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Nova ferramenta para colher mirtilos é desenvolvida no Chile

Irrigação localizada auxilia no cultivo do blueberry (mirtilo) no sertão nordestino


No Chile, a Universidade Católica de Temuco (UCT) desenvolveu uma ferramenta inovadora para a colheita manual de mirtilos, que melhora a produtividade e as condições de trabalho dos trabalhadores do setor.

A casa de estudos explicou que a ferramenta, que utilizou tecnologia de impressão 3D em seu protótipo inicial, foi projetada para se adaptar às diversas condições de trabalho no Chile, considerando tanto a antropometria do trabalhador quanto as condições e requisitos ergonômicos, que permitem a eficiência do processo. da colheita de mirtilo.

Com um design otimizado para reduzir a fadiga e o estresse físico, os trabalhadores agora podem colher mirtilos com mais rapidez e menos esforço, detalhou a UCT.

Em testes de campo, em diversos cenários, o dispositivo demonstrou um aumento de 9,7% na produtividade da colheita e um aumento na velocidade de colheita dos trabalhadores em uma média de 50%.

A universidade destacou ainda que a inovação reduziu em 87% as perdas de frutas durante o processo de colheita manual, representando um avanço considerável em direção à eficiência e sustentabilidade na colheita de frutas, impactando a economia local.

Isto graças ao seu desenho preventivo que aborda os processos críticos associados à perda de frutos e permite ao trabalhador colher continuamente com colheita constante.

O dispositivo também tem impacto direto sobre os trabalhadores sazonais. Segundo relatos, graças ao seu design ergonômico, os homens do campo experimentam uma diminuição significativa da fadiga muscular, evitando futuras lesões musculoesqueléticas e dores em áreas como coluna lombar, coluna cervical e articulação escapuloumeral, comuns na colheita tradicional.

"Esta nova ferramenta representa um grande avanço em ergonomia, fatores humanos e design, melhorando a eficiência da colheita manual de mirtilo (...); A partir do projeto foi feito um esforço para priorizar a saúde do trabalhador e a eficiência do sistema produtivo. Graças a esta ferramenta poderemos garantir uma colheita mais rápida e com menos esforço, reduzindo significativamente as perdas de frutos e lesões de trabalho entre os colhedores", afirmou Paula Simian, co-inventora da ferramenta.

O coinventor do dispositivo, Javier Dueñas, destacou que "ao reduzir a carga física e o tempo necessário para a colheita, estamos contribuindo para um ambiente de trabalho mais seguro e produtivo. "Esta conquista é um reflexo claro de como a ciência e a tecnologia podem trabalhar juntas para resolver desafios reais da nossa sociedade, tornando a agricultura mais sustentável e respeitosa com aqueles que cultivam a nossa terra."

 

Características da ferramenta - A UCT especificou que o dispositivo possui sistema de fixação regulável, que se adapta ao corpo do trabalhador, minimizando o esforço físico e reduzindo o risco de lesões na região cervical e lombar.  Inclui um recipiente leve e resistente, que armazena os mirtilos sem danificá-los, preservando o fruto protetor da fruta. Além disso, seu design modular facilita a limpeza, manutenção e adaptação de uso aos diferentes tamanhos e variedades de mirtilo.

É feito de polímeros reciclados, é durável - mesmo nas altas temperaturas da época de colheita - e garante longa vida útil em condições exigentes de campo.

A ferramenta obteve título de Modelo de Utilidade Registrado que garante e salvaguarda sua proteção e comercialização, portanto estará prontamente disponível para comercialização e uso produtivo.

Este desenvolvimento foi possível graças ao projecto da Agência Nacional de Investigação e Desenvolvimento, ANID, intitulado "Concepção, validação e comercialização de uma ferramenta essencial para trabalhadores sazonais durante a colheita manual de mirtilos, melhorando a sua produtividade e condições de trabalho", adjudicado a através de o programa "XI Concurso de Avaliação de Pesquisa Universitária 2021".

*PortalFruticola/*Fotografias Universidade Católica de Temuco. 

Irrigação localizada auxilia no cultivo do Blueberry (mirtilo) no sertão nordestino - Segundo a Embrapa, o mirtilo possui uma demanda hídrica semanal de 50 mm durante o período de desenvolvimento da fruta. No sertão, a evapotranspiração é bem elevada, superior a 6 mm por dia nos meses mais quentes do ano

O sertão nordestino é classificado climaticamente como semiárido, com longos períodos de seca e rios temporários, com exceção do Rio São Francisco. Sem a utilização da tecnologia, o cultivo de frutas de clima temperado e tropical seria inviável nessas condições climáticas. No entanto, através do melhoramento genético e da irrigação localizada, culturas como a uva se estabeleceram com sucesso, e, mais recentemente, a Blueberry, comumente conhecido no Brasil como Mirtilo. A Universidade da Flórida desenvolveu uma variedade resistente ao calor, chamada Biloxi, que vem ganhando espaço no nordeste brasileiro.

Este fruto possui características que o mercado de comidas saudáveis está buscando, como sabor, valor nutritivo, menor quantidade de resíduos e praticidade de consumo. Segundo nutricionistas, o fruto é rico em vitaminas A e C, potássio e magnésio. Ele também possui alta concentração de antocianina, flavonoides e compostos fenólicos, que atuam na prevenção de doenças. Além disso, possui baixo teor de gordura: uma porção de 100g tem apenas 32 kcal.

Segundo a Embrapa, o mirtilo possui uma demanda hídrica semanal de 50 mm durante o período de desenvolvimento da fruta. No sertão, a evapotranspiração é bem elevada, superior a 6 mm por dia nos meses mais quentes do ano, como outubro e novembro. Para atender essa demanda, a irrigação localizada por meio do emissor tipo botão gotejador com tecnologia CNL (antidrenante) fornece água e fertilizantes na zona radicular da planta para o cultivo em sacos, evitando que fique gotejando mesmo após o desligamento do sistema. Para cultivos diretos no solo, os gotejadores integrais (tipo pastilha) também atendem à demanda hídrica, nutricional e de aplicação de biológicos.

A colheita pode durar seis meses, e o arbusto tem vida útil de 12 a 15 anos, então os cuidados com o manejo de irrigação e fertirrigação para manter a planta produtiva nesse período são essenciais. Existem tecnologias que permitem ao produtor manejar o seu cultivo, seja em saco ou direto no solo. A tesiometria e sondas volumétricas em cultivos no solo e o sensor SM 150T para cultivos em sacos, que afere a umidade do solo em %, são exemplos dessas tecnologias, que informam a umidade do solo, indicando se há necessidade ou não de irrigar.

Esta ferramenta, aliada à estação meteorológica, proporciona ao produtor um manejo mais assertivo, ligando a quantidade de água perdida pela evaporação e transpiração em mm/dia com a umidade demonstrada nos equipamentos. Isso possibilita ao produtor ofertar à planta a água necessária conforme sua fase fenológica (floração, frutificação). Importante salientar que esses equipamentos podem estar conectados a unidades de gerenciamento remoto, que fazem o lançamento das informações em tempo real na nuvem, permitindo ao produtor acessar onde e quando quiser. Este nível de assertividade reflete em uma fruta de excelente qualidade para o consumidor e mais rentabilidade para o agricultor. *Maxwell Soares da Silva/Especialista Agronômico da Netafim

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