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Feira em Bento Gonçalves apresenta tecnologias e novidades para os setores de viticultura e fruticultura

Sindicato Rural da Serra Gaúcha, que organiza a Tecnovitis, recebeu aproximadamente 10 mil visitantes até sexta (8)


Começou na manhã desta quarta-feira (6) e segue até a sexta (8) a 5ª Feira de Tecnologia para Viticultura e Fruticultura (Tecnovitis), em Bento Gonçalves. O evento, que acontece a cada dois anos no Vale dos Vinhedos, é realizado no Complexo do Hotel Villa Michelon e tem entrada gratuita. A expectativa do Sindicato Rural da Serra Gaúcha (SRSG), que organiza a mostra, é de que cerca de 10 mil visitantes participem da programação nos três dias de atividades.

São mais de 150 expositores que apresentam aos produtores e comunidade em geral as principais tecnologias, novidades e até mesmo tendências para o meio rural. Além disso, 10 agroindústrias familiares de Bento Gonçalves, Carlos Barbosa e Garibaldi têm espaços próprios para a venda de vinhos, queijos e outros produtos.

Conforme o presidente do SRSG, Elson Schneider, a feira é uma representação da cadeia produtiva. Segundo ele, a cada dia que passa é necessário que os produtores se atualizem para ter melhores resultados nos cultivos.

Imaginávamos que demoraria para (chegar a) este momento em que estamos vivenciando (tecnológico). Mas é uma realidade, e o produtor que queira se manter na sociedade, que queira manter junto a sua empresa rural, ele precisa buscar todo esse conhecimento e esse avanço em tecnologia - diz, Schneider.

Schneider acredita que, neste ano, o número de negócios fechados pode crescer em relação ao que foi em 2021, ficando entre R$ 3 milhões a R$ 4 milhões.

- Mas se sabe que tudo isso é um início de diálogo e negociação, e pode se expandir para o ano todo com a comercialização se iniciando aqui na Tecnovitis - explica.

Na primeira manhã de atividades, a Tecnovitis promoveu seminários com o objetivo de capacitar os produtores rurais. Temas como novas formas de cultivos para uma viticultura sustentável, tecnologias biológicas para manejos de doenças da videira, o mercado de carbono, desafios e oportunidades, entre outros, estão em pauta nos três dias do evento. 

Na noite de quinta-feira (7), o destaque da Tecnovitis fica para o Prêmio CNA Brasil Artesanal de vinhos e espumantes, realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Na oportunidade, foi feita a entrega de premiação em diferentes categorias para pequenos e médios produtores do país. Já na sexta, uma audiência pública da Frente Parlamentar da Viticultura Estadual e Federal abordará os desafios da cadeia produtiva da uva perante à concorrência de produtos importados. 

Novidades para os produtores/Confira algumas das novidades e tecnologias presentes na edição de 2023 da Tecnovitis:

Drone Pulverizador - A ADS Drones apresenta para os produtores da Serra gaúcha um equipamento que pode ser muito útil para pulverizar as plantações. A empresa, que é distribuidora oficial da DJI no Brasil, conta com ponto de assistência técnica em Bento Gonçalves e loja física em Guaporé.

Conforme o gerente comercial de unidade da ADS, Matheus Mulinari, este drone pulverizador traz uma maior praticidade e agilidade aos produtores. Enquanto um equipamento convencional faz o trabalho em, no máximo, dois hectares por hora, o drone consegue executar em até 10 hectares no mesmo período.

- Eles têm um grande diferencial que não depende da condição do solo e nem do relevo para fazer a aplicação, além de entregarem uma produtividade muito maior - garante Mulinari.

O drone pulverizador é controlado por um controle remoto por meio de aplicativo. Também pode ser utilizado juntamente com um outro modelo da DJI, que é capaz de fazer o georreferenciamento do solo e mostrar os locais em que deve ser feita a pulverização. 

A bateria do aparelho de pulverização dura cerca de 12 a 15 minutos e pode ser carregada totalmente em até sete minutos. O investimento para adquirir esse equipamento gira entre R$ 90 mil e R$ 200 mil. 

Máquina para colher uva por meio de vibração - Com fábrica em Caxias do Sul, a Fontana Máquinas apresenta na Tecnovitis carregadores de bins de uva, reboques hidráulicos e plataformas. Porém, o que chama bastante a atenção dos visitantes do estande é uma máquina que colhe uva nos parreirais por meio de um sistema de vibração.

Conforme o diretor da empresa, Leomar Fontana, o equipamento foi criado para auxiliar os produtores e funciona por meio de um controle remoto, puxado por um trator - que não é fornecido pela empresa.

- Ela veio para veio para resolver o problema de mão de obra dos produtores. É uma máquina que se adequa aos nossos vinhedos, porque existe um preparo da parreira para a passagem da máquina de colher - diz Fontana.

A máquina é capaz de colher 800 metros de parreirais em uma hora. O investimento para adquirir o equipamento gira entre R$ 150 mil a R$ 200 mil. 

Praticidade para o dia a dia - De Venâncio Aires, a Tramontini Máquinas traz à Serra novidades vindas da Itália. São mais de 12 produtos apresentados na Tecnovitis, principalmente equipamentos da marca Antônio Carraro. Para este ano, um novo conceito é apresentado pela empresa é uma minicarregadeira, da marca Neomatch, também do país europeu.

Conforme o gerente comercial da empresa, Everton Coutinho, essa máquina pode ser equipada com até 200 implementos. Conta que o mecanismo é muito buscado por paisagistas paulistas, mas também pode ser utilizado pelos produtores rurais, principalmente para o carregamento de bins (caixas) de uva e também para outras funcionalidades.

- Em cerca de 30 segundos, você pode transformar ela numa carregadeira ou numa concha para abrir um buraco, um perfurador de solo ou numa roçadeira. É muito rápido. Já existe nos Estados Unidos e na Europa esse conceito. Está vindo para o Brasil agora, que é das multifuncionais - acrescenta.

A Desfolhadora Tramontini Olmi é a mais nova aliada no processo de poda verde e a parceira ideal para retirada das folhas em excesso nos parreirais 

Segundo Coutinho, a praticidade da minicarregadeira é o ponto fundamental da máquina e. atualmente, o custo de investimento inicial é de R$ 280 mil e pode aumento conforme a escolha pelos implementos. 

Equipamento antigranizo e antigeada - A Try, empresa de Curitiba, trouxe dois equipamentos que podem auxiliar os produtores rurais a evitar os impactos ocasionados pelas condições climáticas. São máquinas antigranizo e antigeada, que são produzidos pela empresa Spag, da Espanha. A Try é a distribuidora oficial da marca espanhola no Brasil.

No caso do aparelho antigranizo, ele lança ondas sônicas até às nuvens, em uma distância de cerca de 15 mil metros de altitude, e deteriora as pedras de gelo, fazendo com que a chuva caia de forma normal. Já no modelo antigeada trabalha por meio de inversão térmica e quebra a diferença de temperatura no ambiente.

Conforme a proprietária da Try, Sirley Teixeira, esses produtos ajudam a evitar perdas em produções futuras de vinícolas e parreirais, por exemplo, uma vez que protegem uma área de até 80 hectares. A empreendedora garante que o produtos é totalmente regulamentado pelos órgãos responsáveis.

- Não prejudica aviões, não lança nada sólido no ar, é apenas uma combustão. Ela (máquina) é totalmente ecológica - garante Sirley.

Além de área agrícolas, as máquinas também estão sendo usadas no setor automotivo. Hoje, o investimento para ter esse produto pode girar entre 54 mil euros (R$ 285,62 mil) e 76 mil euros (R$ 401,98 mil) - ambos pela cotação do dia 6 de dezembro. 

Mudas de videiras com melhor qualidade - Em 2023 a Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) fez um acordo de cooperação técnica com a Embrapa Uva e Vinho para iniciar um programa com foco no setor de mudas de videira. O projeto vai implementar e desenvolver um programa para oferta de mudas de videira com qualidade superior ao setor vitivinícola. 

Linha de tratores com alta tecnologia também foram apresentadas aos viticultores durante a 5a edição da Tecnovitis 2023

Ao todo, 11 viveiristas dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catariana, licenciados pela Embrapa para comercialização da genética BRS de videira, associaram-se à Apassul para constituir um grupo de viveiristas que tem como objetivo manter um padrão distinto do padrão de mudas comercializado.

Conforme Elisangela Sordi (3a à direita na foto), desenvolvedora de mercado de mudas da associação, o objetivo é entregar os produtos em uma melhor qualidade. Além disso, por meio do projeto, os produtores rurais também conseguem saber a origem das mudas.

- Vamos fazer todo um processo de acompanhamento da produção. Temos 20 pontos que analisamos na muda de todos os associados, e vamos verificar se eles atendem aos padrões morfológicos da muda. E vamos fazer inspeções para saber se tem problemas com fungos e de insetos.

Após esse processo, a muda é encaminhada para um laboratório, para que os produtores recebam um broto de qualidade. O viveirista licenciado pela Embrapa e associados Apassul poderão ter parte da produção integrando o programa de qualidade superior, passando por avaliação da qualidade em vistoria técnica. *Marcos Cardoso/GaúchaZH/Pioneiro

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