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Programa de inclusão digital da Embrapa vai atuar com produtores de pequenas frutas e maçã no RS

A automação da colheita é um esforço de longo prazo, por necessitar não só de novas máquinas, capazes de colher frutos sem lesioná-los, mas também de mudanças no sistema de manejo


Vacaria coloca o Rio Grande do Sul entre os estados a receber iniciativas de inclusão digital do Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (CCD-AD/Semear Digital), coordenado pela Embrapa Agricultura Digital (Campinas/SP) com financiamento da Fapesp. O primeiro encontro das equipes do programa com lideranças locais foi realizado no final de fevereiro na Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado da Embrapa, localizada no município.

O Semear Digital pode alcançar até 14 mil pequenas e médias propriedades rurais de dez municípios distribuídos pelas cinco regiões do País. Com cerca de 64 mil habitantes, Vacaria é a maior produtora de maçãs do País e conta com  mais de mil estabelecimentos dedicados a atividades agropecuárias, com destaque para a Fruticultura. A internet a cabo alcança até regiões mais distantes como o assentamento Nova Estrela, localizado a quase 80 km da cidade.

No entanto, as coberturas 3 e 4 G estão restritas à região em que está instalada a agroindústria local,  altamente tecnificada, com produção rastreada e preparada para abastecer o mercado nacional o ano todo, com auxílio de  moderno sistema de refrigeração dos frutos,  explica a coordenadora de parcerias do Semear Digital, Luciana Romani, da Embrapa Agricultura Digital.

"O grande empreendimento tem e faz uso de recursos digitais. O pequeno não tem quase nada de agricultura digital e é lá onde o projeto vai fazer a diferença", diz a coordenadora. Entre as primeiras demandas da agricultura familiar estão as capacitações, em especial aquelas voltadas à gestão da propriedade. (Foto da amora - Francisco Lima/Embrapa Clima Temperado)

Pequenas Frutas - "A agricultura familiar em Vacaria assenta-se em atividades rentáveis, como é o caso daqueles que atuam no cultivo e comercialização de frutas vermelhas, como amora, mirtilo e framboesa", aponta o socioeconomista Celso Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA) de São Paulo.

A manutenção da qualidade dos frutos no pós-colheita está entre as dificuldades centrais do segmento que, somada à deficiente logística de transporte, ocasiona perdas significativas na qualidade dos produtos comercializados, relata o especialista da instituição parceira do Semear Digital a partir de avaliação inicial.

Vegro destaca que os pomares são exigentes em trabalho manual, sendo usuais esquemas de mutirão, que permitem gerenciar a demanda de trabalho entre as propriedades e cultivos de forma a manter rentável as explorações, indica. A redução da penosidade no trabalho e do êxodo rural entra, portanto, na lista das necessidades do setor produtivo.

O socioeconomista acredita que a implantação de agroflorestas pode dar suporte ao aproveitamento econômico de reservas florestais existentes nas propriedades. E, ainda, que tecnologias de manejo de pastagens e de oferta de forragens durante o inverno possam viabilizar a melhoria do bem-estar das famílias que mantêm criação de animais.

Fruticultura de precisão - Para o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves/RS), Luciano Gebler, destacado como ponto focal do DAT Vacaria, o trabalho voltado à redução de desigualdades na adoção de tecnologias digitais junto a pequenos e médios produtores de pequenas frutas implica no desenvolvimento de tecnologias para o crescimento da Fruticultura de precisão e da agricultura digital. 

"Temos resultados nessa direção com o sistema de mapeamento de produtividade na colheita e em pomares em pré-colheita; o desenvolvimento de instrumentação no controle de pragas e doenças; a comunicação e transmissão de dados na propriedade e para fora dela e a robótica na produção de frutas", diz Gebler. Para o meio urbano, o pesquisador  sinaliza com a criação de um polo de inovação tecnológica, visando fortalecer o ecossistema regional.

O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Thiago Teixeira Santos  avalia que o setor de Fruticultura tem apontado duas grandes necessidades: mapeamento de produtividade e automação de atividades intensivas como a colheita. "A automação da colheita é um esforço de longo prazo, por necessitar não só de novas máquinas, capazes de colher frutos sem lesioná-los, mas também de mudanças no sistema de manejo que viabilizem o uso de máquinas, como os pomares bidimensionais, em que os frutos ficam dispostos em "varais" verticais e estreitos". 

Andrea de Rossi, Silvio Alves e Edison Bolson integram a equipe da Embrapa Uva e Vinho que atuará no DAT Vacaria ao lado de Gebler.

São parceiros do Centro Semear Digital: a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) também integra o consórcio ao lado do Instituto  Agronômico (IAC/SP), do Instituto de Economia Agrícola (IEA/SP), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), além do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). Para saber mais acesse: Embrapa e parceiros vão desenvolver ações de inclusão digital em dez municípios brasileiros - *Embrapa Agricultura Digital

 

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