Setor vitivinícola projeta 800 milhões de quilos de uva para safra 2025/26 no Rio Grande do Sul
Por outro lado: Safra de uva 2026 no RS segue sem estimativa devido à instabilidade climática; Emater/RS-Ascar adia previsão da safra para janeiro de 2026
Condições climáticas favoráveis e bom desenvolvimento das videiras fortalecem projeções de crescimento da produção no estado - A próxima safra de uva no Rio Grande do Sul é esperada com otimismo pelo setor vitivinícola, com alta expectativa de sanidade da fruta e boa produtividade para a colheita de 2025/26. De acordo com o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), Luciano Rebellato, espera-se um aumento em torno de 50 milhões de quilos na colheita em relação ao ano anterior.
Conforme Rebellatto, embora ainda sem dados oficiais, estima-se que a safra de 2024/25 tenha resultado em 750 milhões de quilos de uva. Em 2026, a estimativa é que os números sejam mais altos, com previsão de colheita de cerca de 800 milhões de quilos. "Em termos de planejamento, acredito que o setor irá se organizar para elaborar maior quantidade de vinhos, especialmente os mais leves, brancos e jovens, os quais se mostram como uma tendência para os novos consumidores", destaca.
A ocorrência de um inverno rigoroso é a principal razão da previsão positiva, segundo o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa dos Santos. "Tivemos um inverno muito bom, com o somatório do frio dentro da normalidade climática, que gira em torno de 390 horas de frio, quando a temperatura está abaixo ou igual a 7.2ºC. No total, no inverno deste ano, foram registradas 395 horas de frio. A partir disso, as videiras respondem em potencial de brotação, com uniformidade e gemas férteis. A partir desta etapa de brotação, estamos agora vivendo o período de florescimento das cultivares", relata.
Com isso, nesta primavera, época da brotação, as videiras apresentam boa fertilidade e bastantes cachos, explica o pesquisador. A previsão de baixa quantidade de chuva para os meses de dezembro e de janeiro também é um sinal positivo, porque neste período a uva não precisa de grande quantidade de água, mas de tempo seco. Segundo Santos, o que pode vir a prejudicar a fertilidade, reduzindo o número de bagas por cacho, é a grande oscilação térmica entre o dia e a noite, com a atual condição de clima seco, imposto pelo fenômeno La Niña.
Como ainda há alguns meses para o início da colheita, é importante ressaltar que os números podem sofrer alterações. "Dentro do setor, porém, não há maiores temores em relação a fatores que possam influenciar negativamente questões como o preço do quilo de uva, por exemplo, com a expectativa da safra ser completamente absorvida e transformada em produtos: nossos sucos, vinhos e espumantes", salienta Rebellatto.
*Consevitis-RS/Assessoria de Imprensa/Diego Adami/Sublinha! Comunicação/ [email protected] - (54) 98111.6007 - 04/11/2025.
Sobre o Consevitis-RS - O Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) atua no apoio, difusão e financiamento de demandas relacionadas à produção de uvas, vinhos, sucos de uva e demais produtos derivados no âmbito agrícola, produtivo, técnico, promocional, cultural, ambiental, jurídico e institucional. O instituto também está envolvido em programas de ensino, pesquisa, extensão e inovação, visando ao constante desenvolvimento e aprimoramento do setor vitivinícola.
Safra de uva 2026 no Rio Grande do Sul segue sem estimativa devido à instabilidade climática - Emater/RS-Ascar adia previsão da safra para janeiro de 2026 - A safra de uva 2026 ainda não tem estimativa definida no Rio Grande do Sul. De acordo com a Emater/RS-Ascar, as condições climáticas instáveis registradas na primavera estão dificultando a projeção de produtividade e volume de colheita. A instituição informou que os dados oficiais sobre a safra devem ser divulgados apenas em meados de janeiro.
Segundo a Emater, embora o inverno de 2025 tenha sido considerado favorável ao desenvolvimento das videiras, a variabilidade do clima nas últimas semanas tem imposto desafios importantes para os produtores.
Clima tem influenciado o comportamento dos vinhedos - O extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Thompsson Didoné, destacou que, apesar da excelente colheita registrada em 2025 - tanto em quantidade quanto em qualidade -, os vinhedos vêm enfrentando situações adversas há vários anos.
"Nos últimos cinco anos, as plantas foram submetidas a estresse por estiagens severas, e em 2024, por excessos de chuvas e encharcamento do solo, o que afetou o sistema radicular e reduziu a oxigenação", explicou Didoné.
Ainda assim, o técnico observa que o inverno de 2025 trouxe condições promissoras, especialmente pela alta soma de horas de frio abaixo de 7,2°C, fator determinante para uma brotação uniforme e vigorosa.
Em Vacaria, foram registradas 770 horas de frio (Agroconnet/Epagri-Ciram); Em Caxias do Sul, 654 horas (Agroconnet/Epagri-Ciram); E em Veranópolis, 399 horas (Cefruti).
Didoné ressaltou que, além da boa quantidade de frio, não ocorreram picos de temperatura elevada durante junho e julho, nem geadas tardias entre agosto e setembro, o que reforça as condições ideais observadas no período de dormência das videiras.
Primavera apresenta desafios e preocupa produtores - Apesar do cenário positivo no inverno, a primavera de 2025 vem trazendo novas preocupações. O engenheiro agrônomo e especialista em viticultura Ênio Ângelo Todeschini explicou que o clima tem se mostrado adverso para o desenvolvimento das videiras.
"Registramos temperaturas noturnas e matinais abaixo da média em setembro e outubro, o que retardou o desenvolvimento vegetal. Além disso, houve excesso de dias nublados, limitando a fotossíntese das plantas, e ventos intensos na segunda quinzena de outubro, causando estresse nos parreirais", relatou Todeschini.
O especialista ainda alertou para a ocorrência de 'desavinho', distúrbio fisiológico que transforma parte dos cachos em gavinhas, reduzindo o número de bagas por cacho. "Em muitos casos, os cachos ficaram invertidos, virados para cima, o que é típico dessa perturbação e pode impactar diretamente a produção", explicou.
Expectativas seguem cautelosas para 2026 - Diante das oscilações climáticas e da incerteza sobre o comportamento das videiras nos próximos meses, os técnicos da Emater/RS-Ascar mantêm uma postura cautelosa quanto à previsão da safra 2026. O levantamento oficial sobre produção e produtividade será divulgado apenas após a consolidação das condições de frutificação, prevista para o início do próximo ano. *EMATER-RS/ASCAR - 05/11/2025.
Acervo digital
Artigos Técnicos
Anunciantes
Eventos
Notícias do Pomar
Tecnologia
Vídeos