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Olivicultura poderá ter centro de referência no Estado; Área de 200 ha em Hulha Negra seria destinada para plantio e pesquisa, com participação de Embrapa, universidades e MST

Leia também: Análises físico-químicas identificam qualidade e atributos do azeite; Laboratório da EPAMIG realiza avaliações que identificam as potencialidades da azeitona e do produto final


Área de 200 hectares em Hulha Negra seria destinada para plantio e pesquisa, com participação de Embrapa, universidades e MST - Uma área de cerca de 200 hectares, em Hulha Negra, na Região Sul do Estado, poderá abrigar, em breve, um centro de referência para a olivicultura do Rio Grande do Sul.

A proposta, examinada em conjunto pelo Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) e pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), foi um dos temas abordados durante coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira, 25, em Porto Alegre, sobre a 13ª edição da Abertura Oficial da Colheita da Oliva, marcada para ocorrer no dia 7 de março, em Cachoeira do Sul.

A criação do centro de referência, que incluiria cultivo e pesquisa, deverá ter a participação da Embrapa e de universidades. De acordo com o presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também seria convidado a se somar ao projeto.

"Talvez não para produzir azeite, mas azeitonas", disse Renato Fernandes, acrescentando que "não temos hoje nenhuma azeitona em conserva produzida no Brasil. É um absurdo". 

Polinização forçada - O titular da Seapi, Clair Kuhn, destacou que a área em Hulha Negra, pertencente ao Estado, dispõe de construções para abrigar unidades de pesquisa, "com algumas adequações". Kuhn e Fernandes não apresentaram estimativas de investimento. "É cedo para se falar nisso", afirmou o secretário.

O presidente do Ibraoliva explicou que o foco do setor em pesquisa foi definido durante a 47ª Expointer, em 2024. A ampliação de estudos sobre polinização forçada dos pomares estaria entre as prioridades. O objetivo é aumentar e estabelecer produção constante.

Também presente ao encontro, o coordenador da Câmara Setorial das Oliveiras da Seapi, Paulo Lipp, ressaltou a necessidade do esforço de pesquisa. Lipp lembrou que o início da cultura no Estado, como uma cadeia produtiva organizada, a partir dos anos 2000, empregou "tecnologia cem por cento espanhola, que não serve para o Rio Grande do Sul. Estamos no clima subtropical úmido. A oliveira vem do clima árido". 

Da esquerda para direita, Fernandes, Kuhn e Lipp, em entrevista coletiva na Seapi, em Porto Alegre, na manhã desta terça-feira  - Foto: Pedro Piegas

Larga margem - Nenhum dos três, Kuhn, Fernandes e Lipp, adiantou o volume da produção de azeite em 2025. Os entrevistados ofereceram parâmetros que configuram uma larga margem para o que poderia ser envasado, superando os 193,5 mil litros de 2024, mas inferior ao recorde de 2023, de 580 mil litros. Fernandes citou que a safra de olivas poderá ser impactada pelo excesso de chuvas em maio e setembro. O gestor ainda salientou que pomares, principalmente da Região Sul, sofrem prejuízos com a deriva do herbicida 2,4D. Os números totais da safra serão divulgados em abril. 

Abertura da colheita - A abertura oficial da colheita da Oliva será sediada na propriedade da Puro Azeite, pomar com 200 hectares plantados com mais de dez variedades de olivas. Além do ato da colheita, em si, o Ibraoliva prepara uma homenagem à força feminina que atua na olivicultura.

A Puro Azeite é de propriedade da família Farina, tradicional marca da indústria moveleira da Serra. Durante 20 anos, o patriarca, José Eugênio Farina, tentou produzir soja no Nordeste sem sucesso.

Os netos, hoje, gerenciam o negócio de azeite de oliva na propriedade. O Puro Azeite, é um dos mais premiados do país e os investimentos da família Farina girou em torno de mais de R$ 20 milhões.

Na propriedade, são produzidos azeites das variedades arbequina, arbosana, coratina, frantoio, galega, koroneiki, manzanilla e picual. *Correio do Povo/Rural/Matéria de Poti Silveira Campos - 25/02/2025.

Análises físico-químicas identificam qualidade e atributos do azeite/Laboratório da EPAMIG realiza avaliações que identificam as potencialidades da azeitona e do produto final

O Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Maria da Fé, disponibiliza aos empreendedores da olivicultura serviços em todas as fases da cadeia produtiva.

Para identificar os atributos da azeitona e do azeite, a unidade conta com um laboratório de análises físico-químicas que ganhou novos equipamentos, com recursos do edital PPE 00049/21 da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede)/ Fapemig. O mesmo que possibilitou a modernização da agroindústria da Unidade.  

As análises de qualidade do azeite baseiam-se em parâmetros físico-químicos e sensoriais. Atualmente, o laboratório da EPAMIG realiza análises físico-químicas para determinações de acidez livre, índice de peróxidos e extinção específica no ultravioleta. As avaliações permitem a pesquisadores e produtores conhecerem mais sobre a qualidade do produto.

"São parâmetros importantes para determinar tanto a qualidade, quanto a classificação do azeite como extravirgem, virgem ou lampante (impróprio para o consumo, mas que pode chegar ao mercado como azeite de oliva, após o refino e a mistura com azeite virgem", explica a pesquisadora de pós-doutorado da EPAMIG, Amanda Souza.

Acreditação e painel sensorial - A equipe do laboratório de análises físico-químicas da EPAMIG busca a acreditação junto ao Inmetro e também o credenciamento junto à Rede de Laboratórios do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para emitir laudos oficiais sobre a classificação do produto. Atualmente, os resultados são usados para nortear produtores e pesquisadores.

Outro projeto, já aprovado, prevê a implantação de um painel sensorial na EPAMIG. Apesar de não ser obrigatória, a análise sensorial consta na legislação para determinar a qualidade do azeite. Atualmente, apenas dois laboratórios no país realizam o serviço, o da Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro, e o de Defesa Agropecuária do Mapa, no Rio Grande do Sul.

Amanda Souza, que atua nas análises químicas, explica que a avaliação sensorial serve para detectar defeitos não percebidos em laboratório. "É baseada na identificação de atributos positivos (intensidade de frutado, amargor e picância) e negativos (ranço, fermentado, mofo, entre outros)".

As informações físico-químicas e sensoriais têm impactos diretos para o produtor, na definição do valor comercial do azeite, e para o consumidor, que terá mais informações sobre o que está comprando. "A acidez por si só, não assegura a qualidade do produto, há outros parâmetros que devem ser observados", alerta.

Laboratório da EPAMIG realiza avaliações que identificam as potencialidades da azeitona e do azeite - Fotos: Erasmo Pereira

Uso de smartphones - Amanda Souza iniciou os estudos com azeites, durante o doutorado, cursado na Universidade Federal de Lavras (UFLA). O trabalho realizado no Laboratório de Pesquisa em Química e Análise de Alimentos (Laquili), sob orientação do professor Cleiton Nunes, usa smartphones para determinar a qualidade do azeite de oliva.

"A proposta foi substituir a técnica oficial por imagens digitais, para determinar índices de peróxidos e acidez livre aplicando a Colorimetria por Imagem Digital", explica. A leitura digital é mais barata, já que requer um smartphone ao invés de equipamentos de laboratório, mais precisa, por substituir a avaliação visual, por leitura de máquina e mais sustentável, pois reduz em até 98% o uso de produtos químicos.  

*Mariana Vilela Penaforte de Assis/Jornalista/Assessoria de Comunicação - (31) 3489-5023/(31) 99714-9013 - www.epamig.br

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