Supersafra de caqui em SC coloca frutos de qualidade no mercado
Leia também: Crescimento de exportações, caqui paulista conquista mercados globais
A colheita do caqui em Santa Catarina se encerra no início de junho com uma safra marcada pela alta qualidade dos frutos. Embora a cultura ocupe espaço modesto frente a outras frutíferas no estado, ela carrega tradição e vem se mostrando uma boa oportunidade para pequenos produtores.
Atualmente, Santa Catarina conta com 141 produtores de caqui distribuídos em 139 hectares, principalmente no Vale do Rio do Peixe. A produtividade média é de 14,5 mil quilos por hectare, com destaque para a variedade Fuyu.
A produtividade média do caqui em Santa Catarina é de 14,5 mil quilos por hectare, com destaque para a variedade Fuyu
O caqui Fuyu tem agradado tanto agricultores quanto consumidores. Segundo Alceu Assis, coordenador estadual do Programa de Fruticultura da Epagri, essa variedade alia alta produtividade à resistência a doenças, como a antracnose, que no passado chegou a dizimar pomares da variedade Kyoto, também conhecida como Chocolate.
"Os frutos são grandes, doces, normalmente sem sementes e com excelente aceitação no mercado", explica Assis. Apesar da excelente produção, o excesso de oferta em Santa Catarina e em estados vizinhos, como o Rio Grande do Sul, causou saturação do mercado. O resultado: dificuldade na comercialização e queda significativa nos preços pagos aos produtores.
Grande oferta da fruta - Jeferson Argenton é um veterano na cultura do caqui. Trabalha com a fruta desde 1998, na Linha Brasília, em Fraiburgo. Em seu pomar de dois hectares de Fuyu ele comenta o cenário atual. "A safra desse ano não é histórica apenas pela quantidade de fruta, mas também pela qualidade." Jeferson conta que o mercado está bastante exigente, procurando qualidade e calibre. Em sua propriedade ele agrega valor à fruta: classifica, faz o polimento, ensaca e coloca no sachê.
Santa Catarina conta com 141 produtores de caqui distribuídos em 139 hectares
O produtor não se assusta com os preços baixos, pois entende que o mercado é sazonal. "No ano passado já foi diferente. A produção foi pouca por conta das chuvas e granizo, os preços estavam muito melhores e foi mais fácil de colocar a fruta no mercado", explica. A situação reflete a "lei da oferta e procura". Com a alta oferta e a saturação do mercado, o preço pago ao produtor deixa a desejar.
Armazenamento como estratégia - O extensionista da Epagri Jânio Seccon é coordenador regional do Programa de Fruticultura no Planalto Norte e cita uma estratégia para driblar os preços baixos durante a safra. "Uma alternativa seria a armazenagem das frutas em câmara fria. Com essa armazenagem, nós conseguimos levar essa cultura pelo menos dois meses além da colheita", explica Jânio. Essa prática poderia estender o período de comercialização. "O objetivo é vender o caqui quando os preços estiverem mais altos.", diz.
O agricultor Sérgio Ochocki, de Itaiópolis, tem um pomar de sete hectares. As primeiras mudas foram adquiridas com apoio do SC Rural, programa executado pela Epagri de 2010 a 2017. Com as árvores carregadas, ele relata que a produção desse ano realmente foi espetacular, mas o preço para ele também está abaixo do esperado. Sérgio ainda cita outro desafio: o preço da mão-de-obra no momento da colheita.
A safra de 2025 se destacou não apenas pela quantidade de fruta como também pela qualidade
"Quem está me ajudando esse ano são meus filhos, porque está muito difícil encontrar gente para ajudar na colheita. Dos tratos culturais eu dou conta sozinho, mas preciso de ajuda na colheita." Apesar dos desafios, Sérgio está confiante: "vamos ver como vai ser no ano que vem, quem sabe a gente consegue uma câmara fria".
De modo geral, mesmo com os preços baixos, as famílias agricultoras não ficarão no prejuízo. Segundo o fruticultor Jeferson Argenton, o caqui traz uma boa rentabilidade por área, mesmo em anos como esse, de preços ruins. E para quem aprecia uma fruta fresca, saborosa e nutritiva, o caqui é uma boa pedida para essa época.
Para dar início a um pomar de caqui, os técnicos da Epagri sugerem buscar mudas em um viveiro registrado junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária e entrar em contato com o escritório da Epagri do seu município.
Mais informações e entrevistas: Alceu Assis, coordenador estadual do Programa de Fruticultura da Epagri, fone: (49) 3533-5630
*Informações para a imprensa: Isabela Schwengber, assessora de Comunicação da Epagri, fones (48) 3665-5407/99161-6596 -
Confira a reportagem sobre a safra de caqui no Planalto Norte de Santa Catarina exibido no Programa SC Agricultura. Veja vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=qZAB881zPEU&t=4s.
Crescimento de exportações, caqui paulista conquista mercados globais - Um dos motivos que explica o aumento da receita está relacionado diretamente à disparada do dólar frente ao real - Responsável por metade da produção nacional de caqui, o estado de São Paulo também é referência nas exportações. De acordo com os dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA - Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), em 2024, foram produzidas mais de 71,5 mil toneladas. Já no cenário internacional, o envio da fruta ao comércio exterior teve um crescimento financeiro de 31,3% em relação ao ano anterior, passando de US$613 mil em 2023 para US$805 mil. Enquanto isso, somente no primeiro trimestre deste ano, o faturamento já contabiliza cerca de US$196 mil.
Um dos motivos que explica o aumento da receita está relacionado diretamente à disparada do dólar frente ao real. Em dezembro do ano passado, a moeda norte-americana bateu recorde histórico, chegando à marca de R$ 6,30. "O produtor rural que exporta a fruta acaba se beneficiando, já que o dólar é utilizado como câmbio na comercialização. A variação da moeda, no período, foi positiva em 27,3% no ano, o que favoreceu a receita das exportações de caqui, uma vez que os aumentos foram, além dos valores, também de 24,6% nas quantidades embarcadas da fruta", ressaltou a pesquisadora do IEA, Marli Mascarenhas.
Os principais destinos de envio do caqui paulista, em 2024, foram para o Canadá (68,7 ton), seguido pelos Países Baixos (64,4 ton) e pelos Estados Unidos (40,4 ton), respectivamente. "Graças ao porto de Roterdã, porta de entrada estratégica do agro brasileiro na Europa, os Países Baixos formam um dos principais destinos para as frutas produzidas no Brasil. Ficamos contentes em saber que o caqui está tendo uma aceitação cada vez maior na Europa, uma vez que não se trata de uma fruta tradicionalmente importada", enalteceu o assessor do Departamento Agrícola da Embaixada dos Países Baixos em Brasília, Ramon Gerrits.
O município de Mogi das Cruzes, localizado no Alto Tietê, é considerado como a "Terra do Caqui", com uma área de 1.484 hectares, em 468 propriedades onde se cultivam as variedades Fuyu, Giombo e Rama Forte, com uma produção estimada em cerca de 50 mil toneladas. Já a cidade de Pilar do Sul, na região de Sorocaba, se destaca na exportação da fruta.
Fundada em 2014, a Cooperativa Agroindustrial APPC comercializa diversos produtos agrícolas, inclusive o caqui Fuyu e o Rama Forte. "Com foco na qualidade, exportamos para diversos mercados internacionais, incluindo Canadá, países da Europa (Suíça, Espanha, Inglaterra, Portugal e Países Baixos) e Nações do Oriente Médio", destacou o diretor-geral de comunicação da APPC, Felipe Reis.
Para o diretor da cooperativa, o aumento da moeda americana proporcionou um rendimento financeiro significativo aos exportadores. "A valorização do dólar contribuiu para o aumento do faturamento nas exportações, o que nos permitiu oferecer uma remuneração mais justa aos produtores. Isso se tornou um importante incentivo para que continuem investindo na produção de frutas com alto padrão de qualidade", frisou Felipe Reis.
*Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA)
Acervo digital
Artigos Técnicos
Anunciantes
Eventos
Notícias do Pomar
Tecnologia
Vídeos