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Saiba mais sobre como funciona a produção do maracujá Catarina

O Catarina é adaptado às condições de clima e solo aqui do Estado. Grande, bonito e aromático, a fruta rapidamente se tornou referência no mercado e passou a ter alto valor comercial


O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá e neste cenário Santa Catarina ocupa lugar de destaque: colhemos um dos melhores frutos do país. Para quem não sabe, a fruta pertence à família passifloraceae, que conta com mais de 500 espécies selvagens - mas nem tudo o que brota, rende.

Apenas duas espécies foram domesticadas e ganharam valor no mercado: o maracujá azedo, de casca amarela e roxa; e o maracujá doce, com um formato parecido com o do mamão papaia.

Mas o queridinho entre os consumidores é o maracujá de casca amarela, que tem hoje a maior expressão comercial do país e é cultivado e colhido em nosso Estado. Inclusive foi na estação experimental da Epagri de Urussanga que a variedade foi desenvolvida, transformando-se em uma fruta de respeito, que recebeu o nome de maracujá Catarina.

A variedade Catarina foi registrada no Ministério da Agricultura, em 2015, e é resultado de muita pesquisa participativa, onde os produtores foram fundamentais na observação dos frutos e seleção das sementes.

"- Ao longo desse processo, o produtor, junto com os técnicos da Epagri, agrônomos e o pesquisador responsável, faziam esse processo de seleção das melhores plantas, das plantas que seriam retiradas sementes para fazer o próximo pomar. Então isso é um trabalho contínuo, é um trabalho que a gente chama de seleção massal, uma seleção recorrente, em que todo ano a gente vai escolhendo as melhores plantas, as melhores frutas, que têm alto padrão, que estão de acordo com o cultivar e que vão doar sementes para a próxima geração" - explica Henrique Petry, pesquisador da Epagri.

O Catarina é adaptado às condições de clima e solo aqui do Estado. Grande, bonito e aromático, a fruta rapidamente se tornou referência no mercado e passou a ter alto valor comercial. Outras duas variedades devem ser lançadas pela Epagri nos próximos dois, três anos, um impulso para diversificar a produção e agregar ainda mais valor ao maracujá de Santa Catarina.

Há alguns anos, Santa Catarina começou a conviver com uma doença que causa o endurecimento do fruto e faz com que o maracujá fique praticamente sem polpa, um vírus capaz de dizimar pomares, como foi o caso de Araquari, em 2008 - cidade que era conhecida como a Capital Estadual do maracujá e acabou reduzindo a quase zero o número de produtores.

O vírus que causa o endurecimento dos frutos é disseminado pelo pulgão, um inseto comum nas lavouras do país. Para que os pomares possam enfrentar a doença e manter a qualidade do fruto, a cadeia produtiva do maracujá se organizou e adotou medidas sanitárias que impuseram outro ritmo de trabalho.

As medidas vieram em forma de portaria, chamada de vazio sanitário. A cada safra, os produtores catarinenses de maracujá precisam renovar a lavoura, arrancando toda a plantação e, no replantio, devem usar apenas mudas produzidas em locais protegidos. 

Região Sul: a maior produtora de maracujá do Estado - Você sabia que Santa Catarina é o terceiro maior produtor de maracujá do Brasil? Por aqui a fruta está entre as cinco mais representativas em termos econômicos, gerando bons negócios no campo. Na última safra foram 55 mil toneladas, movimentando mais de R$ 120 milhões.

O maracujá envolve bastante mão de obra e faz parte da rotina em muitas propriedades familiares, crescendo em abundância no Sul do Estado. Não à toa, a cultura se tornou uma das mais importantes da região e gera trabalho e renda principalmente para a agricultura familiar, como é o caso do seu Olírio Viel, produtor do município de Treze de maio, que soube conduzir com profissionalismo um negócio do campo, que toca hoje com a participação dos filhos.

Orgulhoso dos frutos que entrega nas cidades, ele conta que a obrigatoriedade de renovar o pomar a cada ano fez com que ele plantasse mudas mais desenvolvidas e isso tem ajudado na produção.

No município de Jacinto Machado há uma cooperativa que reúne 150 famílias produtoras de maracujá. Delcio Macarini, gerente hortifruti da Cooperja, conta que o maracujá Catarinense é negociado nas principais praças atacadistas do país, uma venda garantida para o produtor.

A estimativa é que 4 mil toneladas de maracujá passem por aqui durante a safra deste ano. Para comercializar, a cooperativa classifica a fruta pelo tamanho, a maior parte segue para venda in natura, mas os que não estão tão bonitos, só por uma questão visual, são destinados à indústria de sucos, um trabalho que agora conta com a participação feminina.

Delcio explica que essa mudança é nova, começou no ano passado. O lugar que antes era dominado pelos homens, agora conta com diversas mulheres auxiliando na classificação durante o recebimento das frutas.

É a cooperação abrindo caminhos e impulsionando novas possibilidades, principalmente para os produtores familiares, que ficam menos vulneráveis, têm uma renda melhor e assistência técnica, o que é fundamental para o cultivo do maracujá. 

Uma fruta com muitos benefícios - O maracujá é uma fruta repleta de benefícios na cozinha e pode ser explorado de diferentes maneiras. É ingrediente de suco, doce, saladas  e serve até como acompanhamento para carnes brancas. O nome do fruto vem da palavra tupi-guarani que quer dizer alimentos servidos na cuia, mas a verdade é que o maracujá pode ser servido e aproveitado de diferentes formas.

A fruta ganhou fama pela ação calmante comprovada e suas propriedades tranquilizantes, presentes principalmente em suas folhas. Princípios ativos, que são sintetizados em cápsulas pela indústria ou liberados na infusão dos chás caseiros, bons para auxiliar no tratamento da ansiedade, da insônia e no estresse do dia a dia.

Mas o que nem todo mundo sabe é que o maracujá traz ainda muitos outros benefícios, como vitamina A, vitamina E e vários minerais. Ele aumenta a nossa imunidade, auxilia na saúde dos ossos por conta do cálcio, fósforo e magnésio, e também é um ótimo aliado no tratamento e na prevenção da anemia, devido a vitamina C.

Além de fazer bem para a saúde, também auxilia nos cuidados com a pele. Hoje em dia há muitos produtos naturais e veganos feitos à base de maracujá, que se destaca também pela concentração do ácido linoleico, aliado da beleza.

Esse ácido, além de contribuir para a regeneração da pele, também combate a ação do tempo e dos radicais livres, proporcionando uma ação antioxidante. O óleo extraído da semente da fruta também é indicado para todos os tipos de pele, tem fácil absorção e não possui o risco de desenvolver cravos.

Uma fruta que carrega consigo tantas qualidades e que se encontra em abundância em Santa Catarina, transformando a vida de muitas pessoas no Estado e no Brasil afora. *NDTV Notícias

 

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