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Qual o panorama da produção de morango no Brasil?

A área de produção brasileira de morango é relativamente expressiva, mas extremamente dispersa em pequenas propriedades pelo Brasil, com deficiência de dados estatísticos oficiais recentes


Os dados existentes indicam que a área total produtora compreende aproximadamente 4.000 hectares, sendo o maior produtor Minas Gerais, o Estado possuía aproximadamente 1.500 hectares, cultivado na maioria dos municípios do extremo sul do Estado, na região da Serra da Mantiqueira, sendo Pouso Alegre e Estiva os maiores produtores.

São Paulo vem logo atrás, com 800 hectares, sendo a produção concentrada nos municípios de Piedade, Campinas, Jundiaí, Atibaia e municípios próximos, este último representando 60% da área cultivada. Normalmente a cultura é praticada por pequenos produtores rurais que utilizam a mão de obra familiar, sendo a maior parte da produção destinada ao mercado in natura. O terceiro e quarto colocado é o Rio Grande do Sul e Paraná, respectivamente, com área aproximada de 500 ha.

No Paraná a região de Curitiba é a principal produtora, tendo 191 hectares destinados ao plantio, o que corresponde a 38% da produção estadual. Depois dela vem a região de Jacarezinho, no norte pioneiro, com 114 hectares, que totalizam 24% da produção.

Os municípios que mais produzem são São José dos Pinhais, em uma área de 63 hectares, com 14% da produção estadual, seguidos por São José, 60 hectares, Araucária, 40 hectares, Londrina, 23 hectares e São Tomé, 20 hectares.

No Sul - No Rio Grande do Sul, as principais regiões produtoras são as regiões da Serra, dos Campos de Cima da Serra e Vale do Rio Caí, sendo que a cidade de Ipê possui a maior área plantada. Ainda neste Estado, 370 hectares estão concentrados em 20 cidades, com uma área expressiva da atividade produtiva de forma empresarial, enquanto outra parcela é composta de médios e pequenos produtores.

O restante da produção se localiza em outros municípios e estão dispersas por todo o Estado em pequenas áreas de produção, com o intuito de vendas localizadas nas suas respectivas comunidades.

Outros Estados importantes na produção de morango são Santa Catarina e Espírito Santo, sendo cultivado por pequenos produtores rurais que utilizam a mão de obra familiar.

Verão e inverno - A época de produção é dividida em dois tipos de variedades, de produção de verão e de inverno. Os principais Estados produtores de inverno são Minas Gerais, São Paulo e Norte de Paraná. Já no verão, estão à frente Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sul do Paraná.

A produtividade média por estado é mediana, em ton/ha, de 32,7 no RS; 21,3 ton/ha no PR; 25,2 ton/ha em MG; 34 ton/ha no ES e SP. 

Obstáculos - Embora exista a necessidade de aumentar a produtividade, os principais problemas do setor se encontram na debilidade da qualidade dos frutos nos pontos de venda.

Para promover melhorias nos processos de produção é necessário uma compreensão da situação qualitativa dos frutos nos pontos de venda. As características apresentadas como desejáveis pelos atacadistas para que seja mais valorizado no mercado são, principalmente, coloração vermelha, sabor e doçura.

As características indesejáveis são o estado sobre maduro ou passado, frutos imaturos ou verdes, deformações e presença de podridões ou doenças pós-colheita.

Estas ideias corroboram com o comportamento do consumidor, que considera o sabor e o aspecto visual do fruto como os principais motivos pela decisão de consumo. Os grandes defeitos que geraram reclamações são o estado sobre maduro, seguido por danos mecânicos, o aspecto externo com manchas e, por último, morangos imaturos.

Pós-colheita - No caso das embalagens, a maioria dos consumidores prefere cumbucas com filme plástico. Embora a variedade reflita diretamente na qualidade dos frutos, a maioria desconhece as variedades existentes e não possuem a capacidade de reconhece-las visualmente.

Em relação aos tipos de consumidores, metade dos compradores são frequentes e a outra metade eventuais, sendo que estes podem resultar em maior potencial de venda a partir do aumento da qualidade de frutos.

Os dados demonstram que a atividade necessita de melhorias tanto qualitativas como quantitativas, para que possa melhorar os índices e permitir atingir os mercados de forma eficiente profissional.

*Mário Calvino Palombini/Eng° Agr° e proprietário da Vermelho Natural - [email protected]

 

Tem início o plantio do morango no RS - Os produtores de morango iniciaram o plantio da nova safra no Rio Grande do Sul. Conforme informações do engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Ângelo Todeschini, a implantação das primeiras áreas tem-se dado por meio de mudas produzidas em estufas pelos próprios moranguicultores. "É uma técnica que permite antecipar o plantio e a colheita, além de garantir a qualidade da muda e otimizar o custo", afirma Todeschini.

Os bons resultados obtidos na safra passada, tanto em termos econômicos, quanto produtivos, especialmente em ambientes protegidos e nos cultivos em substrato, têm estimulado os produtores a investirem na cultura, sendo grande a procura por mudas importadas, normalmente provindas do Chile e da Argentina.

Conforme levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar, o Rio Grande do Sul possui uma área de 540 hectares cultivados com morangueiro, resultando em uma produção de 18,4 mil toneladas. São, ao todo, 1255 produtores envolvidos na atividade. Para esta safra, segundo Todeschini, a cultura deverá ter um acréscimo de 10% no número de mudas cultivadas. "Na fruticultura, diferentemente dos grãos e olerícolas, a área de cultivo oscila de forma menos intensa de um ano para outro", diz Todeschini.

Produtores investem no sistema de cultivo em substrato - A cada ano, tem aumentado o número de produtores que investem no sistema de cultivo em substrato, conduzido em ambiente protegido. Nessa técnica, as mudas são plantadas em sacolas plásticas cheias de substrato, especialmente formulado para a espécie, dispostas sobre bancadas elevadas a uma altura de 80 centímetros em relação ao solo.

Conforme Todeschini, no plantio em substrato é possível utilizar três vezes mais mudas por área do que no cultivo tradicional, havendo, por consequência, incremento no rendimento. "Em 250 m², podem ser cultivados 3400 mudas. E a produtividade pode chegar a até um quilo por planta, contra cerca de 350 gramas do cultivo realizado no solo", destaca. Além das vantagens produtivas, o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar também ressalta melhorias nas condições de trabalho. "A penosidade do trabalho diminui ao permitir que o produtor trabalhe em pé. E como se reduz em até 80% a aplicação de agroquímicos, o produtor fica menos exposto a esses produtos", explica, destacando também que esse tipo de cultivo oferta uma fruta mais saudável ao consumidor.

No município de Bom Princípio, tradicional produtor de morango no Estado, dos 56 produtores da Associação Bom Morango, praticamente todos já aderiram ao sistema de plantio em substrato, segundo o técnico agrícola do escritório local da Emater/RS-Ascar, Juliano Galina. "O cultivo em substrato permite que se produza nos 12 meses do ano. Com isso, o agricultor consegue colocar seu produto no mercado em períodos de entressafra, aumentando os ganhos", frisa Galina.

Cultivo orgânico - Naquela semana 20 técnicos da Emater/RS-Ascar estiveram reunidos em Bom Princípio para debater o cultivo orgânico do morango em substrato, além de discutir estratégias de divulgação do método junto aos agricultores de todas as regiões do Estado. "Ao contrário do sistema convencional, em que se utiliza adubação química, esse cultivo usa uma solução nutritiva orgânica", explica Galina. "A Emater vai implementar, no mínimo, uma Unidade de Observação em cada uma das 12 regiões administrativas da Instituição", afirmou Todeschini. *Emater/RS-Ascar

  • Produção de morangos leva renda para agricultores familiares - O cultivo do morango fora do solo e em ambiente protegido tem se elevado significativamente nos últimos anos no RS - O cultivo do morango fora do solo (em bancadas) e em ambiente protegido (estufas plásticas) tem se elevado significativamente nos últimos anos no Rio Grande do Sul e, em especial, na região de abrangência do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Soledade. A atividade é uma importante opção de renda para propriedades familiares e minifúndios, pois em uma pequena área, de até menos que um hectare, é possível obter renda capaz de suprir a demanda de uma família.

O extensionista rural agropecuário da Emater/RS-Ascar Vivairo Zago explica que a viabilidade dessa cultura se dá pela boa remuneração ao produto e aceitação deste no mercado, sendo muito utilizado para consumo in natura, em padarias e ainda há a possibilidade da agroindustrialização em produtos como polpas, geleias e licores. "O cultivo dessa espécie frutífera, que normalmente tem ciclo bianual, mas de produção contínua, ou seja, no inverno e no verão, com materiais genéticos apropriados se tornou atrativa para muitas famílias de agricultores familiares", explica.

Ainda segundo Zago, esse sistema de cultivo em ambiente protegido e sobre bancadas, além de diminuir a penosidade do trabalho, pois proporciona facilidade de manejo da cultura, tem efeito de proteção contra a chuva e vento, condição que reduz a incidência de doenças. "Esse fator associado à medidas de manejo das plantas e a possibilidade de uso de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e bioinsumos possibilita colher frutos mais limpos, com menos agroquímicos".

Contudo, Zago ressalta ainda que o sistema de cultivo exige um maior conhecimento do produtor. "Toda a adubação é fornecida via irrigação, por fertiirrigação. Por isso, recomendamos que os agricultores que iniciam um projeto de produção de morango nesse sistema procurem a assistência técnica".

No município de Tunas, o cultivo de morango iniciou no solo. A produção começou com o agricultor Valdomiro Wulff, que realizou o plantio de 200 mudas da fruta enviadas pelo filho, Natalino, que residia em Caxias do Sul. "Repassamos algumas mudas para o meu pai para ver se ia produzir. Com o bom resultado retornamos para Tunas e investimos no cultivo do morango que está dando muito certo", conta Natalino.

Em 2016, o município contava com 13 produtores que juntos cultivaram sete hectares de morango com manejo convencional, no solo, sendo cultivo protegido e irrigado. Neste mesmo ano, duas famílias iniciaram o processo de transição para estufas e, atualmente, o município conta com 14 produtores, com três hectares com a produção da fruta, sendo que em 2,5 hectares desta área o cultivo é realizado em estufas. Anualmente é registrada no município a produção de 200 mil quilos da fruta, que é comercializada in natura, com venda direta em municípios como Soledade, Santa Cruz do Sul e Passo Fundo.

Residente na comunidade de Rincão Comprido, Natalino e a esposa Marina tem na produção de morangos a principal fonte de renda da família. Na propriedade, 0,3 hectares são cultivados com morango. "Resolvemos investir no morango porque é uma atividade boa se trabalhar e com boa rentabilidade", conta o agricultor. Inicialmente a família construiu sete estufas. Em cada estrutura foram cultivadas cerca de 3,2 mil mudas. "Hoje temos 12 estufas e neste ano vamos investir em mais três e na automatização da irrigação. Com isso vamos ter próximo de 40 mil plantas produzindo na propriedade", projeta Natalino. A família cultiva morangos de variedades importadas da Argentina e do Chile e a produção é comercializada em supermercados da região de Sobradinho e Passo Fundo.

O extensionista rural Agropecuário da Emater/RS-Ascar Scharlon Kiraly destaca que em 2020 a Emater/RS-Ascar e sete famílias produtoras de morango no município de Tunas implantaram o sistema de rastreabilidade. Com isso, os morangos produzidos por elas recebem um rótulo no qual constam informações como validade do produto, número do lote e dados do fornecedor. "O número deste rótulo fica registrado no caderno de campo e se necessário pode ser rastreado até a origem, com as informações sobre o processo de produção e plantio, o que dá maior segurança ao consumidor", explica o extensionista.

Além de uma alternativa de produção e renda, o morango também estimula a sucessão rural. O interesse dos jovens por essa produção é observado em diferentes regiões do Estado. Assim como Natalino, que retornou ao meio rural para cultivar a fruta, o agricultor espera que o filho que nasceu em meados de 2020, Sandro Luís, também veja na produção do morango uma oportunidade. "Essa é uma alternativa muito boa de renda para a pequena propriedade. O morango é uma planta boa de trabalhar, com boa rentabilidade, que permite o sustento da família e manter as contas em dia e ainda conseguir investir um pouco a cada ano. Espero que o meu filho continue nessa atividade, pois foi onde comecei minha vida e onde estou conseguindo crescer". *Emater/RS-Ascar

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