Monitoramento do Frio, da Epagri, a média de unidades de frio para a região de Fraiburgo está acima da média histórica. Com esse fator, conforme o especialista, a safra não será ruim desde que os produtores se atentem aos monitoramentos da Epagri e na utilização correta dos químicos indutores.

Unidade de frio para a produção da fruta em Santa Catarina. - Foto: Epagri/Divulgação/ND

Vale ressaltar que esse cenário é desenhado de acordo com um intenso trabalho de pesquisa e extensão rural desenvolvido pela Epagri e confrontado com dados colhidos ao longo dos anos. Conforme o extensionista, se considerar essa tabela, com o uso devido das tecnologias e dos insumos, a colheita de maçãs em Santa Catarina terá bons resultados.

"Percebemos que as condições para a safra de maçã são satisfatórias à boas, desde que a colheita seja acompanhada 'de perto', com uso de indutores na quantidade certa e no tempo certo", pontua. 

50% da Fruticultura de SC é com a produção da fruta - Conforme a Epagri, a fruta contribui muito para a economia do Estado. A estimativa do órgão aponta que cerca de 50% da Fruticultura estadual esteja relacionada com a produção de maçã, contabilizando cerca de R$ 570 milhões.

Outro dado apontado pela Epagri revela que para armazenagem, distribuição e comercialização em mercados atacadista e de varejo, há o envolvimento de outros serviços, que ampliam a contribuição da cadeia produtiva e de comercialização de maçã para mais de R$ 2,5 bilhões anuais na economia catarinense. *Luiz Fernando Dresch/NDmais/Florianópolis

Comentários