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Pesquisadores chineses avançam no desenvolvimento de uvas vinifera geneticamente editadas para resistência a doenças devastadoras

Pesquisadores chineses desenvolveram uma abordagem de edição genética para criar variedades de videira mais resistentes a doenças devastadoras como a Botrytis


A Botrytis cinerea, conhecida como mofo cinzento, é uma das principais ameaças à videira em todo o mundo, causando perdas significativas nas colheitas e diminuição da qualidade, tanto durante o crescimento como após a colheita. À medida que as alterações climáticas agravam estes desafios, a necessidade de cultivares de uva resistentes a doenças nunca foi tão urgente. Compreender as interações genéticas entre o patógeno e a videira é crucial para o desenvolvimento de culturas que possam resistir a tais ataques. Com base nestes desafios, são necessárias mais pesquisas para explorar intervenções genéticas avançadas que possam melhorar a imunidade da videira a esta ameaça persistente.

Em um novo estudo (DOI: 10.1093/hr/uhae182) publicado na Horticulture Research, pesquisadores da Nanjing Forestry University e da Northwest AEF University fizeram progressos significativos no uso da tecnologia CRISPR/Cas9 para aumentar a resistência das plantas. Este estudo pioneiro oferece um mergulho profundo nos mecanismos por trás da resposta imunológica da videira e identifica genes cruciais que poderiam ajudar a gerar variedades de uvas mais resistentes. Através da edição genética precisa, os investigadores pretendem produzir vinhas não-OGM que estejam mais bem equipadas para combater o mofo cinzento, um grande desafio na produção global de uvas.

Esta investigação fornece uma visão detalhada de como a Botrytis cinerea infecta as videiras, destacando a sua transição de uma fase biotrófica (onde o agente patogénico depende de tecido vivo) para uma fase necrotrófica (onde mata o tecido que infecta). Um aspecto fundamental do estudo é a identificação dos genes-chave que regem a resistência ou suscetibilidade da videira ao patógeno. Estas descobertas abrem novos caminhos para o desenvolvimento de variedades de uvas que possam resistir naturalmente à doença sem depender de tratamentos químicos. O uso da tecnologia CRISPR/Cas9 no estudo permite alterações precisas desses genes relacionados à resistência, criando vinhas editadas por genes que melhoram a capacidade da planta de combater o mofo cinzento. Este método, que evita abordagens tradicionais de OGM, apresenta uma forma mais sustentável de melhorar as colheitas sem as preocupações ambientais e éticas que muitas vezes acompanham os OGM. Os resultados desta investigação poderão revolucionar o cultivo da uva e, de forma mais geral, as práticas agrícolas destinadas a combater as doenças das plantas.

Ben Fan, principal autor do estudo, destaca a importância das descobertas, dizendo: "Nossa pesquisa faz um marco importante no uso de CRISPR/Cas9 para melhoria de culturas. Ao identificar as raízes genéticas da resistência a doenças, podemos desenvolver vinhas que possam resistir melhor ao bolor cinzento, o que poderá transformar a forma como gerimos as vinhas e garantir rendimentos mais elevados com menos intervenções químicas."

As possíveis aplicações desta pesquisa são amplas. Ao desenvolver vinhas resistentes ao mofo cinzento, o estudo poderá reduzir a dependência de fungicidas químicos, prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana. Além disso, este avanço poderá reduzir as perdas pós-colheita, melhorar o rendimento das colheitas e apoiar os esforços globais de segurança alimentar. Para além da indústria do vinho, estas inovações genéticas têm implicações mais amplas para as práticas agrícolas, oferecendo um modelo para o desenvolvimento de culturas mais resilientes à medida que as alterações climáticas desafiam a produção alimentar global. Este trabalho representa um passo significativo em direcção a uma agricultura sustentável, onde as plantas resistentes a doenças podem prosperar face às mudanças nas pressões ambientais. *AgroAvances/AgroBiotecnologia - Fonte: ChileBio

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