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Município paranaense recebe investimento para fortalecer a cultura da uva

Até agora 35 municípios paranaenses já aderiram ao Susaf de forma individual, outros 31 por meio do Consórcio Cid Centro


O Governo do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), entregou nesta terça-feira (18) mudas e equipamentos para implantação de pomares de uvas em Irati, Mallet e Imbituva, no valor de R$ 680,5 mil. O benefício faz parte do Programa de Revitalização da Vitivinicultura no Paraná (Revitis).

"O Governo é parceiro para oportunizar o crescimento da vitivinicultura também nesta região, é um esforço, um empurrão para que se tenha mais área, mais produtores, mais produtividade para vender onde tiver cliente", afirmou o secretário Norberto Ortigara em evento no Parque de Exposições de Irati. "Esse é um movimento importante que queremos ver crescer, e já temos bons resultados práticos de produtores que ampliaram a produção, que melhoraram a qualidade, que aumentaram a venda".

Ortigara destacou que o Paraná tem crescido bastante na produção de alimentos e continua avançando em setores como avicultura, suinocultura e piscicultura. "Estamos convertendo soja e milho em produtos com valor agregado", acentuou. O secretário citou os queijos estaduais que têm sido premiados nacional e internacionalmente. "São produtos que saem daqui e vão fazer sucesso lá fora".

Ele ressaltou ainda o protagonismo estadual na produção de madeira, fécula de mandioca, erva-mate e etanol, além das frutas, como as uvas. "Em fruta nós somos bons, temos boa diversificação, mas podíamos ser melhores", ponderou Ortigara. "Por isso decidimos realizar esse esforço de reorganizar o setor de viticultura, seja para doces, geleias, sucos, vinho coloniais ou de mesa, e queremos ver mais gente envolvida nesse processo", disse.

O prefeito de Irati, Jorge Derbli, salientou que o município está trabalhando para ter uma agroindústria forte, o que deve acontecer assim que estiver formalizada a criação da Cooperativa Agrícola Mista de Irati (Coami). "Se houver a indústria para comprar a produção tudo vai dar certo", afirmou. O município é produtor de pêssego, ameixa, morango, maracujá, guabiroba, além de erva-mate, pinheiros e oliveiras.

SUSAF - O secretário e a gerente de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Mariza Koloda Henning, também se reuniram com prefeitos, vices, secretários de Agricultura e técnicos dos dez municípios que formam o Consórcio de Desenvolvimento Regional (Conder) para repasse de informações sobre o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf).

O Conder pretende aderir ao sistema para indicar agroindústrias a vender produtos de origem animal para todo o Paraná e não apenas nos limites municipais. O consórcio tem o poder de ajudar a reduzir custos, no entanto, para haver a adesão, há necessidade de alteração do estatuto, incluindo a atribuição de inspeção entre as atividades. A decisão dos municípios foi pela rapidez nessa mudança para que os consorciados possam usufruir dos benefícios do sistema.

Até agora 35 municípios paranaenses já aderiram ao Susaf de forma individual, outros 31 por meio do Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Rural e Urbano Sustentável da Região Central do Estado do Paraná (Cid Centro) e 11 pelo Consórcio Público Intermunicipal do Centro Noroeste do Paraná (Cicenop). Há ainda 20 municípios em processo de adesão. Atualmente 51 agroindústrias estão indicadas para o selo Susaf.

Segundo Mariza Koloda, a excelência com a qualidade higiênico-sanitária dos produtos deve nortear as ações. Afinal, cerca de 250 mil doenças podem ser transmitidas por alimentos. "Vejam a responsabilidade de quem produz alimentos", alertou a gerente. "Não há população saudável sem um serviço de inspeção estruturado e atuante".

O Susaf foi criado por lei em 2013, mas regulamentado em 2020. O programa é destinado especialmente à agroindústria familiar e às de pequeno porte. A exigência é que elas estejam registradas no Sistema de Inspeção Municipal (SIM). O selo pode ser concedido aos municípios ou consórcios intermunicipais que apresentem como atribuição o serviço de inspeção e que ele seja estruturado, garantindo que o produto é de qualidade.

Os estabelecimentos interessados em obter o selo Susaf/PR devem seguir os programas de autocontrole, como limpeza, desinfecção e higiene, hábitos higiênicos e saúde dos manipuladores. Além disso, são exigidos a manutenção das instalações e equipamentos, controle de potabilidade de água, seleção de matérias-primas, ingredientes e embalagens, controle de pragas e vetores e controle de temperatura. Também devem contratar profissional habilitado para a industrialização e conservação dos produtos.

Os consumidores podem verificar no site da Adapar os municípios cadastrados no Susaf/PR. Por meio dos links, a pessoa interessada será encaminhada aos sites dos municípios, onde estão informações dos estabelecimentos e dos produtos indicados ao Susaf/PR.

Presenças - Participaram dos eventos a chefe do Núcleo Regional de Irati, Adriana Baumel, o gerente regional do IDR-Paraná, Amílcar Afonso Marques, a gerente regional da Adapar, Elizabete Brawn Rodrigues, o chefe do Núcleo Regional de Guarapuava, Arthur Bittencourt Filho, o secretário de Agricultura de Irati, Raimundo Gnatkowski, além de servidores dos órgãos públicos e produtores rurais. *AEN

SENAR-PR auxilia no fortalecimento da viticultura do Paraná - Em 2023, a viticultura paranaense vai receber incentivos para estimular a produção de uvas e seus derivados. O Programa de Revitalização da Viticultura Paranaense (Revitis), criado pelo governo do Estado em 2019, está intensificando as atividades neste ano, retomando os projetos de fomento após a pandemia. O Revitis busca integrar a cadeia produtiva da uva, capacitar produtores e reestruturar a rede estadual de pesquisa para a viticultura, além de promover o turismo relacionado à cultura.

No âmbito do Revitis, o SENAR-PR atua na capacitação de técnicos do Instituto Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), prefeituras e cooperativas. Posteriormente, esses profissionais prestam assistência técnica aos produtores apoiados pelo programa, para que estes aumentem a produção com qualidade. 

Para isso, o SENAR-PR desenvolveu uma capacitação específica para o programa. Os módulos ocorrem de acordo com o ciclo da cultura, com término previsto para maio de 2024, junto com a colheita da uva. Até o momento, foram realizados três módulos: "Panorama e mercado da viticultura", "Cultivares de uva para mesa e para processamento" e "Planejamento e implantação".

"Vamos abordar todos os aspectos técnicos da cultura, como tipo de solo, nutrição, poda e sistemas de condução, manejo, pragas e doenças, entre outros. Também vamos trazer temas de relevância para o produtor atuar no mercado, como gestão ambiental, ESG, certificação, rotulagem e rastreabilidade, além da industrialização e boas práticas de fabricação", afirma Vanessa Reinhart, técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Apoio - Desde 2019, o Revitis apoiou diretamente 382 agricultores familiares, 17% dos viticultores do Estado, e firmou convênios com 28 municípios em 13 núcleos regionais. Este suporte faz parte do primeiro eixo estabelecido pelo programa, de incentivo à produção. O Revitis também envolve a comercialização, desenvolvimento do turismo e apoio à agroindústria. O aporte da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) é de mais de R$ 7 milhões, além de R$ 622 mil pelas prefeituras.

"As parcerias com os municípios são fundamentais para o Revitis ter capilaridade, atingindo os pequenos produtores, que são, em sua maioria, quem trabalha com a viticultura no Paraná. Cada grupo de produtores tem uma característica e o Revitis vai atender conforme as demandas", destaca Ronei Andretta, coordenador do programa.

Recentemente, por exemplo, o município de Rio Negro em parceria com o governo estadual e a Cooperante, cooperativa agrícola da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), adquiriu um caminhão com carroceria isotérmica. Em Santa Tereza do Oeste, no Oeste do Paraná, um viveiro de mudas foi instalado em um centro de pesquisa do IDR-Paraná, para disponibilizar material genético aos produtores.

Desafios e oportunidades - Atualmente, o Paraná ocupa a quinta posição na produção nacional de uvas, com média de 52 mil toneladas. Em 2019, um diagnóstico da viticultura estadual identificou perda de área e volume de produção, devido à competição com o mercado de outras regiões e ao uso indevido de defensivos agrícolas.

"Havia expectativa de aumento da capacidade de processamento da uva em até quatro vezes. Até 2019, praticamente toda a matéria-prima já estava vindo de Estados vizinhos, principalmente Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Identificamos essa oportunidade para o fortalecimento das pequenas propriedades e rotas turísticas do Paraná, e criamos o Revitis", conta Andretta. Com o programa, a expectativa é ampliar a área plantada para mais de 6 mil hectares (hoje são 3,6 mil hectares).

De acordo com a Seab, as indústrias estaduais importam mais de 90% das uvas de mesa que utilizam para fazer sucos e vinhos coloniais e cerca de 84% das uvas para vinhos finos. Por outro lado, a qualidade da uva paranaense já é reconhecida. Os selos de Indicação Geográfica (IG) das uvas finas de mesa de Marialva e dos vinhos de Bituruna garantem o reconhecimento da origem dessas especialidades, o que agrega valor ao produto e impulsiona o turismo.

No aspecto da comercialização, segundo Andretta, a proposta é criar um parâmetro de preços para produtores e agroindústrias, permitindo maior remuneração por produtos de melhor qualidade. Ainda, há a proposta de criação de uma câmara técnica setorial de viticultura, responsável por deliberar sobre as políticas pública da cadeia produtiva, e criação de linhas de crédito. *FAEP

 

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