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Embrapa Uva e Vinho participa da 5ª Tecnovitis em Bento Gonçalves

A busca por cultivares mais sustentáveis está acontecendo em todo o mundo. Nós já temos as cultivares resistentes brasileiras adaptadas ao nosso clima com excelentes resultados, e também estamos validando algumas PIWI


Cooperativa Aurora em Bento Gonçalves/RS

Mais de seis mil visitantes tiveram a oportunidade de ter contato com tecnologias voltadas para a viticultura e fruticultura durante a Tecnovitis 2023, de 6 a 8 de dezembro, no Complexo do Hotel Villa Michelon, no Vale dos Vinhedos. Além da participação da  equipe de técnicos no estande conjunto com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul e a Emater-RS/ASCAR, a Embrapa Uva e Vinho também participou do seminário com palestras dedicadas a temas como agricultura sustentável, controle biológico e manejo de doenças.

Na manhã do dia 6, as cultivares híbridas ou resistentes foram a temática do painel que contou com as palestras do chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Adeliano Cargnin (foto), e do pesquisador Giuliano Elias Pereira, com a moderação de Thompson Didoné, extensionista da Emater-RS/ASCAR, de Bento Gonçalves. Além de apresentar um panorama geral do desenvolvimento e da atualidade das uvas resistentes, Cargnin atraiu a atenção do público presente ao compartilhar o portfólio das cultivares desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético da Embrapa, o "Uvas do Brasil", e também um panorama das cultivares Piwi, nome que vem da expressão PIlzWIderstandsfähige Rebsorten, que pode ser traduzida como "variedades de uvas resistentes a fungos", que estão sendo avaliadas pela Empresa de Pesquisa.

"A busca por cultivares mais sustentáveis está acontecendo em todo o mundo. Nós já temos as cultivares resistentes brasileiras adaptadas ao nosso clima com excelentes resultados, e também estamos validando algumas PIWI", destacou Cargnin. O pesquisador Giuliano apresentou os resultados de três anos de pesquisas das cultivares resistentes brasileiras e importadas no campo e também na taça, que chamaram a atenção dos presentes pelas boas perspectivas. Dentre as onze variedades PIWI italianas avaliadas pela Embrapa Uva e Vinho, algumas variedades brancas e tintas apresentaram ótimos resultados agronômicos e enológicos em três safras. "Novas avaliações são necessárias e serão realizadas na safra de 2024, antes de apresentar os resultados e recomendar as melhores variedades aos vitivinicultores da Serra Gaúcha", explicou Giuliano. Durante sua apresentação, apresentou o case da Adega Chesini, que além da Linha Le Ragazze, recentemente lançou o vinho Lorena Ativa, produto que combina três tecnologias da Embrapa Uva e Vinho: a uva branca aromática BRS Lorena, originária do Programa de Melhoramento Genético "Uvas do Brasil";  a utilização da levedura autóctone Saccharomyces cerevisiae 1vvt97, isolada pela equipe de Microbiologia da Unidade, e um protocolo inovador de vinificação, com detalhes precisos de maceração e fermentação, de forma a promover uma extração adicional de compostos da casca e da semente.

Presente na plateia, Eugenio Sartori, gerente do tradicional e internacionalmente reconhecido viveiro Vivai Cooperativi Rauscedo, compartilhou a sua experiência, falando da ampliação da adoção internacional das cultivares híbridas. Ele também destacou a importância de utilizar a denominação de 'resistentes' ao invés de 'híbridas', que possuem uma conotação mais pejorativa no mercado em função do passado.

A produtora Gabriela Campo Longo, da Vinícola Urbana Alma Gêmea, de São Paulo, participou do evento buscando alternativas para complementar a iniciativa de um futuro vinhedo a ser implantado na cidade paulista de Cunha. "Hoje compramos uvas de diferentes terroirs brasileiros e temos certeza que as uvas resistentes são a janela para o futuro da vitivinicultura. Estamos buscando alternativas que racionalizem o uso de agroquímicos", complementou. Ela já possuiu um vinho elaborado com a uva IAC Ribas, desenvolvida pelo Instituto Agronômico  de Campinas."Acreditamos  que o mercado deve ser livre de preconceitos. Por exemplo, a BRS Lorena é o carro-chefe da Vinícola Góes, e é isso que buscamos: um vinho pelas suas características enológicas, sem necessidade de estar dentro de um padrão pré-estabelecido pelo mercado", pontuou.

Na manhã do dia 7, as cultivares BRS Lorena e BRS Bibiana, voltaram a ser destaque na apresentação de Juliano Zottis, da Vinícola Casa Zottis, de Bento Gonçalves, que apresentou a sua experiência de produtor com o cultivo de variedades resistentes e o uso de controle biológico, durante o painel "Tecnologias biológicas para o manejo de doenças da videira".

Durante a feira, também foi realizada a 63ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial de Viticultura, Vinhos e Derivados, que contou com a participação dos pesquisadores José Fernando da Silva Protas e Joelsio Lazzarotto, responsáveis por apresentar os avanços  do Projeto da Implementação ao Cadastro Vitícola Nacional, com base no Sistema de Informações da Área de Vinhos e Bebidas (Sivibe).(https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/85678937/avancos-do-projeto-de-implantacao-do-cadastro-viticola-nacional-sao-apresentados-durante-reuniao-da-camara-setorial-de-viticultura-vinhos-e-derivados-em-bento-goncalves)

A Tecnovitis é promovida pelo  Sindicato Rural da Serra Gaúcha (SRSG) e ocorre a cada dois anos. A próxima edição está prevista para dezembro de 2025. 

Avanços do Projeto de implantação do Cadastro Vitícola Nacional são apresentados durante reunião da Câmara Setorial de Viticultura, Vinhos e Derivados, em Bento Gonçalves

Após dois anos da reunião de apresentação do Projeto da Implementação ao Cadastro Vitícola Nacional, com base no Sistema de Informações da Área de Vinhos e Bebidas (Sivibe), José Fernando da Silva Protas, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, voltou ao Fórum da Câmara Setorial de Viticultura, Vinhos e Derivados do Ministério da Agricultura, realizada no dia 07 de dezembro, durante a Tecnovitis 2023, para apresentar os avanços obtidos com a execução do Projeto.

"Com base nos resultados iniciais deste primeiro ano efetivo de internalização do SIVIBE, reforçam-se as nossas expectativas de que, ao término do nosso trabalho, junto aos principais polos produtores vitícolas nacionais, teremos um detalhado panorama da produção vitícola brasileira, em toda a sua dinâmica, nos diferentes territórios. Será um mapa completo, na dimensão de seus impactos nos aspectos econômico, social e cultural, dos respectivos territórios", pontuou Protas ao apresentar trabalho realizado. Ele destacou que atualmente a única fonte com estatísticas setoriais disponíveis e acessível são as geradas, através de estimativas, pelo IBGE, e que em breve teremos uma base mais robusta e detalhada, com base no SIVIBE.

Em 2023, foram realizados evento em 32 cidades, capacitando 830 pessoas, nos principais polos vitícolas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Espírito Santo. Todas as atividades foram coordenadas e executadas pelos pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho José Fernando da Silva Protas e Joelsio Lazzarotto, com o apoio das Superintendências do MAPA dos estados envolvidos e entidades estaduais vinculadas ao Agro.

Os resultados já podem ser conferidos no Painel de dados do SIVIBE disponível em https://mapa-indicadores.agricultura.gov.br/publico/extensions/SIVIBE/SIVIBE.html

Os avanços foram celebrados por todos os participantes da 63ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial de Viticultura, Vinhos e Derivados, pois a implantação Nacional do Cadastro Vitícola era um sonho antigo. Apenas o Estado do Rio Grande do Sul havia implantado este instrumento da política vitivinícola nacional. Daniel Panizzi, presidente da Uvibra, foi um dos primeiros a se manifestar parabenizando o trabalho realizado. Umberto Cereser, destacou a importância do trabalho para que a partir do conhecimento da realidade do setor possam ser propostas políticas públicas adequadas à realidade da vitivinicultura brasileira.

Confira as realizações de 2023:

- Elaboração e disponibilização "on line" do Manual do Usuário.

- Elaboração e distribuição de folder simplificado com os principais elementos operacionais, durante as Reuniões nos polos vitícolas.

- Produção e disponibilização de vídeos explicativos na página, no site da Embrapa Uva e Vinho, com todas as informações centralizadas.

- Criação de uma rede de apoio de usuários e técnicos no WhastApp para trocas de informações sobre o tema.

- Implantação de Central de Serviços para os usuários do Sivibe com atendente disponível para esclarecer as dúvidas, de segunda a sexta, das 8h às 11h30 e das 13h às 17h30, pelo e-mail: [email protected] ou pelo telefone: 0800 292 1400.

Para entender: Reconhecida pelo trabalho desenvolvido  desde 1995 na coordenação do antigo Cadastro Vitícola do Rio Grande do Sul, a Embrapa Uva e Vinho está apoiando o Ministério da Agricultura e Pecuária e liderando o projeto para  a implementação do Cadastro Vitícola Nacional,  o Sistema de Informações da Área de Vinhos e Bebidas (Sivibe). Neste sistema os viticultores irão se cadastrar e declarar a produção anual das suas respectivas produções de uvas. As declarações agregarão o total da produção colhidas entre o dia 1 de julho de determinado ano e o dia 30 de julho do ano seguinte. O objetivo é orientar e sensibilizar os produtores para a importância das informações prestadas.

Sobre o Sivibe:

O Sistema contempla o registro, por parte dos viticultores relativamente às áreas implantadas, quantidade produzida em cada safra, por variedade e a destinação desta produção. Também permite a comprovação e análise desses dados por parte da fiscalização agropecuária visando o controle da produção vinícola nacional. O sistema vai otimizar o controle e o monitoramento da produção vitícola nacional. O acesso ao Sivibe é no endereço: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/SIVIBE.html.

Com a implantação do Cadastro Vitícola Nacional, o Brasil terá uma base de dados que além de refletir o perfil da realidade da viticultura nacional, possibilitará o estabelecimento de políticas de desenvolvimento setorial focada nas prioridades e demandas da cadeia produtiva. Trata-se, portanto, de um importante passo no sentido da organização competitiva da vitivinicultura brasileira.

*Viviane Zanella/Embrapa Uva e Vinho -  (54) 3455- 8084

 

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